Pesquisar este blog

sábado, 5 de abril de 2008

Na leveza de um fardo pesado


Somente no solo seguro da graça de Cristo somos mais que vencedores e é essa a única estrada a qual nos leva à consciência do nosso ser – indo, ainda que pela contramão de nossas fraquezas, somos cientes de que pela graça eu não preciso ser, já sou, por isso nenhuma condenação há.
Nessa leveza de pensamento, estamos certos de que Jesus não nos daria outro peso que não fosse a nossa cruz diária, somente ela nos basta, somente a nossa cruz diária nos prova que fora do terreno fértil da graça sou apenas alguém sem esperança e atordoado com as possíveis modificações para fora do ser, sem germinar para dentro de mim, essa terra, frutos que iluminem meus caminhos nos túneis escuros do velho homem e é desse velho homem o qual produz em nós pecados que vociferam lá dentro, ainda que com roupas exteriores, por isso digo que fora do terreno fértil da graça pessoas andam atordoadas como um remendo novo em pano velho que se rompe com facilidade, deixando buracos mais profundos e propícios à entrada de novos ventos, deixando amostra nossa nudez interior, porque somente o velho homem teima em ser o que não é, somente ele continua preso às amarras da carne, somente ele tenta produzir em nós um peso o qual não nos pertence carregar e é por ele também que acabamos fazendo aquilo que não queríamos.
Por outro lado, além do peso de nossa cruz diária, cruz essa adquirida no jardim pela ação desobediente do homem, há uma inconsciência ou mesmo uma ação negativa sobre muitos que tentam sem resultado ser santo por fora sem o adubo do solo fértil da graça que germina para dentro de nossas primeiras mudanças quando nos encontramos com Cristo, assim entendo que não há mudança no ser se o Espírito Santo não o visitar, não há transformação de caráter no cristão se, mesmo vestido de nova criatura, o velho homem impera e comanda sua vida, não há cristão genuinamente transformado se, com esforços próprios, acreditar que se é capaz de produzir frutos e ser luz longe do solo seguro da graça de Cristo, não há resultados se essa santidade se produz com esforço e justiça própria, acreditando que mudando por fora e agradando a igreja local esteja ele livre dos olhares do onipresente Deus que ver tudo nos bastidores da vida.
Por isso, o Evangelho de Cristo torna-se um fardo pesado para muitos, pela incompreensão de que na comunidade do carisma somos agentes transformadores e não meros personagens para fins estatísticos de uma comunidade evangélica que incha sem crescer, que se emociona, ver anjos voando, mas não se alimenta da Palavra de Deus diariamente, não examina, nem detém os manipuladores da verdade, se vive alienado pela metamorfose aparente e farisaica, se vive descontente, murmurando pelos efeitos e causas de um “evangelho” próspero em bens e pobre em graça, porque consegue ver o outro apenas como alma e não como gente, pessoa humana que precisa de pão e de remédio para tratar suas feridas exteriores, assim como precisa também de uma mão para arrancá-lo da lama que teima em não largá-lo, pois por não ter ainda uma transformação genuína, nem ter tido um encontro real com Cristo, precisa ser acompanhado mais de perto, ser visitado, precisa ser gente no meio de tanta gente que só se promove sem cuidar do rebanho.

“O meu fardo é leve” disse Cristo, “venham a mim como estais e eu vos aliviarei”

Desse princípio se fundamenta e se explica o que é a graça. Eu, cheio de crises existenciais, cheio de pecados, com o velho homem comandando minha vida vou a Cristo e no solo da Graça dEle sou transformado em novo homem e livre de todos os fardos, livre pra ser – sendo eu mesmo com meus defeitos, porque deles não carrego mais culpas apenas rabiscos por ainda ser carne aqui e agora, errando em pensar que ao me encontrar com Cristo estarei livre da carne, mas nessa terra adubada de misericórdia, a graça divina me transforma e me modifica, me faz ser consciente de que sozinho não posso nada, afinal não é o homem que me fará e me modificará, pois crer nisso é colocar mais um fardo nas costas, não é a auto disciplina dos monges tibetanos que me fará ser santo, não é uma lista de podes e não podes que me fará ser luz, tudo isso pode me levar a agradar a comunidade que me rodeia, mas me deixa mais pesado e cheio de traumas por não vencer a mim mesmo quando estou longe dos olhares alheios ao fim do dia.
Ser santo é possível, não porque através do meu exterior modificado eu me justifique no meio, mas ser santo é possível, mesmo hoje num tempo difícil de manejar; sendo assim, quem transforma o homem é o Espírito Santo e não normas e não os comandos do homem, e por ser tocado e colocado nesse chão seguro da graça divina, não preciso ser pressionado a vestir ou fazer, pois não me visto pra ser, me visto porque já sou, não deixo de mentir pra ser santo, mas não minto por que já sou, não deixo de visitar sites pornográficos, refolhar revistas e conteúdos mundanos pra ser santo, mas não faço porque sou ciente do peso de todas as minhas falhas jogadas sobre os ombros daquele que me redimiu, portanto a Cristo somos gratos, Ele carregou sobre si nossas culpas, mas com desculpas tornamos seu Evangelho pesado e difícil de suportar, quando na verdade ele é mais leve do que a primavera com suas flores nascendo e exalando seu perfume ao vento.
E é por essa leveza que podemos ser – sendo nós mesmos sem máscaras, somente pessoas livres conseguem sentir a leveza do caminho e no caminho da graça lavar os pés da poeira da vida, porque mesmo estando fraco nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, pois a carne em seu velho homem morreu e vive hoje o novo, logo no novo homem não há dúvidas, receios e vozes do passado, apenas uma cruz para suportar até o dia em que aqui viver e nessa cruz reúnem os embustes do caminho estreito que só podem ser vencidos conscientemente dentro do solo da graça, fora dele é uma estrada escura e sem fim, porque ela é projetada em caminhos humanos e cheia de justiça própria. Por isso, continua pesada e difícil de trafegar.
Leveza é poder contemplar a graça no seu solo fértil e seguro numa estrada estreita e possível de caminhar, porque nesse chão a lei é natural e não imposta, então se a sua mão te faz errar, não precisa cortá-la fora, mas lança fora o que faz ela pecar. Na lei é a mão que cortamos, na graça precisamos cortar os efeitos da velha natureza na mão e mesmo aparentemente sendo mais pesada que a lei, a graça é tão leve, pois trata as feridas no interior para se ser – sendo. Na lei há uma necessidade de se achar que no exterior há possibilidades de se justificar, quando a alma ainda anda suja.
Fardo pesado é: acreditar que somos mais santo que os outros por produzir muito, pelo nosso esforço e justiça própria, justificados por fora, sem misericórdia por dentro, sem afeto e compaixão, com nossas disputas pelo poder, entregando o outro para se promover em nosso egoísmo e projetos ambiciosos, com o nosso olhar julgador ao medir a fé do próximo, doando um quilo de feijão sem doar o coração, com nossos ciúmes e taras existenciais, sem lembrar que jamais haverá lugar aqui para super crente e se existir um entre nós, esse é uma farsa projetada pelo meio farisaico - social, porque até Paulo, aquele que carregou as marcas de Cristo foi sincero em falar sobre os perigos os quais a carne trazia sobre si e sobre tudo o que não queria fazer com ela, mas fazia admitindo ser homem forte e fraco e enquanto aqui estivermos assim também seremos, porém ainda há aqueles sedimentados nos seus próprios dogmas, acreditando que só ali ou nele há verdade.
Assim, vamos seguindo leves, caminhando na lama sem se sujar, andando nas ruas de cabeça erguida por sermos luz, luz que nasce dentro e ilumina fora afim de, com a ajuda do Espírito Santo, libertar almas, não para sermos luz apenas, mas para brilhar em nós o nome de Cristo e não o nosso nome, assim sou livre e me sinto leve dentro desse jugo suave, porque ainda que eu caia amanhã, este cair não estava em meus projetos, porque estando no solo da graça sou agradecido pela libertação da minha alma para transitar sem neurais nessa terra, sem precisar de comandos para obedecer, pois obedecer a Deus é o meu comando e deve ser o seu aqui e agora, não para ser alguma coisa, não para ser promovido no meio, não para que seu nome seja a estrela que brilha, mas para que a Estrela do amanhã, Jesus Cristo, esteja em nós para aqui iluminar os becos escuros e arrancar da sarjeta os que gritam por uma oportunidade de ser, por Cristo, transformados, justificados pela graça e livres na leveza de ser Cristão transformado e triste ao ver cristãos sem transformação bancando sozinho suas mudanças por ser, o evangelho, ainda um fardo.
Até à próxima!
André silva