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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Quem é o meu próximo?

Essa foi a indagação feita a Jesus e a todos que o rodeavam, para nós essa indagação sobrepuja tudo o quanto percebemos ao nosso redor e olhamos sem ver o que vemos dentro de nós mesmos, porque fora de nós, apenas medimos ou intercalamos limites para o próximo que nunca foi próximo e geralmente esquecemos o próximo que está perto, mas bem distante, e ficamos sem saber quem é o nosso próximo, simplesmente porque o nosso próximo transformou-se em interrogação, logo vem a pergunta: quem é o meu próximo?
Ao responder essa curiosa pergunta, Cristo mostra diante dos nossos olhos um personagem distante, mas bem próximo nosso, embora distante de nossas expectativas, porque aquele que geralmente faz o bem ao próximo não o vê, mas no intervalo de tempo em que alguém precisa de sua ajuda, o próximo já está dentro de si mesmo, ou seja, só enxergamos o próximo quando o próximo está dentro de nós e não ao lado.
Nessa direção, se observamos o próximo por esta ótica, contemplaremos com júbilo o segundo maior mandamento bíblico: “amar o próximo como a si mesmo”. Eis a razão de Cristo mais tarde dizer, que no fim dos tempos o amor de muitos se esfriaria. (Mateus 24.12) Ora, se o próximo não mora em mim, então não posso amá-lo, posso acariciá-lo, posso falar com ele todo dia, mas não sinto com ele suas dores, ele apenas é um alguém que vejo sem ver, porque se esse for o meu próximo, com certeza eu carregarei suas dores comigo. Cristo foi o maior exemplo disso, Ele morreu por nós, por que nós estávamos dentro dEle, então, quem é o nosso próximo? Olhe dentro de você e responda a pergunta.
Não quero com essa afirmação, propagar o assistencialismo já fadado em si mesmo, que prolifera mundo a fora com ofertas grandiosas de pão e dinheiro, até porque o assistencialismo também não enxerga e não sabe quem é o seu próximo, por também não sentir as suas dores, tem muita gente enganada com suas doações, pois doam alimento, mas não doam o coração. É necessário fazer como o bom samaritano, (Lucas 10.33) além de doar uma boa hospedagem ao ferido, ele mesmo tratou de suas feridas, por isso já está provado: os médicos que chegam mais próximos do paciente têm maiores resultados, os pais que assistem mais de perto seus filhos ganham mais respeito e confiança, porque não é apenas um brinquedo, nem uma receita, mas um olhar, um toque, uma fala, um gesto.

Quem é o meu próximo? Descobriremos isso na oração do Pai nosso, mas às vezes nos passa despercebido tanta coisa nessa oração, pois ela virou reza costumeira de palavras puramente repetidas e não uma conversa, um desabafo com o Pai, afinal: “que seja feita a tua vontade assim na terra como no céus”, mas qual é a vontade de Deus? Que amemos uns aos outros, que nós venhamos a fazer a vontade dEle aqui e agora, caso contrário, essa vontade não se estabelece nem aqui nem lá no Reino Celeste, então, se eu não enxergo meu próximo, como posso proferir essa oração? Se eu julgo, não vou com a cara, não suporto, então se torna pura hipocrisia fazer da oração modelo, minha oração diária, quando o dono da oração: Jesus Cristo, nos manda amar o nosso próximo, nele, com ele, por ele, pois sem ele, o meu próximo passa ser o meu umbigo, meu centro das atenções, mas o verdadeiro cristão o ama como a si próprio, porque assim pediu o nosso Pai que está nos céus, então amemos, mesmo sem vê-lo.
O que me deixa maravilhado com Jesus é que Ele não tem nenhum rabo preso com sistemas ou ideologias, culturas, crenças e opiniões, ao contrário, Jesus declara que o nosso próximo não é apenas aquele coitadinho a quem mandamos a cesta básica, nem mesmo aquele a quem temos dó, mas o nosso próximo também são as pessoas a quem nos odeiam ou odiamos, logo: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos maltratam, para que sejais filhos do Pai que está nos céus, pois se amardes os que vos amam que galardão tereis? Não fazem assim os publicanos?” (Mt 5.39-48) Com isso Cristo estabelece uma regra básica de sua pedagogia a qual desmantela todo esse sistema social que impera hoje: Se alguém não ama aquele a quem está vendo, como pode amar a Deus a quem não ver? (1ª João 4.20) Para a sociedade, temos que amar aqueles que nos amam e sentenciar à “morte” todos aqueles que atravessam em nosso caminho, para a cultura que rege nossa sociedade, o nosso próximo é aquele a quem nos faz bem, é aquele coitadinho a quem devemos ajudar nas grandes campanhas contra fome para sermos bem vistos na sociedade e aplaudido por todos, mas não se engane! Isso é apenas “assistencialismo”, pra ser amor mesmo, o próximo tem que está dentro de você como uma dor que lateja.
Quem é o seu próximo? Sinta a dor dele e conhecerás, chore com ele e ficarás sabendo, permita-se doar, ame, perdoe, dê a sua outra face e descobrirás o seu próximo e com ele terás um grande galardão aqui e lá no céu junto ao Pai que o espera no reino dEle na glória, nos céus.

Até à próxima!
André Silva

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu: um tu do outro lado


Encontrá-la foi um processo doloroso e lento que se esticava feito açúcar de afenin, muitas vezes eu te encontrava no meu quarto e diante o espelho conversávamos horas, eu a me olhar, a te querer e sentir tua presença, a te questionar quando sairias dessa prisão, quando tocarias na minha face e me daria a certeza da impossível solidão. E éramos um, fundido num nós, ali naquele espaço pequeno e cheio de sonhos, eu um tu do outro lado, a te interrogar muitas vezes onde estarias que nunca chegavas e eu apenas presentia com pedaços de certezas que se construíam, se refaziam e se desmontavam com o tempo.

Mas, nem sempre fora só espera e tristeza, havia momentos banais para substituir tudo aquilo em que eu acreditava e dias de aventuras surgiam e eu me petrificava por dentro com um sorriso largo e aparente. Diante do espelho eu já era outro, aparentemente refeito. Quantas vezes ao sair eu era iludido por um corpo estranho que chegava e tentava se alojar em teu lugar, quantos corpos a me convencer de ficar enamorado, alguns de forma persuasiva deixava claro que a tua presença no meu coração se resultava inútil e não passava de ilusão, como saber, entre tantas jovens ao meu redor, que sua presença seria mais forte, como não confundir a tua essência com as demais, se muitas se parecem uma com as outras? Havia algo diferente em ti e eu bem sabia, algo que causava estranheza, medo, espanto e esperança, mesmo assim acreditei naquilo que dormia em mim e que por ti ardia como um vulcão em atividade próximo a despertar.

Certo dia um beijo estranho me arrebatou os sentidos, te traí e bem sei, traí não porque estavas ausente, mas porque a certeza morria a cada batalha que eu travava comigo mesmo, não era fácil retornar a conversar contigo depois daquele encontro com ela, depois de me alimentar de uma certeza presente, depois de produzirem em mim uma deliciosa náusea de encantamento. Às vezes o beijo seduzia meu corpo, às vezes me deixava mais frio e incrédulo, porque quando amamos só de corpo sempre restará um vazio no após e ao chegar ao meu quarto tu estavas lá naquele cenário solitário e que somente eu compreendia. Sim, retornar para ti, te reencontrar era culposo, como te querer tanto, desejar tanto encontrar contigo, se me deixava embriagar por um corpo novo na esquina da vida?

De repente, deixei o quarto de sonhos, a razão me convidou a pisar no chão e fui, guardei a emoção numa caixinha de surpresas para uma possível surpresa. Surpresa? Só os encontros da vida podem nos dizer isto. É bom saber que encontro não é apenas o olhar de dois, às vezes é a certeza de um só, de que aquilo que não foi torne a ser e era nessa certeza que caminhava durante anos, morto por dentro, com a frieza da indomável razão alimentando meus impulsos juvenis, então só descobri tarde demais que nenhum encontro baseado em corpo perdura ou tem sabor de final feliz, é um engano pensar assim, é engano escolher pelas aparências performáticas de um currículo invejável ou mesmo um corpo escultural, nem dinheiro, posição social compensa um encontro, embora no caminho e na vida se construa tudo isso a base de muito suor e lágrimas.

Ao te buscar pela tarde, encontrei o quarto vazio, tua presença era um vácuo e temi, porque dentro de mim deixei teu espaço ocupado por uma paixão mais forte que eu. A paixão foi tão fulminante que cheguei a crer que tu tinhas saído do espelho para me encontrar, afinal ela vestia um disfarce muito belo, era só uma capa de aparência e dificilmente eu descobriria a verdade se Deus não revelasse, só iria descobrir depois de cair no laço, já tarde demais.

Por outro lado, também imaginei que poderias ter ido embora ou mesmo desistido por toda minha imprudência e ansiedade, quando pela muita ansiedade em acertar acabamos por passar na frente de Deus por não estar sensível a voz do Espírito Santo. Então meu quarto ficou vazio, minha vontade de orar esgotou, perdi as forças, porque a carnalidade traduzida por paixão rouba até mesmo nossa comunhão e tempo com Deus e por muito vezes tua presença era para mim estranha, tu me olhavas e ficavas em silêncio e eu cego em não entender que tudo aquilo o quanto estava vivendo, nada mais era que uma cegueira, eu tinha baixado minhas armas e não tinha percebido, fui presa fácil, bem próximo em cair no laço, mas como o Senhor teve misericórdia da minha vida e ainda iria nos fazer encontrar, me livrou e me fez tomar um dose de glicose para me livrar da embriaguez da paixão, psicotrópicos celestiais para me deixar dopado pelo impacto da traição que me veio como um assalto, seriam necessários sessões radicais de exortação para que a depressão não me tomasse a mente, sim, a minha imprudente ansiedade quase me matou. (Filipenses 4.6)

Seis anos foram necessários para atravessar este deserto, miragens no caminho de um oásis tentando matar minha sede e mais uma reflexão: Quantos oásis, quantos pratos enfeitados e belos, porém podres por dentro, precisamos estar em intimidade com Deus para conseguir discernir o que vem dEle ou não, só no cenário da oração é possível isto, pois o nosso Deus que nem dorme nem cochila ver o amanhã e por amor nos alerta, nos dá despertamento para orar, nos dá visões para entendermos os perigos do caminho, as camuflagens transvestidas de santidade.

Depois das sessões de choque, passado o impacto da traição, vi um foco de luz dentro do espelho e me lembrei de ti, mas ainda não tinha forças para retornar por total, passei a desacreditar na tua existência, fiquei cético, até a voz de Deus tentei rejeitar, embora não conseguisse, a voz do Mestre é tão suave que penetra até corações de pedra, corações quebrados e traídos, vai lá no profundo, quando a voz de Deus chega de forma tranqüila e serena é como um calmante, a vontade é ficar ali escutando Ele falar conosco o dia inteiro, é um bálsamo, um relaxante que vai tonificando os ossos até a medula, não tem como escutar a voz do nosso Jesus e não se tornar sensível por mais duro e obstinado que venhamos a estar, ainda longe de seus caminhos, acorrentado pelo inimigo de nossas almas, mesmo assim, quando a voz do Senhor chega e diz: meu filho, minha filha sou Eu, nos derrete por dentro, nos quebra, nos torna uma criança, falamos: - Meu Deus, por que tudo isso, porém sabiamente sua voz nos conduz ao silêncio dos pensamentos: “Psiu, Eu já sabia de tudo, permiti para uma experiência, queria tratar contigo, sossega estou aqui a renovar tudo, a te amar e não permitir que a dor vá mais além do que possas suportar, Sou contigo e te darei vitória.As lágrimas preenchendo o rosto, os soluços de cansaço e a vontade de acertar se reúnem nesse encontro, um clarão em vez de um foco de luz acende dentro de mim, embora a imperfeição e ansiedade colocassem um grão de dúvida nos dias que se faziam e refaziam sem contigo encontrar. (Provérbios 12.25)

Ao sair do quarto olhei o horizonte, eu já era outro, retornei como se estivesse esquecido algo, olhei para o espelho e disse: Tu estás ai? Eu vou te encontrar, não sei por onde andas, o que fazes, em que cidade estás agora, mas vou te encontrar, foi promessa dEle, Ele não mente, sua palavra é fiel, então me espera um pouco, volto já para me encontrar contigo aqui.

Dias se esticaram novamente, um leve espasmo me tomou por dentro e outra possibilidade de me aconchegar aos braços da solidão, todavia Deus não deixou isto acontecer, foi mais rápido que eu, do que minhas fraquezas. Lembro que num sábado a contemplar um evento com tanta gente, ousei perguntar: Senhor tantas, onde estará ela? Um exército de jovens de blusas vermelhas vem chegando, olhei de forma discreta, muitas jovens bonitas, mas tão novas, tu porém a quem ficavas ali no meu espelho interior era mais amadurecida em tudo, não era mais uma adolescente, então desistir de te procurar naquele meio sem saber que estavas ali tão perto de mim, fostes tão cruel a ponto de me ver, de me reconhecer, de saber que algum dia estivesses comigo e por timidez, orgulho ou mesmo medo, rejeitaste a minha presença no teu coração. Naquela noite, retornei ao meu quarto, chamei para mim uma paciência que não tinha e ao me lembrar da voz do Senhor não consegui dizer nada só a perguntar onde você estaria, quando se libertaria do espelho da minha mente, quando serias uma realidade na minha vida? Olhei para o teto, me deitei e ainda deitado balbuciei: Se eu não consegui encontrá-la Jesus, permita que ela me encontre. Fechei os olhos da incredulidade e deitei meus pensamentos no travesseiro da providência divina e esperei no Senhor, agora sem medo nem ansiedade.

No domingo, despertei para mais um dia, o sol estava receoso em sair, me ajoelhei e orei como sempre faço recitando um versículo bíblico em Isaías 54.17 e em silêncio recitei uma poesia, Viva Cristo, no número 106 da harpa cristã, jejuei como costumeiramente o faço todo domingo e no horário me dirigi à igreja para participar da manhã missionária. A movimentação dos jovens caracterizados, a imaginação latente nos olhos daqueles que esperavam um mover de Deus naquela manhã, os irmãos a orar, uma agitação santa no corredor, e algo dentro de mim me pedindo para me dirigir a outro lugar, só que não costumo chegar a uma igreja e sair para outra, retive meus pensamentos, relutei, posto que seria em mim uma contradição, fugia de tudo o que havia aprendido, mas nem isso foi suficiente para ficar, saí e disse: Senhor, o que haverá naquele lugar para que eu vá? E fui desta vez livre de qualquer coisa.

Ao chegar, tudo parecia improvável, as mesmas pessoas estavam lá, as mesmas a ponto de me questionar: o que vim fazer aqui?. De repente, um anuncio – há um grupo de jovens nos visitando, as observei, o encontro foi se aproximando para longe, visto que minha timidez mórbida nos afastou. Ela olhou para mim ao passar e eu sabia que eram meus olhos e não eu, naõ havia nada em mim que poodia chamat atenção a não ser meus olhos os quais causam em alguns uma impressão calorosa e chamativa, foi isto, pensei, meus olhos apenas ,sem saber que ela havia me identificado, se interessado, me descoberto, então gravei seu rosto na saída na certeza de que poderia alcançá-la, pois já sabia onde ela morava, ao sair já havia planejado meu encontro, já estava tudo articulado, mais uma vez confiei em mim e Deus me surpreendeu, Será como Eu quero, o dia e a hora são meus.

Em trinta minutos a internet foi pequena para buscá-la e encontrei, teus dados, perfil, e algumas fotos me bastaram para agradecer a Deus, estive lado a lado com ela e não tive coragem se quer de olhar nos olhos, a traição, a frieza, o descaso me tornou recuado e acuado, me deixou reprimido para certas coisas, não tive como mandar um recado, como foi difícil, ela se fazia mais acessível dentro do meu espelho do que agora. E continuei a acessar na perspectiva de que ela visse meu nome e curiosamente buscasse saber quem é, isto não funcionou, foi em vão manhãs, tardes e noites de uma semana inteira a entrar lá e nenhum sinal de esperança. (Provérbios 13.12)

Nos encontramos da forma mais inusitada possível, eu vibrei diante de uma sala de aula cheia de jovens, acabei desconcentrando – os com minha felicidade cimentada em fundo de poço, ali naquela sala tive a certeza do inaudível, de que a solidão não seria uma intrusa, conversamos uma tarde inteira, suficiente para minha certeza de que eras tu a mesma a quem buscava. A felicidade foi tão explosiva que cometi loucuras: aprovei uma turma inteira, perguntaram: Está com febre, professor? Doente, o que houve? O senhor está de brincadeira conosco para com isto, então falei, estou feliz e amando de novo, por isso estou dando esse presente, viva o amor, amem também vale a pena, uns riam, outros pulavam, os possíveis reprovados choravam, foi uma mistura doida de sentimento não consegui me controlar parecia que eu estava numa prisão oculta dentro de mim mesmo, ao me libertar vi o céu aberto sobre mim, as nuvens de bronze se foram e agora passei a arrumar a minha casa interior para te receber, pois havia te mandando embora por vacilo e ansiedade, desta vez tomei um banho de esperança e fui me arrumar: o amor, o carinho, a ternura, o apego, o zelo e a força da poesia eram minhas roupas e fui ao teu encontro.

O dia foi pequeno, o trânsito também não cooperou e mais uma vez entendi que nada cai do céu, temos que buscar arduamente, fiquei tão ansioso que perdi a hora, atrasei e muito, mas compensou em vê-la. As palavras faltaram, não sabia se ficava parado observando teu rosto ou se subia em uma cadeira para anunciá-la para todos ali, se fazia um brinde, não o soube nem me expressar, deixei toda comida, respirava fundo, me deu vontade de levantar-me e lhe dar um forte abraço e chorar aos seus ombros: te esperei tanto, por tua causa, fui ao outro lado do país por duas vezes, acreditando te encontrar, quando tu estavas aqui bem perto, acessível às minhas mãos. Teus olhos passeando sobre meus lábios e atenta as minhas frenéticas gesticulações. Ela comia devagar e preocupada com o horário e eu muito nervoso com tuas observações. Ela foi embora, e eu só soube sentar e olhar os carros passarem um a um e cenas do passado se esfumando para dar lugar às cenas futuras. Encontrei - a, mas o tempo fugiu como névoa que se desfaz em orvalho e partiste, ficando em mim aquela essência de ti. Como fiquei em ti, e disso o sabias: que te indo, eu te acompanharia, menino abobalhado e quieto em algum lugar de ti, a te olhar de longe, a lembrar, a ficar atônito com a tua presença para assim te dar a certeza da impossível solidão

Na manhã seguinte, eu esperei, mas tu não vieste, deixando meu coração em pedaços, um tum, tum, tum, tum silencioso me deixou mais aflito ainda, poderia ela ter desistido? Horas depois tu ligaste trazendo uma bela notícia contigo, por impulso gritei dentro de uma lanchonete, as pessoas me olhando desconfiadas e eu numa alegria só, não deu pra disfarçar. Tu do outro lado sentias a minha presença, eu na lanchonte, e juntos em nossos pensamentos nos olhamos e viajamos mundos em nós mesmos, no nosso passado e nosso futuro, os medos interiores vieram como fantasmas e logo foram embora, porque não havia brechas para desconfianças, dúvidas e temor e em alguns dias já éramos um bloco fechado e monolítico. Éramos um eu e um tu fundido num nós antes mesmo de nos encontrar, nosso encontro apenas ratificou tudo o quanto esperávamos um do outro cujo amor guardávamos para doar.

Te amo! Falaste, eu só fiz olhar, foi tão rápido e em segundos te desvendei por completa, te descobri, e eu menino medroso em receber o peso de tão grande amor em meus ombros só sabia me maravilhar com a proposta, como recuar diante de tanta ternura? Ela falou com a voz forte:
Te amo!

Te amo!

Te amo!

Te amo!

Te amo!

Amo você, respondi. E já eram tantos te amo, tanta repetição sem rotina, afinal nenhuma repetição repete apenas, sempre cada repetição traz consigo algo novo para vivermos momentos de exceção e situações diferenciadas. Tuas mãos encontraram as minhas e seguimos rumo ao nosso mundo real longe do espelho que te aprisionava.

Até a próxima!
André Silva

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fé – menino


Está faltando homem no mundo, dizem as mulheres em busca de um amor, embora essa afirmação recaia sobre a alegação de que parte dessa classe tenha aderido à homossexualidade, já outros acreditam que homens existem muitos, mas homens de verdade são raros. A questão é simples, o discurso machista e mal interpretado das Escrituras Sagradas deu vez a uma série de desentendimentos, separações e retrações sobre o desejo de amar. A submissão da mulher ainda mal compreendida por muitos a fez esconder dezenas de abusos e maus tratos por parte dos seus maridos a quem prometeram na alegria ou na dor estar lado a lado, quando a alegria reprimiu-se na esperança de que o seu homem vivesse tal papel, não de forma masculinizada e sim fé – menino.

“Essa será para mim carne da minha carne, ossos dos meus ossos” disse Adão, portanto nenhuma representação masculina caberia nesse discurso e sim uma mistura macho e fêmea que se integrariam e se completariam ambos conscientes de seus papeis. Embora, a superposição masculina retraiu no homem ao longo dos anos sua capacidade de amar ou de compreender o que é o amor e isto decorre do contexto de aculturação social. Ensinaram o homem mandar, mas não lhe ensinaram a didática do diálogo, logo “Eu sou o cabeça, eu mando”. Por outro lado, aprisionadas pelo pensamento de baixar a cabeça sem o direito de opinar, a mulher aceita tal submissão como forma de prêmio, afinal onde ela encontraria um marido que a suprisse materialmente, socialmente e fisicamente?

Nos séculos XVII e XVIII as mulheres não podiam opinar, só sabiam contar até cinco e a ela foi lhe dada a atribuição de cuidar apenas dos filhos e da casa. Em contrapartida, no século XIX a mulher encontra-se com a leitura de folhetim que a liberta de seu cativeiro, então passa a sonhar com príncipes encantados e com o homem a quem ansiava seu coração, trazendo outros desdobramentos sobre o que seria submissão, se valeria apena apanhar, ser vítima de maridos frios, grosseiros e adúlteros para sustentar socialmente o título de casal perfeito.

O homem por sua vez, compromissado em ser o supridor do lar, se esqueceu em ser o supridor da mulher. “Essa é para mim carne da minha carne” Todos os anseios que o homem sentisse em carne estariam também embutidos nela, são da mesma natureza. Antes preferiu ele deixá-la com um papel menor e passivo e ao deitar ela seria apenas um depósito para aliviar suas tensões, quando sendo da mesma carne ela também mereceria ganhar em troca ou em dobro a mesma disponibilidade e submissão que ela se dispôs em estar ao lado dele, porém ganhou frieza, grosseria e incompreensão a ponto de muitos maridos nem mais respeitarem as regras de sua mulher deixando claro que amar na forma mais masculinizada possível seria um simples deitar como se o amor em sua forma plena mantivesse uma posição horizontal, quando a falta de sensibilidade em perceber que existem trocas de carinho mais profundas e agradáveis que um simples deitar, acabou por trincar a relação a dois e angustiar a mulher a quem prometeu diante de Deus amar até que a morte os separe, quando separado dentro do mesmo teto já se está desde o dia que se perdeu a sensibilidade e a compreensão do seu real papel “carne da minha carne” e se intitulou superior a própria carne sua sem se emparelhar, sem combinar, sem dialogar, sem perceber, sem ter fé – menino.

Nessa direção, por volta da década de oitenta a mulher vai tomando espaço na sociedade e no mercado de trabalho, atividades destinadas a homens agora são dirigidas por mulheres e hoje não se imagina que elas fiquem de fora, algumas decidem só engravidar muitos anos depois e se dopam com medicamentos sem perceber das deformações ocasionadas no futuro com sua saúde uterina, abdicou a educação dos filhos pela sua independência financeira, sua carreira de sucesso vem pesando nos ombros, pois enquanto se milita por uma posição ao sol, os filhos estão entregues à programação banalizada da TV, as babás sem formação cultural e aos amigos na escola. Por outro lado, muitas solteiras que tentam a independência a todo custo precisam saber que tal posição não pode ser maior que o seu amor e submissão, “carne da minha carne”, por isso muitas vezes não é só o homem culpado pela relação ruir, a mulher independente ou melhor com ego inflado pode não ser capaz de trocar de marido, mas é capaz de deixá-lo para ficar com emprego acreditando na garantia de sua estabilidade como sustentáculo de vida, quando a vida sem amor e companheirismo é mais fria que o cemitério. Então querida mulher, vale apena mesmo ser independente?

Não quero dizer que a independência feminina seja algo ruim ao relacionamento, sejamos honestos a entender que muitas mulheres não têm limites e são imaturas em suas escolhas: planejam um filho para três anos, quando sabemos que Jesus vai voltar hoje, planejar é uma coisa, deixar de viver a vida a dois para mergulhar num curso específico é outra e no mínimo o tempo que deveria ser dado ao par, a atenção, o companheirismo, o afeto, as brincadeiras, os passeios são deixados em segundo planos por um sonho capitalista que vai ficar aqui nesse chão.
Muitos leitores dirão que o contexto econômico não comporta um casamento e filhos de início, mas não podemos deixar de crer na provisão divina, passamos a crer no nosso bolso, o nosso salário foi endeusado, passamos a valer o que ganhamos porque Deus foi escanteado como aquele que provê e faz o azeite da botija multiplicar.
Uma coisa é certa, não há espaço para masculinização nem para o feminismo, submissão é coisa de gente amadurecida, submissão não é só feminina, mas também de homens cheios do Espírito de Deus, apenas estes compreendem no tempo e no espaço que a carne de sua carne não tem um papel menor e sim é o braço forte de todo homem que almeja atravessar os desertos da vida, apenas ao lado de um homem “fé – menino”, isto é, homem nas mãos do oleiro, submisso a Deus e amante da carne de sua carne é que a relação homem – mulher perdurará até que a morte os separe sem se separarem mortos em si mesmos.
Portanto, não haverá disputas, nem friezas, o cabeça da família dará a última fala embasada na fala de sua companheira, porque juntos e somente juntos o tecido da vida será costurado por mãos sensíveis que de tão fortes tecerão a casa material e espiritual cheia e revestida do poder do alto, exalando beleza numa adoração plena e aprovada por aquele que uniu o que o feminismo e machismo manchou sem fé na ilusão egoísta do ser, cegos nas suas ignorâncias, bêbados da luxúria do ter, mas crendo que um dia caídos aos pés de Cristo haja um resgate total de tudo o que podia ter sido e não foi, assim submissos a Deus ambos descobrirão na madureza do caminho que o amor chegou e que é possível viver a dois e serem um para o outro uma completude, aqui, agora e até a volta do nosso Deus.
Até a próxima!

André Silva

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Quem tem graça suporta


“Exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para pouco se aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (1º Tm 4.7,8)


Preparar-se no caminho e na vida não é uma tarefa fácil, ser um soldado vigilante, um atleta vitorioso e um agricultor paciente nos dias de hoje torna-se difícil por que a vida cristã vitoriosa requer, antes de tudo uma disciplina piedosa.

Muitas pessoas ao longo da vida foram visitadas por Cristo e quando Ele chega o resultado de sua visita implica mudança para dentro do ser, implica graça diária para suportar os embustes da vida, quando Cristo nos visita aquilo que estava morto volta a ter vida, sim nossos projetos, o seu casamento em ruínas, nossa vida vacilante em pecados passa a reviver, porque na intervenção dEle algo tem que mudar; embora a questão não está apenas na intervenção, porque sabemos que o maior desejo de Deus é intervir, mas Ele não pode ser o único agente dessa transformação e para que haja uma intervenção na sua causa é necessário algumas implicações.

Em primeiro lugar o texto acima me diz que devemos nos exercitar em piedade, sim, para sermos piedosos é necessário uma luta diária contra os nossos desejos, então se você quiser ser visitado por Deus, antes de qualquer coisa recue para depois avançar, perda para depois ganhar, é verdade, na vida cristã Jesus nos orienta a perder aqui, a dar a outra face, a caminhar duas léguas com o inimigo, a não julgar, porque aquele que morreu por nós já foi julgado. Sei que esses efeitos exigem de você esforço e paciência, mas quem tem a graça suporta.

Em segundo lugar, o texto ainda me diz que devemos exercitar a nós mesmos e não aos outros, infelizmente queremos, às vezes, que o outro exercite, faça e demonstre o cristão que ele é, julgamos a carreira do outro pelos tropeços diários que ele dá, mas Paulo é claro ao dizer: “Exercita-te a ti mesmo” Eu e você devemos trabalhar como um agricultor plantando diariamente o que é bom, correndo para ganhar o troféu e como soldados defendendo a nossa pátria, o céu celestial.

Em terceiro lugar, Paulo é enfático: “Porque o exercício corporal para pouco se aproveita”. Cristo intervém nas nossas fraquezas e dores, Ele interrompe nossa vida de dificuldades e dar fim aos problemas, para lembrarmos que o nosso esforço é meramente em vão, não sãos as nossas regras comportamentais que nos fará vencer, não são suas crenças e filosofias de vida que o fará triunfar, mas se você tiver a graça pra suportar todas as afrontas ai sim, mesmo lá nos seus vacilos Jesus entra e em cena, interrompe o problema e lhe liberta de todas as amarras por observar que você é dependente dEle.

Observe que há pessoas que correm muito, achando que ao se apressar levarão o prêmio, há pessoas que tentam demonstrar esforço, fazendo média para que os outros vejam nele um exercício piedoso, há pessoas que correm e se cansam, mas quando você tem a graça, as forças se renovam a cada dia, pois o objetivo do soldado é agradar aquele que o alistou, Cristo Jesus.

Porque muitos caídos se levantam? É a graça! Quando há renovação da alma, quando existe o desejo do primeiro amor, as armas são devolvidas, o que estava morto se levanta, uma vez que a graça é o chão firme pelo qual damos um salto para o alto, é o fôlego final pelo qual alcançamos a linha de chegada, mesmo quando tudo está perdido, quando não temos força para levantar as armas, as misericórdias do Senhor nos dão graça pra suportar.

Nessa direção, há implicações para se levantar, há implicações para vermos Jesus operar em nossas vidas, há implicações para colhermos os frutos. Sendo assim, segundo o texto a primeira coisa que temos é uma promessa, Jesus foi claro com Pedro: “E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.”.(Mt 19.29) Sim, para suportar os ataques preciso deixar o que me enfraquece, preciso abandonar as práticas do velho homem, é necessário para alcançar a promessa exercita-se em piedade.

O Consolador, o Espírito Santo da verdade, é aquele que nos dá graça para enfrentar as armadilhas da vida espiritual, é Ele e não o seu esforço quem produz armas potentes para guerra, porém o nosso esforço é e deve ser tão somente um exercício piedoso e agradecido por suportar em nosso lugar as toneladas de culpas as quais vimos Jesus com elas morrer na cruz.

Nossa vontade de acertar é piedosa, mas nossa vontade de ser sem a graça é a prova de que tal soldado anda desarmado e pronto pra levar um tiro no meio da alma. Que possamos nessa caminhada suportar com graça, levantar cheio da graça, militar com graça e na paciência esperar o prêmio, pois quem prometeu é fiel e não mente.


Até à próxima!

André Silva

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O caminho do avivamento e o ladrão sutil da estrada


Caminhar não é tudo, o importante é como caminhar. Essa era a filosofia dos ensinos de Jesus ao nos alertar dos perigos da estrada. Dessa forma, ligar o carro e seguir rumo à estrada do avivamento requer antes de tudo se desprender de si mesmo e de tudo que dificulta a nossa trajetória.
Nessa direção, muitas pessoas de forma ingênua tentam buscar o avivamento como se estivessem prontos a subir na carruagem de fogo, crêem no avivamento apenas como derramamento de poder e de dons, quando na verdade não verificam que viver avivado é estar apto à graça, é estar na brecha tapando os buracos, é estar de atalaia no alto do muro, é permanecer no lugar e na porta, é primordialmente revestir-se de amor quando a amargura, o ódio, o desprezo nos rodeiam, afinal não podemos dever nada a ninguém, a não ser amor, disse Paulo.
A questão é que o ladrão encontrou um esconderijo na estrada para nos assaltar, sim, ele está nas espreitas vitimando muitos “quase avivados” que envolvidos por um poder estranho e modista acabam sendo golpeados sem entender que o inimigo de nossas almas veio para roubar, matar e destruir.

Como será que o ladrão assalta e quais suas táticas?

Certa comunidade de uma cidade metropolitana do estado de Pernambuco saiu às ruas e fechou a rodovia na propalada alegação que ali havia muitos atropelamentos e exigiram uma lombada naquele lugar já demarcado pelos manifestantes. O protesto foi acalmado pelos policiais, a imprensa noticiou o fato e a comunidade foi atendida, o departamento de estradas e rodagem instalou uma lombada de concreto naquele lugar. Os acidentes persistiram e continuaram provando que a lombada foi apenas um pretexto para assaltar os motoristas à noite. Meses depois ficou claro para autoridades e motoristas que aquele lugar deveria ser evitado por qualquer motorista, pois ali muitos estavam à espreita bem próximo a lombada para quando o motorista desacelerasse, o ladrão viesse a dar o bote.

As táticas são muitas para fazer desacelerar o nosso carro rumo ao caminho do avivamento. Logo, a questão é como você caminha, posto que o verdadeiro avivamento não nos faz viver de embaraços, no avivamento só há pessoas lúcidas e cientes de suas limitações, mas uma simples pedrinha pode vir a danificar a nossa comunhão com Deus, a desarrumar o nosso altar e nos deixar desarmados para as guerras que vem, portanto sede sóbrios, disse Paulo e Pedro. (1ª Tessalonicenses 5.6; 1ª Pedro 5.8)

Observe bem o culto e veja se como as pessoas adentram a casa chamada de oração. Já observou? Se você não sabe, as portas do templo parecem ter detectores identificando quem veio adorar ou não e através disso podemos entender o porquê Jesus usou a ilustração do fariseu em uma oração de auto justificação: “Senhor, eu não sou como esse publicano...”, eu oro mais, eu faço mais, eu trabalho mais, eu prego melhor, eu canto mais bonito, quando na verdade a essência da adoração já começa em casa, na minha ansiedade em ir ao templo: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à [casa do Senhor.” (Sl 122.1), porém muitas vezes não há alegria, há desprezo, “se der eu vou, nem sei se quero ir, nem se posso” e ao adentrar pelas portas as pessoas trazem consigo seus muitos problemas dificultando assim o espaço exclusivo de adoração.

A forma como caminhamos denuncia o nosso altar, pois somos testemunhos vivos e diante de nós há uma multidão a nos olhar, há o próprio Deus nos observando e o próprio inimigo que, nas escondidas, também nos analisa: “Viste meu servo Jó...” (Jó 1.8) Partindo desse princípio, muitos baratearam a adoração e acabaram por entregar a Deus um animal com mancha, um louvor defeituoso, um culto torto, uma pregação preguiçosa de quem nem se quer visitou as Escrituras e orou a Deus para dar o pão à igreja, mesmo assim, todos esses esperam um culto fervoroso no qual Deus venha derramar fogo sobre o altar, contudo saem frustrados e mais frios.

Já em muitos lugares, a casa de oração foi transformada num circo para entreter a platéia e para o tempo passar mais rápido preenchem o espaço com músicas de auto – ajuda que fazem derramar até lágrimas de crocodilo, é uma forma de deixar o emotivo preparado para o golpe final, a mensagem e na preleção o orador põe lenha no altar, arruma as pedras, cava o rego d’água e clama por um fogo estranho e no final os alienados saem alegres e massageados sem perceber que o pão oferecido tinha fermento demais.

Mas, quem anda no caminho do avivamento oferece um culto diferente, racional e cheio de graça, visto que tal caminho nos deixa consciente e livre para entender o percurso do rio desembocando no mar, nos faz endireitar nossas veredas através da Palavra de Deus, nos faz medir nossos passos e nos submeter às autoridades constituídas quer eclesiásticas ou não, nos derrama nos braços de Deus e Ele acaba por nos cobrir com o seu sangue contra as astutas ciladas da estrada, Jesus chega primeiro a resolver nossas causas porque estando avivados, nossos ouvidos vão estar atentos, assim não será qualquer manjar que vai nos encantar.

O inimigo está roubando nosso tempo em adorar a Deus, com barraquinhas de guloseimas na estrada ou com um fast food nos postos de combustíveis. O que rouba seu tempo de adoração? O que faz em 24 horas do dia não haver se quer duas horas para adorar e conversar com seu Criador, o que está atrapalhando sua caminhada?

Por outro lado, o assalto não é apenas contra o relógio diário, mas também de nossa visão. Queremos entrar no caminho do avivamento sem o colírio do céu, estamos caminhado de forma cambaleada sem perceber o veneno na panela, por sua vez o veneno preparado é tão doce que passa despercebido nos dvd’s do engano. Sim, o inimigo está roubando nossa consciência, nos jogando um contra o outro, pois ele é mestre em roubar nossa adoração e dedicação a Deus, ele é mestre em nos fazer ficar em casa sem querer ir à igreja cultuar aquele que nos criou, ele é mestre em nos desanimar, ele é mestre em fazer-nos desistir de nossa chamada, ele é o mestre dos embaraços e nos que nos alistamos não podemos nos embaraçar com as coisas dessa vida se quisermos andar no caminho do avivamento.

Quanto ao assalto, além do tempo e da visão, o ladrão da estrada rouba a nossa amizade com Deus e muitas vezes e sem perceber trocamos o nosso verdadeiro amigo por coisas pequenas, o negamos na estrada quando fora do templo vestimos outra roupa interior, quando fora do templo somos reprovados pelo nosso falar e caminhar diante das pessoas, quando lá fora somos mais pecadores que os pecadores, porém nos púlpitos e nos corais transparecemos um brilho ofuscado: “tendo aparência de piedade, mas negando-lhe a eficácia dela. Afasta-te também desses.” (2ª Timóteo 3.5)

Nessa direção, o inimigo sabe quando estamos ou não caminhando corretamente, e com isso milita de duas formas: tentando derrubar quem aprendeu caminhar e derrubando de uma vez por todas os que vivem em cima do muro, mesmo assim é bom sabermos que os que caminham na corda bamba não são os que estão fora da peleja, os que deixaram a casa paterna, mas aqueles que estão na igreja dando a Deus as migalhas na sua forma torta de adorar, aqueles que sem temor e misericórdia deixam de frutificar onde Deus os planta, porque aprenderam que o caminho do avivamento é apenas um adorno exterior, quando no interior os mesmos bichos continuam vociferando lá dentro com seus rancores, invejas, soberbas e vaidades por esquecermos que a simplicidade do caminho proposto por Deus é que faz a diferença aonde quer que chegamos. “Sede simples como as pombas e prudentes como as serpentes” (Mateus 10.16)

Enfim, verifiquemos não só o nosso carro, mas também de que forma conduziremos o nosso veículo para que não venhamos a forças as marchas, rasgar os pneus nos buracos do caminho ou mesmo abastecer nossa mente com o veneno da panela, porque o ladrão está ai, para nos roubar o que há de mais precioso em nós: a nossa salvação e a presença do Espírito Santo em nossas vidas.

Até à próxima!

André Silva

segunda-feira, 2 de novembro de 2009



Há tempo


Há tempo para tudo debaixo do sol

Para se justificar por tudo o que deveria ter sido e não foi

Falta tempo.

Para nos avaliar e rever nossos defeitos

Para falar demais, sobra tempo

Para calar, analisar e refletir ainda não nos foi ensinado

Ensinar a pensar é perigoso e só consegue esse feito

Quem tem tempo para ser livre

Porque liberdade ainda é um bicho que nos amedronta

Só o tempo para nos dar coragem em ser destemidos

E para sair de uma luta corporal com o nome mudado

Só o tempo com suas marcas profundas para nos ensinar

Que pra chegar aonde Deus quer é preciso: Tempo

Devagar ou no Já instante de nós mesmos.

Quando depois de uma saborosa aula

tomamos dois rumos:

Balançamos a cabeça para concordar com tudo

Ou praticamos o que foi ensinado

Por atentar que até a arte de amar alguém

requer tempo e muita espera

Infelizmente muitos preferem aprender

aos solavancos e pauladas nas aulas da vida

Quando deveriam aprender

na suavidade de quem com a verdade quer dizer:

acorda ainda há tempo.

Tempo para tirar essa máscara de quem diz estar feliz,

mas está insatisfeito com o menu do dia a dia

Tempo para não gastar suas energias com o que não alimenta a alma

Tempo para se gastar no que é verdadeiro e eterno

Tempo para perder o medo de apostar naqueles que foram excluídos

Tempo para deixar a concorrência

que nos preenche o ego

e colocar a mão na massa de fato e de direito

Tempo para silenciar em meio a tantas críticas.

Que venham as críticas, viva!

É o tempo provando que estou dando frutos

Tempo para se alegrar com a multiplicação da obra,

até por que o Mestre lhe deu um tempo para isso

O tempo é tão simples, nós é que o encurtamos demais,

por isso falta tempo para tudo,

menos para o espelho de nossa vaidade:

eu sou, eu fiz, eu tenho, eu estou...

Há tempo para o tempo rir de tudo isso

Como também há tempo para virarmos a mesa da mesmice

e ensinar nas classes e púlpitos

Que Deus é muitos mais do que aquilo que o tempo já tentou nos mostrar.

Que venha o tempo arruinando nossos corpos

com a velhice e as enfermidades,

Mas que tenhamos tempo de nos virar para o canto da cama

e clamar a Deus por mais um pouco de vida

para podermos ter mais tempo de fazer

o que estava em nosso alcance e ainda não o fizemos.

Até quando vamos gastar tempo

em elogiar as grandes vozes agudas e fortes

sem nos atentar ao que a Palavra nos quer ensinar?

Os nossos alunos continuam vazios,

porque o ibope e a “boa oratória”

é a preocupação do tempo que teimamos em gastar

quando bastaria sermos apenas uma voz clamando no deserto.

Até à próxima!

André Silva!