Pesquisar este blog

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quando a razão e emoção se abraçam



Entre tantas recordações que a vida nos oferece, entre tantas palavras inseridas nos discursos alheios ao longo do tempo, nada pode indicar, nem de perto, uma união singela entre opostos, algo que de repetente fosse trabalhado, mas sem previsão para acabar ou mesmo um sentir-estar sem efeito colateral que de repente invada sem medir, sem calcular antes, mas com os pés bem firmes no chão.
Poucas pessoas ousam beber esse vinho, talvez, devido a tantos discursos caminhando tortos em nossa direção, talvez pela descrença pregoada da velha razão que sempre tem medo de se ferir, querendo a perfeição, ou mesmo, pela emoção esperando ainda que ferida, diante do espelho mágico, o final feliz. Por isso, há tanta gente embriagada nas caminhadas da vida, tanta gente desencontrando os passos e tropeçando nas calçadas, vomitando muita razão distorcida e cheirando mal as suas emoções recolhidas.
Infelizmente há muita gente buscando uma fórmula mágica nos livros de auto - ajuda e tropeçando no abainhado de suas indecisões; sem saber que a emoção e a razão não se abraçarão em qualquer mesa de bar, nem mesmo nas madrugadas frias dos solitários, mas caminham de mãos dadas sem calcular a distância a percorrer. É muito óbvio isto.
Se você é muito sentimental e continua esperando da vida uma chance igual a jogador de loteria, ou se você é racional a ponto de ser tão frio com a sonhada sorte dos sentimentais, é necessário olhar ao lado e ao longe, porque certamente a equação: razão de x + a emoção de y não será a soma dos catetos nem da hipotenusa, mas tão somente a divisão dos meios e dos extremos numa intersecção de conjuntos diferentes, mas harmoniosos entre si.
O entendimento disto se dá quando nos desprendemos das velhas fórmulas mágicas e nos banhamos nas águas mornas da paciência, sem tentar entender o rumo e o fim que transcorre o rio, esperando com alegria a dor e o sofrimento e percebendo o gosto doce depois de engolir um cálice amargo. A vida nos ensina isto a todo instante.
Nessa direção, só os entorpecidos de emoção cheios de sonhos que nunca se realizaram, não conseguem enxergar a felicidade, por continuar tomando aquele porre de sensibilidade e se embriagando de paixão, caindo aqui e acolá, procurando cicatrizar-se nos hospitais do tempo. Enquanto a razão, de tão fria, calculista e incrédula não consegue enxergar um palmo diante de seu nariz sem perceber a beleza das flores, o canto dos pássaros e a simplicidade do nascer do sol por ser tão preguiçosa em observar os pequenos detalhes no outro, detalhes que fazem a diferença.
Enquanto não entendemos o compasso que a vida dá, fiquemos a observar os animais que sem nenhuma razão nem emoção usam o instinto, inserindo em nós uma lição harmônica de amores e conflitos em busca da sobrevivência, sem nenhum medo de se ferir e sair na chuva, mas corajosos, firmes e confiantes ao ir à caça, pois os animais não dão tiro no escuro como nós, ao contrário, eles medem seus passos como os racionais e dão o bote, por outro lado se emocionam e se divertem igual a um pinto no lixo depois de abocanhar a presa, porque em seu instinto estão lado a lado os opostos, que não se atraem somente, mas se completam e se abraçam.

Até à próxima.
André Silva