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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus!

Por Gutierres Fernandes Siqueira

SAGRADO. Que inspira ou deve inspirar respeito religioso ou profunda veneração. Do latim sacrātus,a,um, part.pas. de sacrāre 'consagrar, sagrar, dar caráter sagrado a; votar, dedicar'. [Dicionário Houaiss]

Hoje estudamos sobre liturgia na Escola Dominical. E, nesse aspecto, um grande problema no nosso meio pentecostal é a perda do senso do sagrado. Recentemente assistia a pregação de um dos mais respeitados mestres da Palavra em um enorme templo das Assembleias de Deus. O ambiente lembrava uma rodoviária. Era gente caminhando em todas as direções enquanto o pastor ministrava a Palavra.

Esse é um dos sintomas dessa falta de respeito pelo sagrado. “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” [Eclesiastes 5.1].

Vejamos apenas quatro exemplos de irreverência no contexto assembleiano, do qual faço parte:

- Os pregadores que chegam apenas na hora da pregação. É como se a exposição da Palavra de Deus fosse alguma palestra. O pregador não pode ser ausente do culto, pois a pregação deve estar inserida num contexto cúltico. Alguns pregadores de “renome”, como se diz no meio assembleiano, chegam atrasados sempre. Não é mero acidente de percurso, já é um hábito. Estariam eles enfadados de cultuar? Viraram meros profissionais do púlpito?

- Mães que brigam com crianças “birrentas” no meio do culto. O meio do culto não é o melhor lugar para beliscar uma criança que chora por birra. É em casa que essa criança deve receber a correção dos pais. Eu já presenciei a cena de uma mãe que deu um tapa na mão de uma criança de dois anos- por algum motivo- e essa disparou a chorar atrapalhando o bom andamento do culto.

- O paparazzi da igreja. Toda festividade é um festival de filmagens, fotos e poses. Você não sabe se está está na entrada do Oscar ou realmente em um culto cristão? O grupo começa a cantar e um monte de gente se levanta para tirar fotos. Não seria melhor esperar o culto acabar? Ou apenas UMA pessoa registrar as imagens do culto?

- Conversas no púlpito. E se o exemplo não vem de cima? Bom, há obreiros que gostam de colocar o “papo em dia” enquanto estão sentados na plataforma.

domingo, 10 de novembro de 2013

Quem é a Mulher  vestida de sol  em 
Apocalipse 12:1 - 6

1-E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do Sol,tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça.
2-E estava grávida com dores de parto e gritava com ânsias de dar a luz.
3-E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as cabeças, sete diademas.
4-E a sua calda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da  mulher que havia de dar a luz, para que, dando ela a luz, lhe tragasse o filho.
5-E deu a luz a um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.
6-E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. (Ap.12:1-6 )
                                                     
                                                    Três personagens aparecem em Apocalipse 12: a mulher vestida do sol, o Dragão e o Menino. O catolicismo romano, desconsiderando o simbolismo profético dessa passagem, afirma que a mulher é Maria, mãe de Jesus. Alguns teólogos — ignorando o fato de a Igreja ter saído de Jesus (Mt 16.18), e não o inverso — têm afirmado que a mãe do Menino é a Igreja. Não há dúvida, à luz de um conjunto probatório, de que aquela mulher representa Israel.

Em Apocalipse 12.17 vemos que o Dragão (Satanás) fará guerra “ao resto da sua semente”, numa clara referência ao remanescente israelita que será protegido e absolvido por Deus, no fim da Grande Tribulação (Rm 9.27). A mulher está vestida do sol, que representa a graça e a glória do Senhor (Sl 84.11; Ml 4.2), pelas quais Israel foi envolvido desde a sua origem.

A mulher tem a lua debaixo dos pés, numa referência à supremacia de Israel como nação escolhida (Dt 7.6). E também tem uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. O que isso representa? Os patriarcas que deram origem às doze tribos formadoras do povo de Israel, incluindo José, são chamados de estrelas (Gn 37.9, ARA). Sol e lua, no sonho de José, aludem aos seus pais.

Observe que ela está grávida, com dores de parto, gritando com ânsias de dar à luz. O privilégio de ter sido escolhido como a nação do surgimento do Messias (Jo 1.11,12) trouxe — e trará — a Israel experiências dolorosas (Is 26.17). Quanto ao Dragão, não pode ser outro, a não ser o Diabo (Ap 20.2, ARA).

O Dragão é grande. Isso prova que o Inimigo, como “deus deste século” (2 Co 4.4), possui grande força (Lc 10.19). Ele é vermelho. Numa tradução literal, “avermelhado como fogo”, o que representa a sua atuação violenta e sanguinária no mundo (Ap 6.4; Jo 10.10). Essa cor também está associada ao pecado (Is 1.18).

Ele tem dez chifres, que se referem, à luz da Palavra profética, aos dez reinos que formarão a base do império do Anticristo (Ap 17.12; cf. Dn 7.24). E também possui sete cabeças com sete diademas, que dizem respeito à plena autoridade que exercerá sobre os reinos da Terra. A semelhança do Dragão com a Besta enfatiza que esta virá com o poder de Satanás: “o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Ap 13.2).

Menciona-se também uma grande cauda. Isso alude à astúcia do Inimigo e ao seu baixo caráter (Is 9.15), ao levar consigo, no princípio, a terça parte dos anjos que não guardaram o seu principado (2 Pe 2.4; Jd v.6). Muitos hoje ficam impressionados com a facilidade que alguns falsos obreiros têm de “arrastar” multidões. Não nos esqueçamos de que o primeiro a fazer isso foi o próprio Diabo.

Em Apocalipse 12.4 está escrito que o Dragão parou diante da mulher, “para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”. Desde o princípio, o Inimigo tem lutado contra Israel, sabendo que por meio dessa nação o Senhor realizaria a redenção da humanidade. Mesmo assim, o Filho de Davi, o Filho de Abraão, o Unigênito do Pai (Mt 1.1; Jo 3.16), nasceu em Belém da Judeia (Mt 2.1), no tempo estabelecido pelo Deus soberano (Gl 4.4,5).

Alguns teólogos afirmam que o Filho da mulher vestida do sol representa a Igreja, ou os mártires, ou os 144.000 judeus selados durante a Grande Tribulação. Todavia, à luz de Salmos 2.9 e Apocalipse 2.27, não há dúvida de que o Menino é Jesus Cristo: “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Ap 12.5).

Foram muitas as tentativas do Dragão (Satanás), ao longo da História, de destruir a mulher vestida do sol (Israel), para que não desse à luz. Caim matou Abel, mas Sete deu continuidade à linhagem santa e piedosa, da qual sugiram os primeiros hebreus (Gn 4-12). Nos dias de Moisés, quando Faraó mandou matar os meninos israelitas, Deus preservou a muitos deles com vida, inclusive o próprio Moisés, que se tornou o libertador do povo de Israel (Êx 1).

O rei Saul tentou matar a Davi, pois o Diabo sabia que o Messias descenderia do trono davídico. Deus mais uma vez frustrou o plano maligno, preservando a vida de seu servo (1 Sm 18.10,11). Mais tarde, o Inimigo usou a rainha Atalia para matar os herdeiros do trono de Davi. Mas o futuro rei Joás foi escondido por sua tia, e, com apenas sete anos, assumiu o reino em Judá (2 Rs 11). Nos tempos do império medo-persa, o cruel Hamã convenceu o rei Assuero a exterminar, de uma vez por todas, “um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei” (Et 3.8). Deus interveio, e o mal se voltou contra aquele “adversário e inimigo” de Israel (7.6-10).

Já no período neotestamentário, Herodes intentou matar Jesus, ainda em sua primeira infância. Mas o Todo-poderoso avisou os magos e José, o qual levou o Menino para o Egito (Mt 2). No deserto, Ele, já adulto, ao ser tentado pelo Inimigo, venceu-o por meio da repetição de uma poderosa declaração: “Está escrito” (4.1-11). Em Nazaré, numa nova tentativa de impedir que o Senhor chegasse à cruz, o Diabo procurou matá-lo. Milagrosamente, Ele escapou, “passando pelo meio deles” (Lc 4.17-30).

O Inimigo também exerceu influência psicológica sobre Pedro, levando-o à tentativa de induzir Jesus a desistir de sua obra redentora. No entanto, a resposta do Senhor a essa tentação foi contundente: “Para trás de mim, Satanás” (Mt 16.22,23). No Gólgota, finalmente — como o Diabo não conseguiu matar Jesus antes da cruz —, tentou, em vão, convencê-lo a descer do madeiro (Mt 27.40-42; Lc 23.39), pois temia o poder do sangue do Cordeiro (1 Pe 1.18,19; Hb 2.14,15). Ali, o Senhor deu o brado da vitória: “Está consumado” (Jo 19.30).

Mesmo depois de Jesus ter sido assunto ao Céu (At 1.9-11), a perseguição contra a mulher (Israel) continuou. E ela se intensificará na segunda metade da Grande Tribulação, quando o Diabo terá maior liberdade — permitida por Deus, evidentemente — para, através do Anticristo, atacar Israel: “Quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher [...] E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente” (Ap 12.13,15).

Na simbologia profética, águas representam reinos (Is 8.7; Ap 17.5). Isso mostra que os exércitos do Anticristo marcharão contra Israel (Ap 16.12,16). Mas o Espírito do Senhor arvorará contra o Inimigo a sua bandeira (Is 59.19). Ele protegerá o remanescente israelita (Ap 12.6). “E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente” (v.14). Essas asas de águia representam a direção de Deus (Êx 19.4), através da qual Israel será levado a um lugar seguro (cf. Sl 27.5; 91:1,4).

A mulher (Israel) também terá ajuda dos povos e nações a ela favoráveis, como vemos em Mateus 25.34-40 (parabolicamente) e em Apocalipse 12.16 (simbolicamente): “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca”. Por fim, o remanescente israelita será absolvido pelo Justo Juiz e estará seguro, enquanto o Inimigo ficará parado sobre a areia do mar sem poder prosseguir com seus intentos (Ap 12.16-18, ARA).

Maranata!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A vida da morte 



A noticia chegando de assalto e um calafrio tomando o corpo, assim é o momento que abrimos a porta para morte, embora intuitivamente sabemos que ela mora nas calçadas da vida. A morte é atrevida, ousada, não pede licença para entrar, é irônica, zombeteira e vive nas espreitas de nossos deslizes. Se a observamos de fora, assim como ela fica a nos assistir, teremos um outro olhar sobre este estigma da vida humana.

Há outras mortes além desta, mortes necessárias para estancar o fluxo do germe do pecado que também insere morte. Há mortes belas de um amor que se instaura devagar e vai nos tomando por completo e só por completo se entende na madureza da vida, que amar é privilégio de maduros, na maturidade em entender que é preciso estar morto para conceber todo esse peso de amor que Deus nos doa e nos impele a morrer para amar, mas há tantos que recebem amor e não desejam morrer para concebê-lo e conhecê-lo. (Isaias 59.2)

A notícia chegando em náusea, o desespero tomando conta, a saudade já se fazendo presente e o nosso medo interior de ficar só ou mesmo de perder aquilo que mais temos de precioso, quando em Cristo não perdemos nada só ganhamos. Diante da morte ficamos assim: fragilizados, parece que nos falta o raciocínio, o equilíbrio. Jesus ensinou que até na morte é motivo para glorificar o seu nome e ver a olho nu o milagre acontecer.

O caixão já no meio da sala, as pessoas chegando com os rostos vincados, a tristeza tomando conta do ambiente, algumas pessoas falando baixinho: ele era um bom homem, era uma boa mulher, que Deus a/o tenha num bom lugar, como se a morte fosse apenas um tele transporte para um cenário desconhecido, como se ela fosse um fim, quando ali começa a vida. A morte, por sua vez, nos olhando atentamente, mirando a próxima vítima e em deboche silencioso aplaudindo ela mesma sua atuação como atriz coadjuvante.
As pessoas ali no seu último momento com o corpo, como se o corpo bastasse e fosse preciso existir corpo ou imagem para haver lembrança. (Lucas 20.38)
Precisamos amadurecer mais, e receber a morte como quem recebe um presente, afinal em Cristo, nas mansões celestiais, há um prêmio que nunca se acaba, a traça e a ferrugem não consomem, os ladrões não roubam, a doença não chega, (Mateus 6.19,20) lá todos estão sarados das chagas desse mundo, precisamos morrer por dentro, queimar e assassinar nossas taras e manias, pois quanto mais alimentamos nossa carne, mas distante do prêmio ficamos, quanto mais vida damos a ela é que os fantasmas do velho homem nos assombram nesse vazar premeditado entre o ser e o não ser. (Efésios 4.17 – 32)
A hora do último adeus chegando, a sala se abarrotando de gente na oração final, para entregar a alma a Deus como se esse fosse o nosso papel, tentamos erroneamente fazer o que não está no nosso poder, antes da morte tentamos interromper a sua chegada a todo custo sem entender que ela está sentada do lado de fora esperando o momento de bater a porta e entrar, afinal diziam alguns judeus: “não poderia ele que abriu os olhos do cego, fazer também com que este não morresse? (João 11.37) Essa fala tão nossa soa como desespero daquele que não se prepara, não espera, nem tem esperança, mas só espera o tudo daqui. Em contrapartida Jesus antes já anunciava que Lázaro iria ser despertado do sono da morte e com muita tranqüilidade, Cristo não faz uma oração para entregar o defunto nas mãos de seu Pai, seria um contra censo, se Jesus é vida não faria inúmeras rezas para colocar o morto num bom lugar, mas Ele ora ao pai e o entrega a vida (João 11.40 – 44), porque diante da morte, aqueles que crêem nEle, crê no sentido de ter esperança e não de acreditar apenas, esses sim, têm a morte como um presente final, esses dizem a morte vem, esses dizem até quando nos deixarás viver nesse lixo chamado sociedade, quando nos arrebatarás para ti mesmo, quando? (Mateus 24.13)
A morte zomba dos desesperançados, trafega pelo meio da casa fechando todas as possibilidades de alegria e contentamento, traz consigo todos os misticismos, tudo faz mal, quando o mal já existia e não o matamos, apenas continuamos a alimentá-lo transformando ele num gigante a destruir nosso templo sagrado, o corpo. A morte vai adentrando devagar sem percebermos, sobrevoa e faz ninho sobra nossas cabeças, então andamos, corremos, rimos, viajamos, dormimos, amamos sem perceber que estamos mortos – vivos, dando vazão a opinião própria: “esse é o meu jeito de pensar” sem entender:
“Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade a esse ouve”. (João 9.31)
De um lado a morte é bem - vinda de outro ela é inimiga, porque vive para frustrar nossos sonhos. A morte é a prova de que quanto mais desobediente somos, mas ela tem poder sobre nós, é a colheita de um plantio forjado no nosso interesse próprio, a morte é a certeza de que o exterior santo não basta para vencê-la se lá dentro de nós ainda temos os mesmos ciúmes, invejas, intrigas, julgamento alheio, mentiras, traições, desejos carnais desenfreados, cobiças, misticismos, incredulidades, rebeliões, desobediência, taras, glutonarias, bebedices, cachorrices e coisas semelhantes a estas, sim! A morte está lá reinando no íntimo do nosso ser se acharmos que basta apenas fazer parte de um grupo, levar a cesta básica ao oprimido, orar muito, trazer no rosto o ar de piedade, se vestir com as roupas da religião e apenas dizer: eu não mato, não roubo, não fumo nem bebo, como se isto bastasse para a morte não fazer morada dentro do ser.
A morte é a paixão da carne, é o vai e vem das emoções, é o brilho latente do orgulho, é a mais pura canção de amor quando cego estamos, a morte é a beleza que formoseia o corpo a quem damos tanta atenção, quando a alma precisa ser lavada e regenerada. (Apocalipse 2.10,11)
É necessário que matemos a morte do ser, que é o pecado de cada santo dia, e que abracemos sem temor a morte que quer matá-la: os frutos do Espírito. Sim, para obtermos os frutos temos que morrer para o mundo e para nós mesmos. (Gálatas 5.16- 26)
Por isso, a vida da morte é um germe sem sabor, sem cheiro e sem dor, mas mata e corroi como uma praga no cafezal, precisamos deixar de dar vida a morte, exterminando-a com a morte da cruz, com o sangue puro carmezim, com um não ao que Deus não se agrada, com um basta a frieza que se instaurou, pois a vida só é vida se o ser salgar e iluminar, (Mateus 5.13 -16) a vida só é vida se o ser imitar aquele que escolheu morrer primeiro para vida nos dar, (Efésios 5.1,2) mas a vida da morte é morte não só física, mas espiritualmente eterna.

Até à próxima!
André Silva.

sábado, 3 de agosto de 2013



O que havia na mala preta do papa Francisco?


A última entrevista do papa Francisco, antes de chegar a Roma, foi concedida aos jornalistas que o acompanharam no avião. A despeito de estar visivelmente cansado, ele, com boa vontade, deixou sua primeira classe e cumpriu uma promessa que fizera no voo de ida ao Brasil.

Uma das perguntas foi a respeito da mala preta que o papa faz questão de carregar. E ele, com muito bom humor, respondeu: "Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei eu mesmo minha maleta. É normal. Nós temos que ser normais" (Fonte: Blog do Jamil Chade, jornalista de O Estado de São Paulo).

Sem dúvida, é exemplar o fato de o papa carregar a própria bagagem de mão. Mas acho curioso, por outro lado, que o líder do catolicismo — e admirado por muitos evangélicos — não leve consigo um exemplar da Bíblia Sagrada! Aliás, fiquei pensando: que exemplo — melhor do que carregar a própria mala — o papa teria dado a todos os cristãos brasileiros se ele os tivesse incentivado a ler a Bíblia! Imagine o que aconteceria se ele, em suas homilias, tivesse dito aos milhões de peregrinos e telespectadores que o assistiam: "Abramos as nossas Bíblias e leiamos a Palavra de Deus"!

Não é a Bíblia, ao lado da tradição, a fonte de todas as encíclicas, homilias e discursos papais? Acredito que, se o papa Francisco — nesses tempos em que a Bíblia é tida como um livro "altamente preconceituoso" e "fomentador de ódio" — portasse um exemplar das Escrituras, ele não seria tão admirado pela grande mídia. Aliás, por que esta, que tanto criticava Bento XVI, agora endeusa Francisco? Justamente porque ele tem se mostrado um pontífice flexível, disposto a dialogar, um gentleman, um líder religioso politicamente correto, que evita tocar em assuntos polêmicos.

Uma coisa é certa: na Bíblia Sagrada encontramos a melhor defesa dos conceitos de família, valores éticos e morais, vida embrionária, etc. E os que se opõem a tais conceitos não querem, evidentemente, ouvir falar de Bíblia. Sendo assim, se o papa objetiva agradá-los, o primeiro passo é ignorar ou menoscabar tal Livro, dando a entender — tacitamente — que ele é fonte de autoridade precípua e primacial apenas para os "fanáticos" e "fundamentalistas" evangélicos.

Bem, vamos esperar... O argentino Jorge Mario Bergoglio só está começando o seu pontificado. Talvez ele me convença de que estou enganado e tenha coragem de defender com firmeza os valores cristãos esposados nas páginas sagradas, especialmente nas homilias do Sumo Pastor (cf. Mateus 5-7; 23; João 13-17, etc.).

Por: Ciro Sanches Zibordi

terça-feira, 9 de julho de 2013

Por que Deus puniu toda a família de Acã se o pecado era apenas dele?


Por Gutierres Fernandes Siqueira

Israel estava perdendo a guerra. Josué fica desesperado. Como o Senhor permitiria tamanha desgraça a fim de humilhar o Seu próprio nome? “Os cananeus e os demais habitantes desta terra saberão disso, nos cercarão e eliminarão o nosso nome da terra. Que farás, então, pelo teu grande nome?”, diz Josué ao Senhor [1].

Deus então releva o motivo de tamanho infortúnio. Um, dentre o povo, estava com propriedade roubada. Josué ordena uma investigação: “Aquele que for pego com as coisas consagradas será queimado no fogo com tudo o que lhe pertence. Violou a aliança do Senhor e cometeu loucura em Israel! " [2]. 

O culpado foi achado. Era Acã. Ambicioso, ele encontrou uma bela capa feita na Babilônia, além de prata e ouro em grandes somas. Acã tomou para si aquilo que não era seu. Sentença? Para o roubo era pena capital. Acã foi morto. “E todo o Israel o apedrejou, e depois apedrejou também os seus, e os queimou no fogo” [3].

Opa, por que a família de Acã foi morta? O roubo não fora cometido apenas por ele? Por que Deus mandava invadir a terra e matar, além dos exércitos, todas as famílias daquele lugar? Por que crianças pagavam pelos pecados dos adultos? E o genocídio cananeu?

Princípio hermenêutico: atenção ao ler um livro antigo com ósculos modernos!

É difícil compreender a Bíblia com um óculos da contemporaneidade no rosto. A Bíblia, como qualquer livro antigo, precisa de uma interpretação capaz de entender o momento histórico do fato. É necessário voltar no tempo. É necessário sair desse mundo de hoje com todas suas referências e pressupostos. É chocante para qualquer ocidental formado em um país democrático e com uma educação secular entender como Deus pode cometer tal ato, mas essa não era a visão daquela sociedade na época. Ninguém naquele momento contestava Deus por esse motivo.

O conceito corporativo da personalidade hebraica e das sociedades tribais 

No mundo antigo, e em Israel não era diferente, a sociedade tribal regia as relações humanas [4]. Não existia a figura do “indivíduo” como “unidade formal”. A verdadeira unidade era a célula familiar. A bênção [5] ou a maldição se estendia para toda a família. 


A estrutura de sociedade é claramente descrita na sentença divina que institui a investigação: Apresentem-se de manhã, uma tribo de cada vez. A tribo que o Senhor escolher virá à frente, um clã de cada vez; o clã que o Senhor escolher virá à frente, uma família de cada vez; e a família que o Senhor escolher virá à frente, um homem de cada vez. [6]

Família, clã e tribo e nação. Essas divisões “constituem os tijolos básicos da sociedade israelita” [7]. Assim era construída a unidade nuclear do indivíduo, ou seja, o homem era ser existente a partir de sua família. O pecado de um homem era o pecado de sua família, o pecado de sua nação. Portanto, como unidade fazia todo o sentido para essas sociedades antigas, onde a punição ou a bênção eram um fenômeno coletivo. A membresia daquela família sabia do crime de Acã? Se sim, a justiça fora implacável com o pecador e seus sustentadores. Mas se a resposta é negativa, pois o texto não é claro, a família inocente paga pelo pecado do membro superior. 

O assunto é complicadíssimo, pois o texto em análise, como já dito, não traz muitos detalhes. Mas o “conceito corporativo da personalidade hebraica” [8] e das sociedades tribais como um todo parece ser a explicação mais razoável para o texto em apreço, assim como para o genocídio cananeu. Como bem escreveu Kyle Yates, todo o capítulo sete de Josué traz em si o cerne da “solidariedade comunitária” para o bem ou para o mal:


O antigo conceito de solidariedade comunitária está subjacente à história em toda parte. (1) O pacto divino da unidade de Israel como nação “consagrada” (isto é, santificada. cf. Êx 13.11-15; 4.23) deu-lhes a segurança da proteção do Senhor; (2) a ofensa de Acã estabeleceu sua associação com os cananeus que eram “consagradas ao Senhor para a destruição” (isto é, amaldiçoados) e os separou da proteção do pacto (Js 6.17,18: 7.15); (3) a ofensa de Acã tornou-se a ofensa de Israel até que eles se separassem das “coisas consagradas” cujo fim deveria ser a destruição (Js 6.18; 7.11,12); (4) toda a família de Acã e todas as suas posses haviam sofrido o estigma das “coisas consagradas” e compartilharam sua responsabilidade e destruição (Js 7.24,25). [9] 

Portanto, todo o contexto favorece a leitura do texto a partir do “conceito corporativo da personalidade hebraica”. Mas vem a pergunta inevitável: como fica Deuteronômio 24.16 à luz da “solidariedade comunitária”? Onde está escrito: “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais; cada um morrerá pelo seu próprio pecado.” 

A hipótese mais provável é que o sentido comunitário para punição e bênção divina era mais uma influência cultural do tribalismo como modo de organização social do que o ideal divino manifesto na lei (Deuteronômio 24.16) e confirmado nos profetas, a exemplo de Jeremias 31.29-30 e Ezequiel 18. Assim, a individualização da pena já vinha sendo desenhada aos poucos no coração da mentalidade hebraica. Já em o Novo Testamento a individualização da responsabilidade é claríssima: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14.12). Veja também: Romanos 2.6; 1 Coríntios 3.8; 11.28; Efésios 4.7; Gálatas 6. 4-5;  1 Tessalonicenses 4.4; Tiago 1.14. 

Referências Bibliográficas:

[1] Livro de Josué 7.9. Todos as citações deste post são da Nova Versão Internacional (NVI). Salvo indicação ao contrário. 

[2] Livro de Josué 7.15

[3] Livro de Josué 7.25. Há intérpretes, baseados especialmente em Deuteronômio 24.16, que não acreditam na morte dos familiares de Acã. “Como a lei divina proibia expressamente os filhos para serem mortos pelos pecados do seu pai (Deuteronômio 24. 16), o transporte dos ‘filhos e filhas’ de Acã para o local da execução poderia ser apenas como espectadores, para que pudessem tomar a advertência do destino que o seu pai tomou, ou, se eles compartilharam a punição de Acã (Josué 22.20), tinham provavelmente sido cúmplices de seu crime, e, na verdade, Acã dificilmente poderia ter cavado um buraco dentro de sua tenda sem a ciência de sua família”. [JAMIESON, Robert; FAUSSET, A. R. e BROWN, David. em Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible. Biblie Study Tools. EUA: Salem Web Network, 2008]. O mesmo argumento usado por RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. 149.

[4] "Nas sociedades ocidentais os indivíduos são muitas vezes considerados como unidades sociais, reunidas por alguma necessidade em comum (comércio, indústria, defesa mútua, etc.) Em contraste, a estrutura social de Israel era tribal e, portanto, corporativa (solidária), em suas relações internas, gerando comunidades fortemente estruturadas. Não importando seu tamanho, essas comunidades se percebiam como totalidades, unidas através de agências internas que faziam sentir sua presença em cada membro individual. O indivíduo não era esquecido, mas também não era considerado a unidade em que a sociedade fora constituída. Em vez disso, a família era a unidade, e o indivíduo encontrava o seu lugar na sociedade através da família e de suas extensões. A subtribo era realmente uma família muito extensa, e uma coleção de subtribos relacionadas formaram uma tribo, e uma federação de tribos produziam uma nação." [WILLIAMS, William C. . Family Life and Relations. ELWELL, Walter A. Evangelical Dictionary of Theology .Grand Rapids: Baker Book House Company, 1997. p/d] Grifos meus. 

[5] Em Gênesis 12.3 lemos a promessa de Deus a Abraão: “E em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Na mentalidade hebraica- não só nela - você não leria: “E em ti serão benditas todos os indivíduos da terra”. A unidade não é a pessoa, mas a célula familiar. 

[6] Livro de Josué 7.14. “Em Josué 7.16-18, que descreve a busca feita para identificar o homem culpado de deixar Deus insatisfeito com Israel, isola-se primeiramente a ‘tribo’ (shebet) de Judá, em seguida a ‘família’ (mishpaha) dos zeraítas, então a ‘casa’ (bet) de Zabdi. A casa de Zabdi é então examinada e se descobre que um dos seus netos, Acã, ele próprio tendo vários filhos, é o culpado”. [HARRIS, R. Land; ARCHER Jr, Gleason L. e WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1998. p 1602.]

[7] HESS, Richard. Josué: Introdução e Comentário. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 2006. p 134. Para uma introdução sobre os termos hebraicos para cada divisão societária em Israel, veja: BENTHO, Esdras Costa. Análise Sócio--Histórica da Família. A Família no Antigo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. pp 23-36. Para uma introdução mais generalista, veja: GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 2 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. pp 54-70.

[8] Expressão usada em tom crítico por: RICHARDS, Lawrence O. Op. cit. p 149.

[9] PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. 4 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p 1226

domingo, 30 de junho de 2013

O CIÚME DO ESPÍRITO SANTO EM MIM!

Por: Caio Fábio
Quando se diz que “o Espírito Santo nos habita e que sente ciúmes de nós” em Seu zelo pela nossa vida, muita gente pensa “em ciúmes” com as mesmas categorias que um cônjuge sente ciúmes de um outro que ande em leviandades ou em descuidos relacionais.

Entretanto, não é assim o ciúme do Espírito. O ciúme do Espírito é em favor da nossa felicidade e da nossa saúde de consciência; não sendo, portanto, um ciúme passional ou mesquinho.

O ciúme do Espírito é contra tudo o que não seja vida segundo Deus; é contra toda nossa traição de nós mesmos e da vida; é um insurgir-se divino em nós em razão da violação da nossa consciência; é uma tristeza santa pela nossa entrega ao que mata ou adoece o ser; é apagar de alegria de Deus em nós por causa da nossa alegria entorpecida; é o desnamoro do eterno com as nossas más escolha no existir!

O Espírito sente ciúmes do modo como não damos valor a nós mesmos, entregando-nos de modo banal ao que não seja carregado de significado, vida e amor. 

Por esta razão o Espírito se entristece e se enciúma de tudo quanto seja mentira contra a Verdade; ou de tudo aquilo que se faça contra o próximo; ou de tudo aquilo que seja promiscuidade minha contra a integridade do meu ser!

O Espírito não sente ciúme da sua namorado, mas do seu modo de namorar; não sente ciúmes do seu sexo, mas da escolha des-significada com a qual você o pratica; não sente ciúmes da sua felicidade, mas do seu autoengano de felicidade; não sente ciúmes do seu trabalho, mas do modo como você o faz; não sente ciúmes do seu amor, mas da sua possível idolatria afetiva.

O Espírito Santo sente ciúmes em favor daqueles a quem deliberadamente provocamos ciúmes; sente ciúmes das nossas vaidades; das nossas soberbas; das nossas escolhas pelas banalidades; das nossas obediências ao capricho divinizado; das nossas idolatrias materiais; dos nossos cultos ao sucesso; da nossa relação com o sagrado como se fosse com Deus; da nossa entrega à religião como um fim em si mesmo; dos altares de falsas importâncias aos quais nós possamos nos dedicar!

O ciúme do Espirito não é pela sua beleza, ou pela sua roupa, ou pela arte que você aprecie; ou pelas maravilhas que você contemple; ou pelo filme proibido para menores que você viu e gostou; ou pela musica não sacra e não gospel que agrada tanto a você.

O ciúme do Espirito é contra tudo o que eu não possa fazer em Deus, dando graças a Deus, e com amor, respeito e reverencia para com o meu próximo e para com a vida!

O Espírito Santo me habita; sou cheio Dele; sou santuário Dele; sou Sua casinha de amor!

Assim, o ciúme do Espírito tem a ver com o que trago para o coração como se pudesse ter em mim um lugar para Deus e um outo para o que não se apresenta em santidade e pureza diante do Eterno habitante do nosso ser.

O ciúme do Espírito não vem de fora, mas do que me possui dentro, nos meus pensamentos, nos meus sentimentos, nas minhas produções de consciência, na fábrica interior do meu coração!

Assim, o ciúme do Espirito por mim tem apenas a ver com a falsificação de mim mesmo em relação ao sentido da Vida que eu acolhi no Evangelho.

Então, quando é assim, o Espírito geme angustiado em mim; e, frequentemente as angustias que sinto são as angustias Dele em mim; buscando me lembrar de que a vida com Deus é um casamento da consciência com a verdade, a fé e o amor; e que as implicações disso têm a ver com o alinhamento do meu seu ao Caráter do Amor de Deus, segundo Cristo em mim. 


Nele, em Quem o que é santo é santo.

Até a próxima!

sexta-feira, 21 de junho de 2013





QUANDO SERÁ O FIM DO MUNDO:  2034?

A Torre de Vigia passou todos os limites de bom senso, senso crítico e discordância da Palavra de Deus. Soube com bastante atraso que os líderes desse grupo resolveram acabar com o mundo no ano de 2034, conforme revista A Sentinela, de 15.12.2003, página 15, parágrafos 6 e 7.
Como todos já sabem, a Torre marcou o fim de todos os sistemas mundiais, notadamente do Cristianismo e de todos os cristãos para os seguintes anos: 1914, 1918, 1920, 1925, 1975 e, agora, 2034. A cada profecia não cumprida, esses líderes assinam o próprio atestado de inidoneidade teológica. Isto é, estão despreparados para entender as Escrituras e para ensino.
O novo cálculo para chegar ao ano 2034 é dos mais prosaicos e até hilariantes. Vejam: 1914, somado a 120 de pregação antes do dilúvio (?) resulta no ano de 2034. A liderança do grupo continua com a obsessão por 1914, ano em que Jesus teria vindo de forma invisível. Onde foram buscar essa data? Chegaram a um ponto em que não podem voltar. O único remédio é continuar sustentando o insustentável.
Considero uma falta de respeito com os fiéis seguidores da Torre, já tão massacrados com previsões que nunca se cumprem e com proibições as mais estapafúrdias e antibíblicas.
Já sabemos o que dirão em 2035, quando a profecia não se cumprir. Dirão que seus seguidores compreenderam mal a cronologia bíblica; que não era uma realidade, mas uma possibilidade; que uma nova luz raiou no canal de Jeová; que as testemunhas não precisam ficar desiludidas; que continuem na Torre, a única detentora da verdade. Passados alguns anos, um novo cálculo, uma nova luz, uma nova mentira.
Cito apenas um versículo para desmascarar tais falsos mestres:
“Acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente o Pai” (Mt 24.36 – Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O descaso com a pregação

Por Gutierres Fernandes Siqueira

O pentecostalismo tradicional em nada difere do neopentecostalismo no descaso com a pregação. Infelizmente, pregadores que honram a Jesus Cristo com uma boa interpretação bíblica são minoria. Há toda uma cultura de desvalorização do bom e velho sermão. Vejamos:

Exegese é extrair a mensagem do texto.
A perversa eisegese é colocar a sua própria ideia no texto.
a) O esboço é raro. É quase tudo na base do improviso. E o pior, ainda colocam o Espírito Santo para justificar a preguiça de preparar um sermão. Todos sabem que preparar uma mensagem estruturada é um baita trabalho. Além disso, Deus em nada ficará impedido de falar por uma mensagem previamente estudada, pois Ele fala pela Palavra e ela não volta vazia.

b) A tônica é a performance artística. Os gritos, gestos, histórias e danças com os braços trazem para o pregador pentecostal a performance de um artista. Mas, é claro, profeta não é artista e artista não é profeta. Infelizmente, muitos cultos se assemelham a um circo. Nunca leram I Coríntios 14?

c) O texto bíblico? Um mero detalhe. A pregação não é conduzida pelo texto bíblico, mas o texto bíblico é conduzido pela "mensagem" do pregador. É a famosa eisegese. Essa palavra vem do grego eisegesis e significa "ato de introduzir, propor, de dar conselho”. Ou seja, é alguém que quer introduzir uma mensagem no texto lido. E deveria ser justamente o contrário, pois a mensagem deveria surgir a partir do texto lido. Essa é a boa exegese.

Nada do que falei é novidade, mas parece que a mente dos pregadores pentecostais está cauterizada. Quando isso acontece é um caso sério para orações.

quinta-feira, 28 de março de 2013


Adora(dores)
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (João 4.23)

                                                                                                                             
          A adoração sempre foi o princípio de tudo, a natureza criada harmonicamente entoa sons de adoração: o marulho das águas louva a Deus, o estrondo das ondas do mar adora o Criador, o uivo dos ventos veementes são acordes de adoração (À)quele que tudo faz, o cantar das aves anunciando o dia, o balançar dos galhos no estalar da madeira, os animais em bandos ruminando e agradecendo no engordar dos seus lombos, a ave de rapina dando de comida aos seus pintainhos no topo da montanha abrindo as asas num tom ufânico ao enxergar de longe a comida para prole nos dias de inverno, os cardumes num bailar triunfal se deslumbrando ao lado de seres gigantes que vão a superfície e voltam ao mais profundo e deixam as águas repletas de um borbulhar que diz: ELE É O SENHOR. As gramas saindo das entranhas da terra, colorindo o chão nu, as plantas rasteiras se ramificando e botoando o ambiente com outras cores, as pétalas se abrindo delicadamente exalando perfume e atraindo o beija- flor e as abelhas que extraindo o pólen agradecem ao Criador por sua fantástica obra; sim a adoração está vinte e quatro horas na voz dos seres que não raciocinam, mas entendem que há um Deus superior e Criador que merece total reverência e adoração.

           E o Deus triuno fez o homem e pronunciou: façamos o homem segundo a nossa imagem e semelhança e que ele “governe” (orquestre) sobre toda obra criada. (Gn 1.26-28) Assim entendemos que o homem foi o maestro da maior orquestra filarmônica do mundo: a natureza, e por isso deveria até hoje entender o que são e como são as notas musicais da suprema adoração. Então, o primeiro casal não entendeu o poder existente no louvor e atraído pelo doce veneno da serpente abandonou seu posto e deixou o coral cantando sozinho até que um dia tudo começou a desentoar e produzir as tantas catástrofes: maremotos, tufões, alagamentos, erupções desordenadas, todo som harmônico que rege a nossa vida desentoou talvez porque você e eu abandonamos o nosso lugar de conhecedor da adoração.

          Não quero com isso dizer que a adoração no homem se extinguiu, pense comigo: o homem quis acrescentar uma nota fora do tom ao que já existia, pois no princípio a única ocupação do homem era adorar com o seu trabalho, tanto que na viração do dia Deus falava com ele, quando então o casal decide deliberadamente ser igual a Deus, o Criador se ausenta por ausência de adoração, posto que a adoração é o feedback, a certeza de que adorando seremos ouvidos, adorando seremos agraciados pela santa paz que excede todo entendimento mesmo no momento mais turbulento de nossas vidas, adorando em espírito e em verdade entoamos som como uma bomba atômica contra os poderes do mal, “damos um golpe de estado num estado de coisas”, adorando verdadeiramente ao Rei dos Reis, até a morte tem que retornar ao seu lugar de origem e a pior enfermidade tem que ir embora, nada suporta o som da adoração a Jesus, até os caídos se levantam, os ossos secos criam carne e vida, pois esse é o único som que faz Deus se levantar, pelejar, guerrear e vencer por você.

          Se a adoração verdadeira que é produzida no íntimo da alma é a arma para lutarmos e o som para agradecermos, o que aconteceu com os adoradores? Onde eles estão? Onde está o seu Deus?

          O homem aprendeu a cantar, exibir sua bela voz, bater palmas, levantar as mãos, saltar sem entender que é necessário, mesmo caído, restaurar seu posto de maestro. O caminho inicial sem dúvida é se entregar a Jesus e nascer de novo, mas ai está, nem todos nasceram de novo, muitos buscaram sozinhos e com as próprias mãos mudar para obedecer, mudar para fazer média na comunidade, até obedecem às regras e costumes, mas no íntimo não nasceram de novo, logo sua adoração não é adoração é dor, enfado, interesse próprio, carnalidade revestida de santidade ou não foi assim com a Samaritana? Ela contra-argumentou com Jesus sobre esse tema: “nossos pais adoravam neste monte e vós (judeus) dizeis que o lugar de adorar é em Jerusalém” (Jo 4.20); percebam que a dor da tradição é latente e essa dor é quase incurável, nossos pais, antepassados, isto é, aprendi desde pequena que é assim disse ela, em outro tom dizem: nasci nesta religião e nela vou morrer, e não entendem, como a Samaritana também não entendeu até que Jesus explicasse que o adorar é livre não está aqui nem ali, o adorar é como o vento, qual a sua direção?

          O verdadeiro adorador neste momento está no quarto frio do hospital cercado de aparelhos, porém grato por saber que sua vida, seja aqui na terra como ser carnal ou no paraíso celestial no mundo dos seres espirituais, está nas mãos do criador, afinal Ele é o nosso dono, Jesus é quem resolve o que quer de nós. O verdadeiro adorador está agora na cozinha preparando, mesmo com pouca comida no armário, a mais saborosa refeição para os seus filhos, superior aos mais requintados Buffets europeus, porque ao descascar o único legume que tem ele está sendo grato por mais um prato na mesa, pois sendo nós pecadores e desobedientes, mereceríamos mesmos: o nada. O verdadeiro adorador é aquele que ver a mão de Deus em tudo, até mesmo quando a sentença judicial foi contra ele, então com os olhos em lágrimas, sem entender, ele olha para os céus e entoa: DEUS, EU TE AGRADEÇO! O verdadeiro adorador é aquele homem ou mulher que diante do som do pecado acha estranha àquela nota, olha para orquestra e diz, NÃO, ESTÁ ERRADO! O certo é: EU NÃO POSSO PECAR CONTRA O MEU DEUS, EU PERTENÇO AO SENHOR. O verdadeiro adorador incentiva a outros através de seu testemunho a louvar ao Senhor na beleza de sua santidade. O verdadeiro adorador reconhece que é imperfeito, mas entende que sua fraqueza pode ser aperfeiçoada nAquele que tudo pode e faz. O verdadeiro adorador não julga o outro, porque sabe que Jesus já foi julgado em seu lugar. O verdadeiro adorador caminha duas léguas com inimigo, cobre o nu, veste do frio o adversário, dá a outra face e acima de tudo, ama.

          Por outro lado, aquele que não adora em espírito e em verdade é apenas um adora – (dor), é só dor, dor e dor. Dor por não ser sincero; dor por não receber a benção verdadeira e confundir benção material com prosperidade divina; dor em ir ao culto só para assistir e não para adorar e por não adorar verdadeiramente, continua levando essa vidinha de resmungos, dor por parecer o que não se é; dor por não buscar na fonte certa a verdade; dor pelo juízo que vem, dor em causar mais dor ainda, quando deveria o homem fugir de toda aparência do mal, porém se deleita nas rodas de fofocas, entrega seus irmãos e não consegue andar de dia nem carregar a paz, porque a paz nunca teve. Afinal, “Vai buscar o teu marido e vem cá, disse” Jesus, ela respondeu: não tenho marido e Jesus retruca: “disseste bem, pois já tiveste cinco e este que agora tens não é o teu, agora falaste a verdade”. (Jo 4.16-18) Ora, nenhuma verdade é verdade sem que antes venhamos a conhecer quem é Jesus e quando o homem o conhece, experimenta, segue e o fim é se entregar e adorar, fora disso é só religiosidade, hipocrisia, fanatismo e muito farisaísmo.

          Mas ainda tem uma saída! É possível, mesmo hoje, transformar adora- (dor) em “a - dor – ação”. Jesus disse a Samaritana: “aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo 4.13,14) Talvez seja esse o primeiro princípio para que o maestro retorne ao seu posto e orquestre uma sinfonia que mova o coração de Deus e restabeleça sua aliança com ele, mas onde está o homem? Quem sabe buscando naquele “hino de vingança” confortar o seu ego e mentir para si mesmo, pois o inimigo que deve ser humilhado e morto, segundo a Bíblia, é o diabo e seus anjos os quais pelejam o tempo todo para que eu e você paremos de adorar, outro inimigo é a morte a qual Jesus já tem o fim para ela em breve. Agora nosso maior inimigo humano existe para exercitarmos canções de louvor em adoração a Deus, pois é o amor, fruto produzido pela Água Viva do Espírito Santo em nós, que nos faz perdoar aqueles que nos perseguem, porém não estou aqui bancando um super – crente que já foi transportado pela carruagem de fogo da santidade, perdoar o inimigo demanda esforço e exercício diário dessa luta entre a carne e o espírito, não é fácil, mas a água da vida nos faz mudar de visão, sai então a visão carnal limitada e surge ao longo do amadurecimento da vida cristã a visão espiritual ilimitada. “Como sendo tu judeu pedes de beber a mim que sou samaritana?” (Jo 4.9) Para a samaritana carnal tal união era impossível, mas quando ela passasse a experimentar a Água da Vida, toda barreira seria quebrada.
         
           Onde Está o Deus dos adora – (dores)? Em primeiro lugar, o Deus dos adora- dores não é o verdadeiro Deus é apenas um deus criado na imaginação daqueles que se vestiram de religião, mas nunca beberam na fonte, não nasceram de novo, logo escutam vozes estranhas, o que ganha perece e o fim será gritar: “Profetizamos tanto em teu nome, em teu nome expulsamos demônios”, a resposta é uma só: “Nunca os conheci”, dirá Jesus. (Mt 7.22)

          Em segundo lugar, esse deus é fruto da tradição cultural, logo seus produtores são como violões com apenas uma corda, só têm uma nota:  o eu, eu, eu, só eu...

          Assim, os verdadeiros adoradores estão acostumados às sinfonias, o que é belo não é a sua voz, mas a essência do seu trabalho, portanto na alegria ou na dor, mesmo que o fruto da oliveira minta, que falte mantimentos, que tudo se acabe, eu, porém, louvarei ao Senhor. Faça isso agora, aconselho você que pare agora um minuto onde estiver e eleve seus pensamentos aos céus, direcione – se ao trono da Graça e apenas adore, adore, adore... Esqueça passado, presente e futuro, problemas, sonhos não realizados e adore, as demais coisas você verá: serão acrescentadas, assim diz o Deus dos verdadeiros adoradores, Jesus Cristo.

Até à próxima!
André Silva.

quinta-feira, 21 de março de 2013


O Super Espermatozóide de Augusto Cury e os pregadores



Não são poucos os pregadores famosos que bebem das águas do cientista Augusto Cury. Alguns, inclusive, fazem questão de dizer que os livros desse psiquiatra cristão (cristão?) são um fiel retrato do Deus apresentado nas Escrituras. Será?

Já citei, em outro artigo, alguns trechos do livro Nunca Desista dos seus Sonhos. Neste, citarei partes da obra Você É Insubstituível, a fim de demonstrar como esse brilhante psiquiatra e autor de best-sellers está equivocado quanto ao seu pensamento a respeito do Criador e suas criaturas, a ponto de, conscientemente ou não, diminuir o Senhor Todo-poderoso, ao supervalorizar o ser humano.

“Você foi surpreendente! (...) Somente alguém com uma força descomunal como a sua poderia vencer uma corrida com milhões de concorrentes pisotenado-o, pressionando-o. (...) Você foi um grande sonhador. Sonhou sem ter capacidade de sonhar. Sonhou, através do seu programa genético, com o espetáculo da vida. O que você pensou na corrida? Nada! Você ainda não pensava. (...) Sem sonhos, a vida não tem brilho. (...) Lembre-se de que, comparando o tamanho do espermatozóide com as montanhas que teve que escalar dentro do útero de sua mãe para fecundar o óvulo, você escalou centenas de montes Everest. Nada podia detê-lo. Quando temos um grande sonho, nenhum obstáculo é grande demais para ser superado” (Você É Insubstituível, Sextante, pp.32-43).

O que há de errado com o belo palavreado de Augusto Cury? Em primeiro lugar, ele descreve todo o processo de concepção do homem sob a ótica antropocêntrica. Não enfatiza que o fato de um único espermatozóide, dentre milhões, conseguir fecundar o óvulo se deve ao grande Criador, que dá origem à vida e a preserva desde a sua concepção. Veja o que está escrito em Salmos 139.16: “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia”.

É exagerada e descabida a ideia de considerar a partícula masculina — o espermatozóide — vencedora por ter atingido o óvulo. Na verdade, a vida humana só tem origem quando as partículas masculina e feminina se encontram. E, antes disso, não há nada que possa ser valorizado em um espermatozóide, a ponto de se comparar a sua chegada ao óvulo com o escalar de centenas de montes Everest! Oh, nada pôde detê-lo. O nosso super-herói venceu! Viva o Esperman, o invencível!

Para reforçar a teoria do Super Espermatozóide, Cury afirma: “Você nadou sem barco de apoio, bússola ou outra tecnologia para fecundar o óvulo. E, além disso, tinha de atingir um ponto minúsculo sem ter o mapa do alvo. Imagine sair a nado da Europa até os EUA e atingir um alvo pequeno como um ovo de páscoa. Sua pontaria foi incrível! Você bateu todos os recordes imagináveis de nado livre” (Você É Insubstituível, Sextante, 46).

Ora, que me perdoem os fãs desse grande cientista e psiquiatra, mas a ilustração acima é risível. Não há força descomunal nem incrível pontaria algumas em um espermatozóide! Isso é conversa de palestrante de autoajuda. O pior é ter de ouvir pregadores famosos — que não discorrem sobre a Ajuda do Alto (Hb 13.5,6) — dizendo: “Dentre milhões de espermatozóides, apenas um atingiu o óvulo da sua mãe. Diga para o seu irmão: ‘Você é vencedor desde o ventre materno’”, como se isso fosse uma grande verdade da Palavra de Deus!

Ao contrário do que assevera Cury e seus fãs, surpreendente é Deus, e não o espermatozóide! Afinal, somente Ele, com o seu grande poder, podia ter feito com que o espermatozóide atingisse o óvulo da nossa mãe! Por isso, o mesmo salmista (Davi) reconheceu a grandeza de Deus, ao criá-lo: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl 139.14).

Cury também assevera que o Esperman já era um sonhador! E, a partir dessa grande “descoberta”, introduz a sua “fantástica” teoria de que tudo gira em torno dos nossos sonhos. Em outras palavras, o ser humano, a rigor, não precisa de Deus. “A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, e a ausência dos sonhos transforma milionários em mendigos” (Nunca Desista de seus Sonhos, Sextante, p.12). Mas, como já vimos em outro artigo, entregar o caminho ao Senhor, priorizando a sua vontade, é muito mais importante do que sonhar de olhos abertos (Sl 37.5; Lc 9.23; Rm 12.1,2; Pv 16.1).

“Sua mente é insondável, mas talvez nem perceba. (...) Determine ser alegre, seguro, feliz. Dê um choque de lucidez em sua emoção, arquive novas experiências! Seja autor e não vítima de sua história” (Você É Insubstituível, Sextante, pp.57-61). Não é incrível tudo isso que Cury escreveu? Ser feliz é mais fácil do que se imagina. Você não precisa entregar a sua vida ao Senhor Jesus e segui-lo, como diz o antigo mas atual Livro dos Livros. Basta você usar todas as suas potencialidades. Elas estão dentro de você! Ouse sonhar! Determine!

Viu de quem alguns pregadores e cantores estão recebendo as suas “inspiradíssimas” mensagens sobre os sonhos de Deus que jamais vão morrer? Diferentemente do apóstolo Paulo, que dizia: “eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23), eles podem afirmar, de boca cheia e aparentando muita espiritualidade: “eu recebi do grande psiquiatra, cientista e autor de best-sellers Augusto Cury”. Oh, como são “maravilhosas” as pregações e canções da pós-modernidade! Como elas massageiam o nosso ego!

Mas o senhor Cury, que já “analisou” a inteligência de Cristo — que pretensão, hein! —, deveria saber que insondável mesmo é a sabedoria e a ciência de Deus (Rm 11.33). Ademais, somente o Senhor pode determinar. E Ele é quem deve ser o autor da nossa história! Quanto a nós, falíveis e fracos mortais (1 Pe 1.24,25), devemos depender inteiramente dEle (1 Pe 5.6,7), como nos ensina a sua Palavra: “Posso todas as coisas naquele que fortalece” (Fp 4.13).

O antropocentrismo desse grande psiquiatra não para por aí. Diz ele, com convicção: “Talvez você esteja ocupado que nem ache tempo para dialogar consigo mesmo. É provável que você cuide de todo mundo, mas tenha se esquecido de você mesmo” (Você É Insubstituível, Sextante, p.79). Viu qual é a diferença entre a autoajuda de Cury e a Ajuda do Alto esposada na Palavra de Deus? A primeira nos estimula a acharmos tempo para nós mesmos. A segunda nos exorta a dedicarmos o melhor do nosso tempo ao Senhor e meditarmos em sua lei de dia e de noite (Sl 1.1-3; 55.17; 119.97; 1 Ts 5.16,17, etc.).

Augusto Cury não poderia concluir o seu best-seller Você É Insubstituível sem falar novamente do Super Espermatozóide: “Lembre-se sempre de que no início de sua história você era fragilíssimo e solitário, mas foi um gigante. (...) Você nasceu vencedor. (...) Brilhou tanto, que merecia o Oscar, o Nobel... Mas tudo isso era pequeno para premiá-lo. Então entrou em cena um ser especial, o Autor da existência, Deus, do qual ouvimos muito falar e conhecemos tão pouco. Ele observou sua capacidade de lutar. E, por fim, o premiou com o maior de todos os prêmios: O MILAGRE DA VIDA. (...) Se você não existisse, o universo não seria o mesmo” (Sextante, pp.88-107).

Meu Deus! Como podem os pregadores não perceberem o quanto a teoria do Esperman diminui o Senhor e endeusa o ser humano? Ela ignora que Deus é quem dá origem e controla todo o processo da concepção. E ainda afirma que o Criador dá um prêmio para o vencedor, depois de ter percebido que ele — o espermatozóide, nesse caso — teve capacidade de lutar! O pior é que o senhor Cury ainda posa de entendido no estudo sobre Deus, ao dizer: “entrou em cena um ser especial, o Autor da existência, Deus, do qual ouvimos muito falar e conhecemos tão pouco”.

Infelizmente, não são apenas os pregadores que estão enveredando pelo caminho da autoajuda, em detrimento da Ajuda do Alto. Há muitas canções “evangélicas” de sucesso pelas quais se afirma que já nascemos para vencer, que já tínhamos cara de vencedores! Repito: isso é conversa de palestrante de autoajuda! À luz da Palavra de Deus, o ser humano nasce pecador, perdido, derrotado (Rm 3.23; Sl 51.5). Nasce para perder, e não para vencer! Ele precisa atender ao chamamento do Senhor Jesus para a salvação (Mt 11.28-30), dirigido a todos os homens (At 17.30,31), a fim de que se torne mais que vencedor, em Cristo (Rm 8.37).

Amém?
Ciro Sanches Zibordi