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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Quando errar faz bem


Você já se arrependeu de uma alguma coisa que fez? Essa é uma pergunta universal na boca de muita gente, embora de forma mal empregada, as pessoas por estarem presas a regras culturais e comportamentais, acreditam que seu erro nem deve de longe ser contado, experienciado e vivido, tudo porque nossa justiça própria diz que somos livres, quando a liberdade mais parece uma prisão.
Por essa ótica, nascemos numa sociedade onde errar faz mal e deve ser banido da possibilidade do erro até existir na mente, porque fomos ensinados a ganhar, a sempre acertar, por isso quando erramos ficamos perdidos sem saber administrar as suas causas e suas possíveis conseqüências. Você já parou pra se perguntar o porquê se arrependeu? O que é arrependimento e até que ponto é necessário se arrepender?
Imbuídos por esses questionamentos, acredito que as pessoas ao errar ganham novas oportunidades de acertar, portanto não faz necessário o arrependimento, uma vez que arrependimento só existe se ele for irreversível, pois é um caminho sem volta, é o não fazer nunca mais e para tais atos na vida o arrepender-se se faz necessário em duas perspectivas: quando erramos com o outro e quando erramos contra Deus. Fora disso, não deve haver arrependimento, porque se não a vida acaba se limitando a um cenário teatral.
Se observarmos, as pessoas vivem vestindo um personagem para, na frente das pessoas, viverem uma coisa que não existe, pois somos fracos, tendenciosos ao erro, o problema é que dos dois lados há um abismo: a minha justiça própria e a hipocrisia de não aceitar que ao errar, posso está aprendendo a levantar mais forte.
Nesse caso, há muita gente querendo aprender sobre a vida com os erros dos outros, é bem verdade que as falhas ficam para observarmos, mas quem disse que as quedas são iguais? Ninguém adultera pelo mesmo propósito, ninguém fornica pelo mesmo propósito, ninguém rouba, odeia, se enciúma, calunia, mente da mesma e com os mesmos propósitos, os dedos das mãos nunca serão iguais, no erro há uma causa por trás que deve ser melhor trabalhada para que o erro não persista. A questão está nas causas, mas nossa justiça própria só aponta as conseqüências porque somos tendenciosos a apontar o erro, nunca as virtudes. Com isso, enchemos o pulmão para dizer que não fazemos o que o outro fez, quando sabemos que o pecado rodeia a todos e entra naquele que der brecha.
Vejo muita gente com medo de viver pra não errar, com medo de amar pra não sofrer e acabam nem vivendo e nem amando, tudo porque acreditam que perder é ruim, que errar faz mal, pois tempo é ouro, quando o tempo passou e nada foi feito.
Viver é ação e reação, muita gente nem quer agir, nem sentir os efeitos, mas querem esperar sentadas suas vitórias, não querem participar ativamente de suas conquistas, por medo de se ferir, querem viver se arrependendo sempre, é uma pena que muita gente pense assim, é uma pena ver pessoas arrependidas de ter vivido, sem ter tirado proveito dos erros que a vida nos proporciona, até tento entender tal reflexão, quando somos cercados por frase do tipo: “O que as pessoas vão pensar de mim?” Sei que o dedo acusador das pessoas fere, machuca e nos direciona às vezes a quartos escuros, aos efeitos colaterais dos remédios, porém precisamos lembrar que somos seres humanos limitados, portanto toda vez que quisermos viver, o erro acontecerá, senão se tranque no quarto e vegete, embora até vegetando você erra por não se dar a oportunidade de acertar.
Nesse caso, muitos cristãos observam os personagens bíblicos por uma perspectiva mitológica como seres mágicos e que não erraram, porém, quando encontramos algum personagem o qual trouxe sobre si as marcas do erro costumamos falar justamente do seu erro: Jacó, Davi, Sansão... Quando José do Egito é mais lembrado pela sua bravura diante do pecado, sem percebermos suas fraquezas existentes nas entrelinhas do texto. A mentira de Jacó foi necessária, ponto de partida para ele conhecer a Deus por ele mesmo, através de sua experiência pessoal. Quantos estão vivendo um evangelho camuflado e sustentado na visão do: “não pode, não pode, não deve”, quando lá dentro estão querendo tudo, quantos estão vivendo uma rotina e não uma vida cristã, por esquecer que Deus não olha, nem julga como o homem, mas usa de misericórdia acaso você queira ser tratado; quantos aceitam o Jesus da igreja sem aceitar o Jesus do evangelho, porque o Jesus da igreja parece mais um juiz implacável, irado e não dá oportunidades de voltar atrás em suas decisões.
Não estou querendo aqui dizer que pecar é bom, que devemos praticar o pecado pra sentir o sabor dele, nada disso, apenas dizer que não somos tão fortes quanto pensamos, dizer que se alguém pecar temos um advogado, Jesus Cristo e não as pessoas ou nós mesmos. Esse fragmento da 1º epístola de João é linda, pois ela expõe de forma contundente quem somos e o que devemos fazer: “não pequeis, mas...” Parece que João, tanto quanto Paulo e Jesus sabiam das nossas limitações e sem o erro poderíamos correr o risco de não conhecer as misericórdias de Deus.
Diante do erro, Sansão foi preso, ficou cego, sem crédito diante de muitos, mas num momento espetacular ele lembra que o seu Deus ainda poderia atendê-lo, porque suas misericórdias não têm fim. Muitos pregadores costumam a dar mais ênfase na queda espiritual de Davi, mas não mostram sua sinceridade em reconhecer o erro os Salmos 51 é lindo, porém menos praticado hoje em dia, quando muitos preferem varrer o erro pra debaixo do tapete, tudo isso para viver de bem com o grupo social sem perceber que essa prática é farisaica: por isso estão, com esse pensamento, levando as pessoas a dar mais importância à santificação por fora sem frutos que se produz dentro. O povo de Israel havia traído Deus, Ele mandava chuva, o sol, o grão e a colheita, mas o povo agradecia tudo isso aos milagreiros, a Baal, e isso enciumava o coração de Deus, mesmo assim ele continuou amando o seu povo, porque sabia que no fim, seus escolhidos se arrependeriam e voltariam ao primeiro amor, dando louvor, glória e culto apenas a Ele, Jesus o Deus do cosmo.
Arrependimento é isso, ser sincero, ter senso crítico diante da situação, já o errar serve para medirmos nosso senso crítico, se ele está amadurecido pra tomarmos decisões ajustadas para que o erro não venha, por nos lembrarmos de suas duras conseqüências.
Então, porque errar pode fazer bem?
Em primeiro lugar, nossos erros nos farão bem para nos auto conhecer, conhecer nossas limitações e com eles traçarmos metas a partir das dores que os erros nos deixam. Não podemos continuar caminhando com as pernas dos outros, o fracasso do outro pode ser objeto de análise, mas nunca poderemos experiênciá-los, bom mesmo é cair, batermos a poeira do corpo e nos levantarmos através da nossa vontade de acertar. Porque Deus ainda tem uma saída pra você, Deus ainda há de levantá-lo, ainda há de apostar na sua pessoa, se dependermos do olhar julgador dos outros, acabaremos ali, ninguém estenderá a mão, mas o projeto de Deus para sua vida é salvação e não derrota.
Em segundo lugar, errar pode fazer bem para nos lembrar que somos dependentes de Deus, portanto não devemos agir como super crente, pois se nos intitularmos como tal poderemos ser idolatrados, se Davi não adultera, o povo o idolatraria pelo excelente reinado e lindas melodias feitas ao Senhor, se você não erra ou diz que é forte suficiente, acaba cometendo um erro: perfeito, só Jesus. Se você não erra, deixa de ser dependente, se tornando um super – homem, esquece que a vida e a nossa carne expelem criptonita a nos enfraquecer nas caminhadas da vida. Se você não erra, pra que buscar a Deus, pra quer orar a Ele, você é sempre forte, se mostra impecável, nunca mostra suas falhas, então ou você mente muito bem ou é hipócrita ou perfeito, porque errar faz parte da vida.
Em terceiro lugar, errar pode fazer bem para nos lembrar do preço das suas conseqüências e ao pensar nelas, daremos um passo atrás, ao refletir pelo que já passamos, podermos dizer: é melhor recuar do que sofrer a pena, não vou avançar o sinal, porque o mal está na minha frente, eu já o vi de perto, não vou errar mais, eu já conheço sua voz.
Em quarto lugar, precisamos lembrar que o erro não é fim e sim o começo de uma nova chance pra recomeçarmos mais fortes, errar é poder viver aqui e agora como pessoas sinceras e sem neuras diante de Deus, que vê tudo, e dos homens, portanto errei sim, mas quero acertar, você me ajuda? Se não ajuda e apenas julga é porque seu olhar nunca foi cristão, mas farisaico, não observou a Palavra de Deus que diz: devemos suportar a fraqueza do outro, esqueceu de ler que o amor tudo espera e suporta, portanto lembre: aquele que está de pé, se achando forte, cuide para que não caia e aos que errarem, não escute a voz inimiga dizendo que não há mais jeito, lembre-se de que você tem um advogado, amante de sua alma o qual se você pedir pão, não irá lhe dar pedra.
Reconhecer o erro como perspectiva para um aprendizado é regar uma planta que não recebeu água há muito tempo, falo isso porque somos demagogos na arte de amar, falamos que amamos, mas na hora do erro do outro, somos os primeiros a jogá-lo no mar do escanteio, somos os primeiros a apedrejar as madalenas da vida, somos os primeiros a olhar de longe os pecadores esquecendo que eles têm uma alma.
Jesus não teve medo de errar, por isso nunca errou, Jesus não teve medo da cultura do grupo, “o que vão achar de mim?” Jesus não teve medo de errar, pois sabia que a vida trás surpresas, logo defende Madalena das pedradas hipócritas, come com pecadores, defende a mulher adúltera que derrama óleo sobre seus pés porque como homem Ele queria mais estar em ação e somente em ação poderemos produzir frutos. Jesus sabia que os erros das pessoas eram na verdade um falta de visão ampla da glória que nos espera quando Ele nos vier buscar, erramos por que esquecemos do céu que Ele prometeu, mas Oxalá que ainda erramos e podemos amadurecer nEle, para não sermos tragados com o mal, aleluia que você é dependente e quer se banhar nas águas da misericórdia desse Deus que te ama.
Por isso, amadureça, para não errar, ande com suas próprias pernas para não depender das experiências dos outros e se errar, lembre das misericórdias de Deus e dependa dEle para se levantar, porque Jesus nasceu e morreu por e com objetivos e vontade própria, para que os meus e os seus erros sejam um dia e para sempre aniquilados nEle aqui, agora, e para sempre.

Até à próxima!
André Silva.