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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ansiedade: uma estratégia do velho homem
para perdermos o alvo




Não tenho como destrinchar todas as causas e seus meandros, até porque o próprio assunto traz em si uma profundidade digna de um livro, mesmo assim, tentarei dentro dessa série: Nas mãos do velho homem, desmistificar essa característica humana, não como doença dos dias modernos, e sim como estratégia de quem quer nos ver desviar do alvo principal que o Reino e a glória que nos espera. Jesus foi claro, não andeis ansiosos pelo que haveis de comer, vestir, (Mt 6.25 – 34) mais tarde Paulo também nos adverte em sua carta aos (Fl 4.7). O que nos faz estar ansiosos?
As estratégias do velho homem contra o homem espiritual são muitas e antigas, no deserto o inimigo tentou até acreditar que Jesus poderia sofrer do mal da ansiedade, porém seu tiro saiu pela culatra. Sabendo então que Jesus estava quarenta dias com fome foi apressado em oferecer uma saída rápida para saciar seu corpo: “transforma as pedras em pães”, além do corpo, o inimigo atacou pelo mesmo viés: a ansiedade. Assim, tentou induzir o desejo em Jesus em ser alguém de destaque, afinal se ele era o filho do Deus vivo, porque não deixar claro que ele era rei e podia todas as coisas? Observe que nós humanos temos essa fome de transcendência, esse desejo de ter e ser desde o jardim. “E sereis como Deus sabendo o bem e o mal” (Gn 3.5) Só que mais uma vez Jesus dá uma aula: Está escrito! O que me espanta que Jesus ao ser interrogado não profere opinião própria, porém remete ele às Escrituras, está escrito! “Ouviste o que foi dito aos antigos” (lei mosaica) Por fim, o inimigo tentou encontrar em Jesus um nascedouro para um velho homem e foi infeliz em mais uma vez incentivá-lo à ansiedade, tentou buscar resquícios do velho Adão lá do jardim oferecendo o poder dos reinos ao dono dos reinos. Está escrito, responde Jesus com autoridade, somente a Deus deves adorar...
Jesus inicia seu ministério dando uma aula inaugural para quem quiser ganhar carta convite para entrar em seu reino, portanto, não estejais ansiosos por coisa alguma, antes...
A questão é muita óbvia e vive bem pertinho de nossos olhos, temos até como reverter a situação, posto que a fé tem poderes em si mesma para reverter as mais adversas tempestades, mas nem sempre é isso que acontece, se não é assim, olhe você para o culto no templo, olhe com atenção e seja no mínimo honesto em dizer que a ansiedade nos leva para muitos lugares menos para adorar a Deus. Os hinos são entoados nas mais belas vozes, porém é apenas um cantar ensaiado envolto a um culto mecânico sem causa e sem efeito de um Evangelho no qual o próprio Paulo diz: “porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder...”
Por outro lado, a ausência dos dons na igreja hodierna nos leva a dois caminhos: às lembranças do passado e as crises do presente. Lembrar o passado em que Deus parecia atuar mais que hoje, operar mais milagres que hoje nos faz pensar que os milagres cessaram e que Deus no mínimo não é mais o mesmo, de outro modo podemos também observar o crescimento pela procura da instituição religiosa ou dos artigos ditos da fé, principalmente no campo do louvor e da mensagem da Palavra, aparentemente parece uma sede, mas não é, o nome desse inchaço de mãos levantadas para o alto, das lágrimas a fio de um emocionalismo vazio diante de letras que tocam e arrepiam estrategicamente as almas cansadas das lutas da vida, dessa oratória ensaiada e determinada de pescadores de aquários é simplesmente ansiedade.
A busca incessante pela vitória virou febre nas igrejas e nos seguimentos cristãos de todas as placas, as pessoas esqueceram do primordial: buscar primeiro o reino e na sede desejosa entre o ter e ser, os cristãos modernos passaram a buscar o que Jesus mais combateu: “não andeis ansiosos”, porque é justamente isto que o mundo busca. Diante disso se entendermos bem o discurso de Jesus sobre o seu reino perceberemos que lá nada que sonho os nossos olhos carnais terá espaço nesse lugar. Sabendo disso, não quero aqui condenar ninguém, apenas tendo disto desde o início que tudo isto é uma estratégia do obeso e velho homem.
A ansiedade pelas coisas da vida tira o nosso foco para o altar, quando o salmista nos adverte em entrar pelos átrios do templo livres de tudo que nos cerca, louvando com júbilo o nome daquele que nos garante a vitória se descansarmos nEle. (Sl 100.4) A ansiedade quebra toda e qualquer confiança, a ansiedade nos tira do centro da vontade de Deus, posto que a nossa busca deve ser incessante pelo Reino, pela proclamação do Reino e pela nossa entrada no Reino, assim sendo, “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.13) A ansiedade nos tira a visão do céu para buscar aqui as coisas daqui, para se satisfazer aqui com as coisas daqui e acreditar que isso apenas basta, quando muitos estão morrendo ao nosso redor sem conhecer a Cristo, mas o nosso umbigo parece ser mais importante no momento.
Estamos preocupados com qual roupa vamos ao culto, preocupados se o cabelo está bem escovado, se o terno é importado, e o sapato é da moda, se chegaremos no carro do momento para impressionar a todos na nossa chegada triunfal com os vidros escuros fechados e abarrufados do ar – condicionado, estamos preocupados se o pregador vai colocar os “s” no lugar, quem é o cantor da noite e se o mesmo tem voz aguda perfeita ou se faz um belo contralto, preocupados se o pregador conhece a fundo a teologia e sabe fazer os irmãos glorificarem e chorar no final, estamos preocupados com os arranjos do templo, com os bancos, com o piso que deveria ser de mármore para lustrar e refletir nossa imagem, estamos preocupados em ser até a melhor igreja, só não estamos preocupados em adorar em espírito e verdade, só não estamos preocupados e ansiosos em viver o evangelho com o jeito de Cristo, só não estamos preocupados em ir à escola Dominical para aprender a sã doutrina, só não estamos preocupados em levar o evangelho aos perdidos, só não estamos preocupados em ser sal e santo como Ele é.
Sim, olhe você mesmo ao lado e ao longe e perceba que tudo isso é fruto de uma ansiedade bem trabalhada no ruminar violento do velho homem o qual engole e vomita dia após dia a mesma comida com sabores diferentes, tudo para atrair o olfato de quem quer dar meia volta e depender de Cristo como aquele que na hora certa abre portas de emprego, sara as enfermidades, o livra das emboscadas do inimigo, faz encontros acontecerem, coloca o homem em cadeiras de honra, enfim esperar em Deus deve ser o modelo ideal de vida para quem quiser vencer na vida material e espiritual.
Esse velho homem tenta iludir a mim e a você ou mesmo a um grupo inteiro, a melhor forma de vencê-lo é solidificando suas bases na graça de Cristo, pois a graça é o caminho para qualquer cristão vencer, mas para chegar no solo seguro da graça é necessário antes de tudo da meia volta e nascer de novo.

Até à próxima!
André Silva.