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segunda-feira, 21 de março de 2011

Política, politicagem e
a subversão dos homens


Governar não é para todos, o combustível propulsor do poder é o esvaziamento do próprio ser para não ser o que se é. O poder não é efêmero, o homem é, por esse motivo subverte o homem o próprio poder para poder chegar ao poder; e manter-se lá requer não só o domínio de estratégias falíveis, mas também a sustentação das meias verdades bem formuladas para o contexto de cada época; assim segue o homem o seu caminho sem entender que a via de acesso ao poder poderá ser uma contramão e é na contramão do caminho que vai, politicamente correto, o homem.


“Então,disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora pois, para que não estenda a sua mão, e tome também a árvore da vida, e coma, e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, lançou fora do jardim do Éden...” (Gen.3. 22,23)


Ao homem foi dado o poder: de dar nome aos animais, multiplicar-se, lavrar e guardar o jardim, se Adão e sua esposa não internalizaram a grandeza do poder de cuidar da fauna e flora, o que dizer de conhecer o bem e mal?

Na trajetória histórica, tal conhecimento fomentou a busca da incerteza, afinal podemos ou não ser como Deus?

A serpente argumentou sobre tal proposta, a mentira do discurso é que conhecer seria igual a ter, porém no plano celestial o ter é o não ter nada e conhecer sem a sabedoria para administrar o ter é como jogar água na peneira.

Nesse entendimento, Salomão abre o livro dos provérbios de forma categórica: para conhecer toda ciência antes tem que haver temor, mais tarde Jesus discursa abertamente: “do que vale ganhar o mundo inteiro (conhecer) e perder a sua alma?”

Nessa direção, a subversão do homem começa quando termina o temor e sem ele ainda que se ganhe as misericórdias todo dia, se busca uma maneira de jogar com Deus sem compreender que só ganharemos algo aqui quando nos esvaziarmos do ter para ser.

Os grandes heróis da Bíblia Sagrada foram grandes líderes, mas nunca chegaram à essência do governar devido ao seu semblante caído. Esta é uma justificativa da maioria dos teólogos, a queda do homem não foi o fim do caminho, mas o começo para se auto conhecer, interagir com o criador e vencer o maior inimigo: ele mesmo.

“Observando que se estavam nus se esconderam”. Ora, quem se conhece não se esconde, se mostra, eis o motivo de Jesus, homem perfeito, dizer: Eu Sou.

Por não se conhecer, a politicagem humana se instaura, tanto que os grupos politiqueiros religiosos tinham força de decidir, impor e questionar, assim: é certo ou errado pagar tributo a Cesar? É certo ou errado guardar o sábado? É correto comer com prostitutas e salteadores?

Ai está, a sabedoria clama por alguém que com temor e tremor entenda o percurso que transcorre o rio, mas a politicagem nos diz que só saber o caminho é muito pouco, é preciso além de conhecer, ter o que se quer no mesmo caminho.

Por isso que o discurso político de Jesus descia arranhando a garganta, tal discurso estava livre do conhecer, mas obstinado em obedecer. Esta era a lei do caminho, longe disso Jesus subverteria o seu ter, afinal ele era Deus, mas antes se esvaziou do seu poder e se instalou entre nós como homem perfeito, sem a vaidade do ser e do ter, “tu és rei? Tu dizes que eu sou”, a informação sobre o que é “ser” para nós nada mais é do que um saco vazio, ninguém é se não for na essência, por isso: “para isso nasci”, disse Jesus a Pilatos.Tu dizes isto de ti mesmo, porque temeste o meu ensino ou dizes o que ouviste de outros? “Quem é da verdade, escuta a minha voz”

Inverte o homem a base do conhecer, porque a verdade ainda não é uma realidade vivenciada, é pura teoria orquestral e politiqueira, que faz o homem deturpar “A Verdade” para defender a sua verdade, então o veículo para trafegar pelo caminho ganha acessórios de última mão: a teologia que tenta conhecer na escrita o que não conhece na prática e as placas com seus “ismos e gias” para demarcar território e deixar as almas cheias de fardos em nome de Deus.

A politicagem farisaica, formalista e legalista, nada mais é que uma Nova cruzada medieval, se faz de tudo para se ter o maior número de rebanho, o maior templo, a melhor adaptação teológica do que é ser cristão, se faz de tudo para conquistar um espaço no Senado ou na Câmera, tudo para se ter uma fatia do bolo, tudo para defender o indefensável, tudo para suspirarmos no final e gritarmos: a minha política incomodou, conseguimos representar a verdade no palco dos falsos profetas, fomos os bem mais votados, na justificativa de que Daniel e José foram grandes políticos em cenário pagão, só que a política de Daniel e José baseava-se em TEMER, enquanto SER e TER eram verbos descartados, além do mais tanto um como outro partiram em defesa exclusiva do povo e não de seu partido governamental, a sabedoria foi utilizada porque havia um total despojamento do ter, eles não tinham nada, eles estavam políticos, não eram, até a vida colocaram em jogo para defender seu temor ao Deus verdadeiro, eis o motivo de seus mandatos marcarem a história, entraram na lama e não fizeram concessões em momento algum. Mas, em nome de Deus, formam-se grupos, legendas, se tem a oportunidade de favorecer o povo, mas antes favorecem e fortalecem suas alianças, então pergunta-se: a que preço?

Se voltarmos à história, as alianças políticas em nome de Deus foram desastrosas para Israel. Então, aliar-se ao Egito (mundo) na certeza de que seríamos mais fortes contra a Babilônia foi o maior dos suicídios, Judá foi invadida, saqueada e queimada pelos Caldeus. (ver livro de Jeremias), mais tarde o povo pediu um governo e lhe foi dado, Saul além de forte e belo desastrosamente utilizou o poder sem entender que para o poder é necessário ter temor, discernimento e esvaziamento do ter, até o homem segundo o coração de Deus tropeça na arte de governar pelo simples fato de que ser e estar não são armas de guerra, mas uma espada de dois gumes e se isso não é bem internalizado, deixa-se a batalha para se espreguiçar no terraço das vaidades.

Veja bem:

Moisés com as aulas do Egito e cara de príncipe, Mata, enquanto Moisés esvaziado do saber e ter, de pés nos chãos e com cara de servo liberta o povo do cativeiro.

A política de Deus trabalha na contramão da política humana. Por isso, ainda choramos o leite derramado.

parou para pensar na carência de Adão? Ei, olhem para mim eu já conheci a verdade. Que tolice!

parou pra pensar na incerteza de Pedro? O que ganharemos se deixarmos tudo. Que barganha!

parou pra pensar na inocência do cego? “O que queres que eu te faça? Ver”, (só isso?) “Então veja”

parou pra pensar no despojamento material da viúva? Ofertou tudo o que tinha.

parou pra pensar na politicagem de Judas? "Mestre, porque não se vende esse perfume e doa aos pobres?" Politicagem pura.

parou pra pensar no amor do bom samaritano? Aos olhos de um bom sacerdote e judeu ele seria o primeiro da lista para se entrar no inferno, mas sua postura destronou todo conhecimento santo teológico de quem aparentemente já era eleito ao céu, provando que de roupa e cara de piedade o inferno já está cheio.

parou pra pensar que Jesus jamais fez concessões da sua verdade, nunca subiu no palanque ecumênico partidário, mas politicamente comeu e respeitou Samaritanos e Saduceus, afinal seu palanque nunca desarmou depois de conquistar o apoio de alguns adeptos, pelo simples fato de que seu discurso era um só: caminho largo ou estreito, pecado é pecado, Eu sou o caminho, embora admitiu e parabenizou Nicodemos por ele ser mestre do saber teórico - teológico, mas se não nascer de novo está fora do Meu Reino, não há concessões, nem politicagens com o Mestre. Talvez o Papa se esqueceu de que a verdade desmascara todas as mentiras guardadas e nesse caso ele tropeçou quando disse uma verdade ao defender no seu novo livro que Jesus separou religião de política, porém a verdade trouxe à baila uma grande contradição, afinal: o que fez o Catolicismo Romano durante séculos? Politicagem, sua união com o estado está grafada nas páginas da história secular e com ela muitas mortes e atrocidades e lambança teológica em nome da fé. Da mesma forma nesses dias atuais, os homens subvertem a política e deixam subir ao púlpito santo "politiqueiros do Egito" na alegação de que aliados a eles estaremos bem na fita.

Assim vamos politicamente corretos, pensando no céu e desejando as coisas dessa vida, assim vamos abrindo as portas do fundo para o cantar e o bom pregar sem necessidade de abrir a porta da frente para Jesus, assim vamos jurando que estamos bem e o tempo passando, as profecias se cumprindo e quando menos esperarmos, de um assalto Jesus virá. Quem subverte a verdade para ditar uma verdade, terá seu galardão, assim como todo aquele que deixar tudo, maior desafio humano – renunciar a si mesmo, ganhará cem vezes aqui e mais a vida eterna de uma política e governo sólido, fiel, verdadeiro e infinito: O Reino Celestial, melhor que qualquer fruto do jardim, melhor do que está na mídia e na fita, melhor do que ganhar tudo e ter todos os destaques, a casa do Noivo não será um novo saber, mas o pleno conhecimento da verdade de tudo que olhos não viu e os ouvidos não ouviu e a mente não entendeu, estará de fora o politicamente correto, pois tal política não é mais humana é divina, única fonte do poder em misericórdia e amor.


Até à próxima!

André Silva

domingo, 6 de março de 2011

Jesus e os pobres: Nenhuma semelhança com o Socialismo


Hoje a pobreza é quase tão comum quanto as doenças. Na época do ministério terreno de Jesus, essa realidade era muito mais forte. Nos Evangelhos, Jesus curava com muita freqüência, principalmente os pobres. Contudo, mesmo encontrando multidões de pobres diariamente, ele só os alimentou em duas ocasiões específicas, não porque simplesmente eles eram pobres, porém porque nessas ocasiões as multidões vieram ouvir o Evangelho cedo de manhã e permaneceram com ele três dias inteirosouvindo o Evangelho. As multidões passaram tanto tempo ouvindo a Palavra de Deus dos lábios de Jesus que ficou muito tarde, quase de noite, no terceiro dia para voltarem e se alimentarem, pois o lugar em que estavam era deserto e distante, longe de casas e lugares onde poderiam encontrar alimento.

Não há a menor dúvida de que se os adeptos do Evangelho social estivessem no lugar de Jesus, eles alimentariam os pobres já no primeiro dia e todos os dias, ou então utilizariam a maior parte de seu tempo não para proclamar e demonstrar o Evangelho do Reino de Deus, mas para pressionar as autoridades para cobrarem mais impostos para ajudar os pobres.

O Evangelho social dos evangélicos progressistas (ou esquerdistas, petistas, comunistas, socialistas, adeptos da teologia da libertação ou qualquer outro rótulo que eles utilizem) é tão convidativo quanto a visitação de um anjo de luz trazendo um evangelho cheio de propostas interessantes para os pobres. Mas assim como nem tudo que reluz é ouro, nem tudo o que tem aparência angelical é de Deus.

Tal qual os evangélicos progressistas, a igreja primitiva tinha também uma preocupação obsessiva de ajudar todos os pobres da sociedade? A igreja primitiva tinha como principal missão pressionar o governo para “ajudar” todos os pobres? Não. A igreja primitiva não só não ajudava todos os pobres da sociedade, como também era extremamente seletiva na assistência aos pobres que estavam em seu meio.

Quando a nação de Israel estava passando por uma crise geral de fome, Paulo mobilizou as igrejas de outros países para ajudar — não os pobres em geral da nação de Israel, mas somente as igrejas, que também estavam passando necessidade. E mesmo nas igrejas, a ajuda não era dada a qualquer pessoa.

A ajuda de Paulo era distribuída dentro das igrejas judias. E qual era o padrão que Paulo utilizava para ajudar quem era da igreja? Uma boa pista de como Paulo e as igrejas procediam na assistência aos pobres encontra-se no texto em que Paulo trata da questão das viúvas pobres nas igrejas. De acordo com Paulo, essas viúvas pobres só poderiam receber assistência material da igreja se tivessem demonstrado bom testemunho durante sua vida. Paulo recomenda a Timóteo, um dos pastores sob sua liderança:

Cuide das viúvas que não tenham ninguém para ajudá-las. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, são eles que devem primeiro aprender a cumprir os seus deveres religiosos, cuidando da sua própria família. Assim eles pagarão o que receberam dos seus pais e avós, pois Deus gosta disso. A verdadeira viúva, aquela que não tem ninguém para cuidar dela, põe a sua esperança em Deus e ora, de dia e de noite, pedindo a ajuda dele. Porém a viúva que se entrega ao prazer está morta em vida. Timóteo, mande que as viúvas façam o que eu aconselho para que ninguém possa culpá-las de nada. Porém aquele que não cuida dos seus parentes, especialmente dos da sua própria família, negou a fé e é pior do que os que não crêem. Coloque na lista das viúvas somente a que tiver mais de sessenta anos e que tiver casado uma vez só. Ela deve ser conhecida como uma mulher que sempre praticou boas ações, criou bem os filhos, hospedou pessoas na sua casa, prestou serviços humildes aos que pertencem ao povo de Deus, ajudou os necessitados, enfim, fez todo tipo de coisas boas.” (1Timóteo 5:3-10 NTLH, o destaque é meu.)

Contudo, os evangélicos progressistas têm ambições muito mais elevadas para “ajudar” as viúvas e outros necessitados. Eles não querem simplesmente que as igrejas ajudem todos os pobres. Eles querem que o governo faça isso. Na proposta deles, os nossos recursos, através de impostos, seriam redistribuídos pelo governo para atender às necessidades dos pobres, quer esses necessitados mereçam ou não. Se não é justo quem trabalhou não receber o que merece, também não é justo o imposto do trabalhador se escoar na assistência a pobres que vivem na imoralidade ou outros tipos de perversão. Afinal, ao contrário das pregações “proféticas” dos progressistas, a corrupção, o mal, a imoralidade e a perversão não são qualidades exclusivas dos ricos.

A Bíblia é bem clara que todos são pecadores: ricos e pobres, pretos e brancos, etc. A Bíblia também é bem clara na orientação para a igreja de quem dos necessitados merece a assistência da igreja. A igreja tem o chamado de ajudar, sob a direção da Palavra de Deus, e tem o chamado igual de fazer uma triagem de quem merece e não merece ajuda. Só os pobres moralmente aptos são qualificados. Tal norma não era legalismo, mas medida prudente. Seu autor, o apóstolo Paulo, era um ardente combatente contra o legalismo, sempre condenando-o. Assim, quem tentasse julgar essa triagem necessária como legalismo estaria apenas fazendo julgamento precipitado e cruel da preciosa direção de Paulo à igreja em suas responsabilidades para com os necessitados.

Precisamos então aprender com Jesus a ter como principal preocupação levar os Evangelho aos pobres. E precisamos aprender com Paulo a ajudar os pobres com amor e prudência. É claro que essa tarefa só pode ser melhor realizada pela igreja. Por mais boa vontade que o governo tenha em cumprir tudo o que os progressistas desejam, a fria máquina governamental jamais saberia aplicar os princípios bíblicos, pois não pode substituir nem a Deus nem a igreja, embora lute incansavelmente para ocupar ambas as posições.

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