Jesus, o homem e os outros homens
O que dizem os homens sobre mim? Está pergunta foi a ponta de um ice berg para até hoje despencar em nossa cultura sobre uma real definição sobre o objetivo da vinda de Cristo.
É bem verdade que em seu ministério, Jesus curou os enfermos, saciou a sede e matou a fome de muitos, fazia questão de não despedir ninguém vazio, fez aleijados andarem, cegos verem, ressuscitou pessoas, mesmo assim para quem ler na íntegra os textos dos quatro Evangelhos não tem dúvida sobre o objetivo real de sua vinda entre nós humanos.
Hoje, para muitos, há um contexto diferente da época em que Jesus viveu, isso de forma aparente, pois o homem do passado com todas as suas angústias, medos e neuras existe em nós hoje, tanto que o nome de Jesus ainda é o mais cogitado no cenário de tanta frieza espiritual, de tantos desajustes psico-comportamentais, sim, Jesus ainda é o remédio para cura de todos os males, até mesmo quem nunca quis saber de Jesus recorre a Ele, até mesmo aqueles a quem buscavam os pseudo curandeiros retornam a Cristo na propalada alegação de que Ele pode resolver tudo, quando o tudo está sobrecarregado de um mal maior ainda: o pecado.
Nessa direção, as canções do mundo gospel católico ou evangélico vem cantando um Jesus que agrada a todos, um Jesus que cura, que faz milagre, porém em rara exceção se diz o que de fato Jesus é: O Salvador. Se observarmos as canções e até mesmo as pregações e a homilia dos padres observaremos que Jesus tem sido um só: o resolvedor de problemas, um papai Noel revestido de poder a quem comanda anjos com bandejas a distribuir vitórias ou mesmo a quem divide sua glória e função com outros santos e santas a quem os homens podem recorrer, assim Jesus se isenta de tanto trabalho. Diante dessas alegações só podemos entender que Jesus é o personagem mais importante da historia da humanidade, porém menos entendido e compreendido.
O que me chama atenção nisso tudo é que os cristãos, em sua grande parcela, se dizem detentores das verdades bíblicas e que de Bíblia pouco sabem, pouco pesquisam, pouco analisam e pouco vivem, por esse motivo pouco conhecem o Jesus que tanto falam. Afinal, Jesus fez opção por quem: pelos pobres e oprimidos como dizem os católicos ou Jesus fez opção pelo homem em geral a fim de resgatá-lo do pecado e do inferno?
Se apontarmos em direção ao Jesus resolvedor de problemas conforme a teologia da libertação e da prosperidade cairemos num abismo profundo. Primeiro, Jesus diz que o seu reino não é daqui, não é terreno, esse asistencialismo barato propagado em nome da fé que consegue doar um pão sem doar o próprio coração nem de perto poderia ser comparado ao que Jesus chamou de alimentar os famintos, afinal mesmo ajudando aos necessecitados, mesmo doando pão, Jesus queria mais que isso: uma oportunidade para mudar a vida de todos, os libertando da miserabilidade da alma, Jesus objetivava levar a todos à consciência da graça, pois só nela, apenas no terreno firme da graça salvadora, apenas nesse caminho estreito é possível visualizar o que tanto Ele nos fez ver,: o Reino dos céus. Portanto se apenas orarmos para conseguir nossas vitórias pessoais e terrenas acabaríamos com o objetivo principal do Mestre em João 14 o qual o próprio Cristo anuncia que irá voltar para nos levar para as moradas celestiais., para o seu Reino. Segundo, há várias narrativas em que Jesus procura e é procurado por pessoas da alta sociedade, Nicodemos (João 3.1-16), Zaqueu,(Lucas 19.1-10) o Centurião de Cafarnaum (Mateus 8.9), o jovem rico (Mateus 19.21), Saulo de Tarso a quem Jesus escolheu especificamente para uma grande obra (Atos 9.13 -15), então afirmar a opção de Jesus pelos pobres é dizer de forma implícita de que os ricos não têm problemas, quando sabemos que a alta classe sofre de problemas existenciais jamais visualizados em nosso tempo.
"Eu vim para que todos tenham vida e a tenham com abundância" (João 10.10)
Infelizmente esse versículo virou um bordão, uma frase de causa - efeito, os assistencialistas de plantão usam esse versículo como um refrão nas igrejas e campanhas fraternais, porém precisam entender que "vida" aqui no texto não é apenas vida física, a comparação feita entre o pastor e o ladrão é bem distante de uma vida com mesa farta e casa para morar, a vida em abundância refere-se à vida espiritual que só o Pastor Jesus pode dar às ovelhas, uma vida livre da morte gerada pelo primeiro pecado em Adão, vida em abundância a todos, Jesus é o único que pode ofertar uma vida eterna nas Mansões Celestiais, no seu Reino, o ladrão portanto, os falsos mestres, os doutores da lei "fariseus" podem promover campanhas contra fome, mas não podem dar a vida, podem doar terrenos e acabar com o problema da moradia, mas não podem assegurar sua entrada no Reino Celestial, podem fazer campanhas para ajudar desabrigados de um terremoto ou enchente, mas não podem dar vida com abundância, uma vida em liberdade, isto é, uma vida em que fazemos opção entre viver para o mundo e seus banquetes ou com Cristo. O Pastor vive em nós e nós nEle, a opção não é um fardo que não possamos carregar, mas é em liberdade, Jesus nos deixa livres para optar, seguimos não mais o nosso coração, que é enganoso, (Jeremias 17.9) mas ao Evangelho. Assim, Cristo veio para que TODOS e não só os pobres e oprimidos, todos ricos e pobres economicamente, mas também todos os humanos que desejam ter suas vidas transformadas para dentro do ser, todos que desejam segui-lo em espírito e verdade, mesmo assim não podemos deixar de ressaltar aqueles que tentam seguir falsamente, mas até ai Jesus também faz opção: enquanto existir vida haverá oportunidade para que o falso seguidor se converta, não a uma igreja, mas ao Evangelho da graça, ao Senhor dos senhores ao nosso único Advogado e Salvador Cristo Jesus, sim, até os traidores, se quiserem, têm uma oportunidade, afinal Jesus é vida e vida com abundância.
Em terceiro lugar, a opção pelos pobres cai por terra, quando Jesus faz opção pelo seu traidor, sim, mesmo sabendo quem era seu traidor, mesmo o chamando de diabo e de ladrão, (João 6.70; 12.6) Jesus deu o melhor da mesa, um bocado molhado a Judas. (João 13.25,26) Temos a ingênua imaginação de que ladrão, prostitutas, homossexuais e traidores são pessoas de classe pobre, quando os principais sacerdotes em Jerusalém o entregaram a Herodes e Pilatos. Já entre os ricos está também a hipocrisia, prostituição e roubo, afinal Brasília e a Máfia italiana que o digam, portanto a opção pelos pobres não parece ser o objetivo de Jesus e sim salvar aquele que se havia perdido.
Assim, fica o espaço para sua interação e análise: Jesus fez opção pelo homem pecador ou pelos pobres e oprimidos de seu tempo?
Até a próxima!