Pesquisar este blog

sábado, 28 de abril de 2012



DEUS HABITA ENTRE QUE LOUVORES?






Deus habita nos louvores de Seu povo.

No entanto, tais louvores não são cânticos como cânticos, mas adoração proveniente de corações quebrantados e contritos.

O louvor no qual Deus habita é toda expressão do ser (do coração) tomado de amor e gratidão; e que faz isso em humildade e simplicidade, pois, Deus não se “empolga” com cânticos sem coração, posto que o único instrumento que faz a voz do homem ouvida por Deus é o coração.

Deus habita entre louvores como louvor de passarinho.

Sim! O louvor que agrada a Deus é aquele que se assemelha à gratidão de passarinhos cantantes — só que como somos humanos, seria como o cantar de passarinhos conscientes da Graça que lhes trás provimento todos os dias.

Assim, quando se diz que Deus habita entre os louvores de Seu povo, não se fala de outro povo que não o povo quebrantado e contrito, e que louva não como o faziam os soldados de Alexandre, o Grande, ou de César, ou de qualquer outro conquistador.

O louvor a Deus é o gorjeio da alma simples e grata!

Na gritaria de canções para “Deus” que se assemelham à jactância dos que ganharam porque derramaram o sangue do inimigo, Deus mesmo não está.

Podem-se ajuntar milhões cantando e gritando, mas, se neles não houver a singeleza do louvor do gorjeio dos passarinhos, tais vozes não chegarão ao coração de Deus.

O louvor que enche o coração de Deus é simples, quebrantado, singelo, espontâneo, e não conhece performance.

O que passar disso é apenas exercício vocal feito pelo entusiasmo da carne e estimulado pela ufania da religião que diz: “Cante; pois Deus gosta de música e de canções que digam que “Ele” é o “máximo”.”.

Bobagem!

Texto de Caio Fábio de Araújo Filho.

O Sermão da Montanha: Pare, leia e reflita!


Se o Sermão da Montanha, em Mateus 5, é ou não relevante para a vida moderna, só se pode julgar através de um detalhado exame do seu conteúdo. O que salta à vista é que, não importando como ele foi composto, forma um todo maravilhosamente coerente. Descreve o comportamento que Jesus esperava de cada um dos seus discípulos, que são também cidadãos do reino de Deus.
Vemos como Jesus é em si mesmo, em seu coração, em suas motivações, em seus pensamentos, e também quando afastado, sozinho com o seu Pai. Vemo-lo na arena da vida pública, relacionando-se com o próximo, exercendo misericórdia, patrocinando a paz, sendo perseguido, agindo como sal, deixando a sua luz brilhar, amando e servindo aos outros (até mesmo aos seus inimigos), e dedicando-se acima de tudo à expansão do reino de Deus e da sua justiça no mundo.
Talvez, uma rápida análise do Sermão ajude a demonstrar a sua relevância para nós.

1. O caráter do cristão (5.3-12)

As bem-aventuranças enfatizam oito sinais principais da conduta e do caráter cristãos, especialmente em relação a Deus e aos homens, e as bênçãos divinas que repousam sobre aqueles que externam estes sinais.

2. A influência do cristão (5.13-16)

As duas metáforas do sal e da luz indicam a influência que os cristãos devem exercer para o bem na comunidade se (e tão somente se) mantiverem o seu caráter distinto, conforme descrito nas bem-aventuranças.

3. A justiça do cristão (5.17-48)

Qual deve ser a atitude do cristão para com a lei moral de Deus? Ficaria a lei propriamente dita abolida na vida cristã, como estranhamente afirmam os advogados da filosofia da "nova moralidade" e da escola dos "não-mais-sob-a-lei"? Não. Jesus não tinha vindo para abolir a lei e os profetas, disse ele, mas para cumpri-los. E mais, ele chegou a declarar que a grandeza no reino de Deus se media pela conformidade com os ensinamentos morais da lei e dos profetas, e que até mesmo entrar no reino era impossível sem uma justiça maior do que a dos escribas fariseus (5.17-20). Jesus deu, então, seis ilustrações desta justiça cristã melhor (5.21-48), relacionando-a com o homicídio, com o adultério, com o divórcio, com o juramento, com a vingança e com o amor. Em cada antítese ("Ouvistes que foi dito... eu, porém, vos digo..."), rejeitou a acomodada tradição dos escribas, reafirmou a autoridade das Escrituras do Velho Testamento e apresentou as decorrências plenas e exatas da lei moral de Deus.

4. A piedade do cristão (6.1-18)

Em sua "piedade" ou devoção religiosa, os cristãos não devem se acomodar nem com o tipo hipócrita dos fariseus, nem com o formalismo mecânico dos pagãos. A piedade cristã deve se destacar acima de tudo pela realidade, pela sinceridade dos filhos de Deus que vivem na presença de seu Pai celestial.

5. A ambição do cristão (6.19-34)

O "mundanismo" do qual os cristãos devem fugir pode ter aparência religiosa ou secular. Por isso, devemos ser diferentes dos não-cristãos, não apenas em nossas devoções, mas também em nossas ambições. Cristo modifica especialmente a nossa atitude para com a riqueza e os bens materiais. É impossível adorar a Deus e ao dinheiro; temos de escolher um dos dois. As pessoas do mundo estão preocupadas com a busca do alimento, da bebida e do vestuário. Os cristãos devem ficar livres destas ansiedades materiais egocentralizadas e, em lugar disso, devem dedicar-se à expansão do governo e da justiça de Deus. É o mesmo que dizer que a nossa ambição suprema deve ser a glória de Deus, e não a nossa própria glória, nem mesmo o nosso próprio bem-estar material. É uma questão do que buscamos "em primeiro lugar".

6. Os relacionamentos do cristão (7.1-20)

Os cristãos estão presos em uma complexa teia de relacionamentos, todos eles partindo do nosso relacionamento com Cristo. Quando nos relacionamos devidamente com ele, os nossos demais relacionamentos são todos afetados. Novos relacionamentos surgem, e os antigos se modificam. Assim, não devemos julgar o nosso irmão, mas servi-lo (vs. 1-5). Devemos também evitar oferecer o evangelho àqueles que decididamente o rejeitam (v. 6); devemos continuar orando ao nosso Pai celestial (vs. 7-12) e tomar cuidado com os falsos profetas, que impedem que muita gente encontre a porta estreita e o caminho difícil (vs. 13-20).

7. Uma dedicação cristã (7.21-27)

O último item apresentado pelo todo do Sermão relaciona-se com a autoridade do pregador. Não basta chamá-lo de "Senhor" (vs. 21-23) ou ouvir os seus ensinamentos (vs. 24-27). A questão básica é se nós somos sinceros no que dizemos e se fazemos o que ouvimos. Deste compromisso, depende o nosso destino eterno. Só quem obedece a Cristo como Senhor é sábio, pois quem assim procede está edificando a sua casa sobre o alicerce da rocha, que as tempestades da adversidade e do juízo não serão capazes de solapar.
As multidões ficaram perplexas com a autoridade com que Jesus ensinava (vs. 28, 29). É uma autoridade à qual os discípulos de Jesus de cada geração devem se submeter.
A questão do senhorio de Cristo é relevante hoje em dia, tanto com referência a princípios como à aplicação prática, da mesma maneira que o era quando originalmente ele pregou o Sermão do Monte.

Retirado do livro Contracultura Cristã, de John Stott

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nadez em alto estilo: uma geração medíocre

que não tem nada na cabeça


Nadez. Não é nudez. É nadez mesmo. É um conceito da filósofa Gertrude Stein. Ela criou o neologismo referindo-se ao vazio interior das pessoas, que lhes dá uma vida incolor. Elas necessitam de motivações, mas não querem causas que exijam engajamento. Também não querem estudar, e receiam coisas profundas. São superficiais e vegetativas. Alimentam-se do vazio e do nada. Isto é a nadez.

Quer ver exemplos de nadez? Selecionei, em três sites, notícias publicadas no dia 7 de janeiro.

FOLHA.COM: (1) Fernanda Paes Leme curtiu o mar neste sábado; (2) DiCaprio apresentou nova namorada à mãe; (3) Marco Rizza se aborrece e levanta dedo para paparazzo.

IG: (1) Famosos levam seus bebês ao teatro no Rio; (2) Cláudia Jimenez e Miguel Falabella jantam juntos no Rio de Janeiro; (3) Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert curtem peça.

UOL: (1) Paula Abdul termina relacionamento com Braston; (2) Top Ana Beatriz Barros vai à praia com namorado; (3) Filme fez Scarlett Johansson parar de comer carne.

Tirando-se DiCaprio, que conheço pelo filme “Titanic”, se trombasse com os demais na rua não saberia quem são. Vez por outra encontro alguns desses famosos em vôos ou aeroportos. São-me tão conhecidos como eu para eles. Um cantor chamou-me de alienado, porque eu não sabia quem ele era.

São notícias típicas da cultura nadez. Dão às pessoas a sensação de estarem informadas, de estarem por dentro dos bastidores. Sabem coisas. Banais e inúteis, mas sabem. Ajunte-se a isso o prazer que bisbilhotar a vida alheia dá e eis a realização da pessoa da cultura nadez. Ela se sente ocupada e tem uma sensação de cultura. Seu vazio intelectual, emocional e espiritual é preenchido com o nada.

Parece-me, sem querer ser maldoso, que estão surgindo uma cultura e uma geração medíocres. Fui pré-adolescente e adolescente nos anos 60. Aquela geração foi às ruas protestar. A geração de hoje vai aos shoppings consumir. Aquela queria transformar o mundo. A atual quer o melhor do mundo. O ideal cedeu espaço para o desfrute. Falta de grandeza. Mas meu grande receio é que a nadez esteja migrando para as igrejas. As pessoas querem agito, mas não reflexão. Querem sensações, mas não estudo. Nada de “pesado” deve ser pregado. Sermão expositivo? Nada disso! Que tal algumas historinhas? A mensagem e o culto devem ser “light”, como as notícias dos sites. O estudo bíblico cede lugar ao “compartilhamento”, um momento em que cada um conta uma história em que, geralmente, é o herói.

Fui a uma reunião de estudo bíblico na qual as pessoas estavam sem Bíblia. Disseram-me, candidamente, que seu costume era o de compartilhar sua semana uns com os outros. É uma boa prática, mas não deveria receber o nome de “estudo bíblico”. O livro texto não era a Bíblia, mas as pessoas. Não se estudava a Bíblia. Papeava-se. Em muitos cultos nadez, as pessoas ouvem alguma coisa sobre Deus e cantam alguma coisa sobre ele. Mas nada “denso” (como alguém me recomendou para pregar), nada comprometedor. Tudo suave. Tudo nadez. Alguns de nossos cânticos são nadez pura. O próprio enfoque da vida cristã não é mais o de ideal, mas o de desfrute: como ser abençoado, como conseguir o melhor na vida material, seguindo alguns bons conselhos espirituais.

A vida cristã passou a significar uma vida tranquila, cheia de coisas, e não o investimento da vida e dos bens no reino, num compromisso com o Evangelho e com a igreja de Jesus. Nadez espiritual.

Nadez cultural já é lastimável. Mas nadez espiritual é pior. Ilude a pessoa. Leva-a a sentir-se realizada com migalhas que caem da mesa, e não com o pão farto. Leitor, você está na fase da nadez ou do tudez? Não tenho a envergadura de uma Gertrude Stein, mas deixe-me criar um neologismo. O tudez vem do esquecido hino “Tudo, ó Cristo, a ti entrego, tudo, sim, por ti darei”. Tudez dá realização. Nadez é engodo. Opte pelo tudez.

Pr. Isaltino Gomes