Adora(dores)
“Mas
a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (João
4.23)
A adoração sempre foi
o princípio de tudo, a natureza criada harmonicamente entoa sons de adoração: o
marulho das águas louva a Deus, o estrondo das ondas do mar adora o Criador, o
uivo dos ventos veementes são acordes de adoração (À)quele que tudo faz, o
cantar das aves anunciando o dia, o balançar dos galhos no estalar da madeira, os
animais em bandos ruminando e agradecendo no engordar dos seus lombos, a ave de
rapina dando de comida aos seus pintainhos no topo da montanha abrindo as asas
num tom ufânico ao enxergar de longe a comida para prole nos dias de inverno,
os cardumes num bailar triunfal se deslumbrando ao lado de seres gigantes que
vão a superfície e voltam ao mais profundo e deixam as águas repletas de um borbulhar
que diz: ELE É O SENHOR. As gramas saindo das entranhas da terra, colorindo o
chão nu, as plantas rasteiras se ramificando e botoando o ambiente com outras
cores, as pétalas se abrindo delicadamente exalando perfume e atraindo o beija-
flor e as abelhas que extraindo o pólen agradecem ao Criador por sua fantástica
obra; sim a adoração está vinte e quatro horas na voz dos seres que não
raciocinam, mas entendem que há um Deus superior e Criador que merece total
reverência e adoração.
E
o Deus triuno fez o homem e pronunciou: façamos o homem segundo a nossa
imagem e semelhança e que ele “governe” (orquestre) sobre toda obra criada. (Gn
1.26-28) Assim entendemos que o homem foi o maestro da maior orquestra
filarmônica do mundo: a natureza, e por isso deveria até hoje entender o que
são e como são as notas musicais da suprema adoração. Então, o primeiro casal
não entendeu o poder existente no louvor e atraído pelo doce veneno da serpente
abandonou seu posto e deixou o coral cantando sozinho até que um dia tudo
começou a desentoar e produzir as tantas catástrofes: maremotos, tufões,
alagamentos, erupções desordenadas, todo som harmônico que rege a nossa vida
desentoou talvez porque você e eu abandonamos o nosso lugar de conhecedor da
adoração.
Não
quero com isso dizer que a adoração no homem se extinguiu, pense comigo: o
homem quis acrescentar uma nota fora do tom ao que já existia, pois no
princípio a única ocupação do homem era adorar com o seu trabalho, tanto que na
viração do dia Deus falava com ele, quando então o casal decide deliberadamente
ser igual a Deus, o Criador se ausenta por ausência de adoração, posto que a
adoração é o feedback, a certeza de que adorando seremos ouvidos, adorando
seremos agraciados pela santa paz que excede todo entendimento mesmo no momento
mais turbulento de nossas vidas, adorando em espírito e em verdade entoamos som
como uma bomba atômica contra os poderes do mal, “damos um golpe de estado num
estado de coisas”, adorando verdadeiramente ao Rei dos Reis, até a morte tem
que retornar ao seu lugar de origem e a pior enfermidade tem que ir embora,
nada suporta o som da adoração a Jesus, até os caídos se levantam, os ossos
secos criam carne e vida, pois esse é o único som que faz Deus se levantar,
pelejar, guerrear e vencer por você.
Se
a adoração verdadeira que é produzida no íntimo da alma é a arma para
lutarmos e o som para agradecermos, o que aconteceu com os adoradores? Onde
eles estão? Onde está o seu Deus?
O
homem aprendeu a cantar, exibir sua bela voz, bater palmas, levantar as
mãos, saltar sem entender que é necessário, mesmo caído, restaurar seu posto de
maestro. O caminho inicial sem dúvida é se entregar a Jesus e nascer de novo,
mas ai está, nem todos nasceram de novo, muitos buscaram sozinhos e com as
próprias mãos mudar para obedecer, mudar para fazer média na comunidade, até
obedecem às regras e costumes, mas no íntimo não nasceram de novo, logo sua
adoração não é adoração é dor, enfado, interesse próprio, carnalidade revestida
de santidade ou não foi assim com a Samaritana? Ela contra-argumentou com Jesus
sobre esse tema: “nossos pais adoravam
neste monte e vós (judeus) dizeis que o lugar de adorar é em Jerusalém” (Jo
4.20); percebam que a dor da tradição é latente e essa dor é quase incurável,
nossos pais, antepassados, isto é, aprendi desde pequena que é assim disse ela,
em outro tom dizem: nasci nesta religião e nela vou morrer, e não entendem,
como a Samaritana também não entendeu até que Jesus explicasse que o adorar é
livre não está aqui nem ali, o adorar é como o vento, qual a sua direção?
O verdadeiro adorador
neste momento está no quarto frio do hospital cercado de aparelhos, porém grato
por saber que sua vida, seja aqui na terra como ser carnal ou no paraíso
celestial no mundo dos seres espirituais, está nas mãos do criador, afinal Ele
é o nosso dono, Jesus é quem resolve o que quer de nós. O verdadeiro adorador
está agora na cozinha preparando, mesmo com pouca comida no armário, a mais
saborosa refeição para os seus filhos, superior aos mais requintados Buffets
europeus, porque ao descascar o único legume que tem ele está sendo grato por
mais um prato na mesa, pois sendo nós pecadores e desobedientes, mereceríamos
mesmos: o nada. O verdadeiro adorador é aquele que ver a mão de Deus em tudo,
até mesmo quando a sentença judicial foi contra ele, então com os olhos em
lágrimas, sem entender, ele olha para os céus e entoa: DEUS, EU TE AGRADEÇO! O
verdadeiro adorador é aquele homem ou mulher que diante do som do pecado acha
estranha àquela nota, olha para orquestra e diz, NÃO, ESTÁ ERRADO! O certo é:
EU NÃO POSSO PECAR CONTRA O MEU DEUS, EU PERTENÇO AO SENHOR. O verdadeiro adorador
incentiva a outros através de seu testemunho a louvar ao Senhor na beleza de
sua santidade. O verdadeiro adorador reconhece que é imperfeito, mas entende
que sua fraqueza pode ser aperfeiçoada nAquele que tudo pode e faz. O
verdadeiro adorador não julga o outro, porque sabe que Jesus já foi julgado em
seu lugar. O verdadeiro adorador caminha duas léguas com inimigo, cobre o nu,
veste do frio o adversário, dá a outra face e acima de tudo, ama.
Por
outro lado, aquele que não adora em espírito e em verdade é apenas um adora
– (dor), é só dor, dor e dor. Dor por não ser sincero; dor por não receber a
benção verdadeira e confundir benção material com prosperidade divina; dor em
ir ao culto só para assistir e não para adorar e por não adorar verdadeiramente,
continua levando essa vidinha de resmungos, dor por parecer o que não se é; dor
por não buscar na fonte certa a verdade; dor pelo juízo que vem, dor em causar
mais dor ainda, quando deveria o homem fugir de toda aparência do mal, porém se
deleita nas rodas de fofocas, entrega seus irmãos e não consegue andar de dia
nem carregar a paz, porque a paz nunca teve. Afinal, “Vai buscar o teu marido e
vem cá, disse” Jesus, ela respondeu: não tenho marido e Jesus retruca: “disseste bem, pois já tiveste cinco e este
que agora tens não é o teu, agora falaste a verdade”. (Jo 4.16-18) Ora,
nenhuma verdade é verdade sem que antes venhamos a conhecer quem é Jesus e
quando o homem o conhece, experimenta, segue e o fim é se entregar e adorar,
fora disso é só religiosidade, hipocrisia, fanatismo e muito farisaísmo.
Mas ainda tem uma saída! É
possível, mesmo hoje, transformar adora- (dor) em “a - dor – ação”. Jesus disse
a Samaritana: “aquele que beber da água
que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo 4.13,14) Talvez seja esse o
primeiro princípio para que o maestro retorne ao seu posto e orquestre uma
sinfonia que mova o coração de Deus e restabeleça sua aliança com ele, mas onde
está o homem? Quem sabe buscando naquele “hino de vingança” confortar o seu ego
e mentir para si mesmo, pois o inimigo que deve ser humilhado e morto, segundo
a Bíblia, é o diabo e seus anjos os quais pelejam o tempo todo para que eu e
você paremos de adorar, outro inimigo é a morte a qual Jesus já tem o fim para
ela em breve. Agora nosso maior inimigo humano existe para exercitarmos canções
de louvor em adoração a Deus, pois é o amor, fruto produzido pela Água Viva do
Espírito Santo em nós, que nos faz perdoar aqueles que nos perseguem, porém não
estou aqui bancando um super – crente que já foi transportado pela carruagem de
fogo da santidade, perdoar o inimigo demanda esforço e exercício diário dessa
luta entre a carne e o espírito, não é fácil, mas a água da vida nos faz mudar
de visão, sai então a visão carnal limitada e surge ao longo do amadurecimento
da vida cristã a visão espiritual ilimitada. “Como sendo tu judeu pedes de beber a mim que sou samaritana?” (Jo
4.9) Para a samaritana carnal tal união era impossível, mas quando ela passasse
a experimentar a Água da Vida, toda barreira seria quebrada.
Onde Está o Deus dos adora – (dores)? Em
primeiro lugar, o Deus dos adora- dores não é o verdadeiro Deus é apenas um
deus criado na imaginação daqueles que se vestiram de religião, mas nunca
beberam na fonte, não nasceram de novo, logo escutam vozes estranhas, o que
ganha perece e o fim será gritar: “Profetizamos tanto em teu nome, em teu nome
expulsamos demônios”, a resposta é uma só: “Nunca os conheci”, dirá Jesus. (Mt
7.22)
Em
segundo lugar, esse deus é fruto da tradição cultural, logo seus produtores
são como violões com apenas uma corda, só têm uma nota: o eu, eu, eu, só eu...
Assim,
os verdadeiros adoradores estão acostumados às sinfonias, o que é belo não é a
sua voz, mas a essência do seu trabalho, portanto na alegria ou na dor, mesmo
que o fruto da oliveira minta, que falte mantimentos, que tudo se acabe, eu,
porém, louvarei ao Senhor. Faça isso agora, aconselho você que pare agora um
minuto onde estiver e eleve seus pensamentos aos céus, direcione – se ao trono da
Graça e apenas adore, adore, adore... Esqueça passado, presente e futuro,
problemas, sonhos não realizados e adore, as demais coisas você verá: serão
acrescentadas, assim diz o Deus dos verdadeiros adoradores, Jesus Cristo.
Até à próxima!
André Silva.