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domingo, 9 de março de 2014


Sobre as Águas


Entre tantas vias de acesso, minhas mãos auxiliam as avenidas frias que o céu protege.

Entre os mangues, praças, arranha - céus e periferias, assim sou eu ligando o seu passado e o esplendor do seu amanhã
O vento sopra sobre mim o progresso, suporto o vai e vem e o peso de suas dores, reascendo as suas mais remotas lembranças. Sim, sou eu, sou ponte.
Entre o sol escaldante e as madrugadas frias de cada dia, eu estou lá acelerando o compasso da vida no vai e vem frenético e tão solitário de quem passa.
Ah se eu pudesse, Recife, crescer contigo como cresce a esperança desse povo que tu alimentas, me alegraria ainda mais, pois só eu sei cada história de luta e dor de quem passa por mim, por que sobre mim caem lágrimas, suor e sorriso.
Tu, Recife, não serias a Veneza, nem tua cultura seria notória se por mim tua história não fosse contada, teus rios não seriam os mesmos, porque sou tua ponte entre as águas mornas do teu Capibaribe e é sobre mim, de mim e por mim que a rede é lançada em tuas águas em busca de respostas.
Tu, Recife amado, não verias o galo passar, nem esse chão tremer na multidão que a ti saúda nos carnavais da vida, pois sou eu, ponte nova – velha, o teu eu- lírico ufanista.

Até à próxima!
André Silva.

*Texto produzido para o prefácio do livro da jornalista Andreia Souza em 2004.