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quarta-feira, 26 de março de 2008

Quem é o meu próximo?

Essa foi a indagação feita a Jesus e a todos que o rodeavam, para nós essa indagação sobrepuja tudo o quanto percebemos ao nosso redor e olhamos sem ver o que vemos dentro de nós mesmos, porque fora de nós, apenas medimos ou intercalamos limites para o próximo que nunca foi próximo e geralmente esquecemos o próximo que está perto, mas bem distante, e ficamos sem saber quem é o nosso próximo, simplesmente porque o nosso próximo transformou-se em interrogação, logo vem a pergunta: quem é o meu próximo?
Ao responder essa curiosa pergunta, Cristo mostra diante dos nossos olhos um personagem distante, mas bem próximo nosso, embora distante de nossas expectativas, porque aquele que geralmente faz o bem ao próximo não o vê, mas no intervalo de tempo em que alguém precisa de sua ajuda, o próximo já está dentro de si mesmo, ou seja, só enxergamos o próximo quando o próximo está dentro de nós e não ao lado.
Nessa direção, se observamos o próximo por esta ótica, contemplaremos com júbilo o segundo maior mandamento bíblico: “amar o próximo como a si mesmo”. Eis a razão de Cristo mais tarde dizer, que no fim dos tempos o amor de muitos se esfriaria. (Mateus 24.12) Ora, se o próximo não mora em mim, então não posso amá-lo, posso acariciá-lo, posso falar com ele todo dia, mas não sinto com ele suas dores, ele apenas é um alguém que vejo sem ver, porque se esse for o meu próximo, com certeza eu carregarei suas dores comigo. Cristo foi o maior exemplo disso, Ele morreu por nós, por que nós estávamos dentro dEle, então, quem é o nosso próximo? Olhe dentro de você e responda a pergunta.
Não quero com essa afirmação, propagar o assistencialismo já fadado em si mesmo, que prolifera mundo a fora com ofertas grandiosas de pão e dinheiro, até porque o assistencialismo também não enxerga e não sabe quem é o seu próximo, por também não sentir as suas dores, tem muita gente enganada com suas doações, pois doa alimento, mas não doa o coração. É necessário fazer como o bom samaritano, (Lucas 10.33) além de doar uma boa hospedagem ao ferido, ele mesmo tratou de suas feridas, por isso já está provado: os médicos que chegam mais próximos do paciente têm maiores resultados, os pais que assistem mais de perto seus filhos ganham mais respeito e confiança, porque não é apenas um brinquedo, nem uma receita, mas um olhar, um toque, uma fala, um gesto.
Quem é o meu próximo? Descobriremos isso na oração do Pai nosso, mas às vezes nos passa despercebido tanta coisa nessa oração, pois ela virou reza costumeira de palavras puramente repetidas e não uma conversa, um desabafo com o Pai, afinal: “que seja feita a tua vontade assim na terra como no céus”, mas qual é a vontade de Deus? Que amemos uns aos outros, que nós venhamos a fazer a vontade dEle aqui e agora, caso contrário, essa vontade não se estabelece nem aqui nem lá no Reino Celeste, então, se eu não enxergo meu próximo, como posso proferir essa oração? Se eu julgo, não vou com a cara, não suporto, então se torna pura hipocrisia fazer da oração modelo, minha oração diária, quando o dono da oração: Jesus Cristo, nos manda amar o nosso próximo, nele, com ele, por ele, pois sem ele, o meu próximo passa ser o meu umbigo, meu centro das atenções, mas o verdadeiro cristão o ama como a si próprio, porque assim pediu o nosso Pai que está nos céus, então amemos, mesmo sem vê-lo.
O que me deixa maravilhado com Jesus é que Ele não tem nenhum rabo preso com sistemas ou ideologias, culturas, crenças e opiniões, ao contrário, Jesus declara que o nosso próximo não é apenas aquele coitadinho a quem mandamos a cesta básica, nem mesmo aquele a quem temos dó, mas o nosso próximo também são as pessoas a quem nos odeiam ou odiamos, logo: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos maltratam, para que sejais filhos do Pai que está nos céus, pois se amardes os que vos amam que galardão tereis? Não fazem assim os publicanos?” (Mt 5.39-48) Com isso Cristo estabelece uma regra básica de sua pedagogia a qual desmantela todo esse sistema social que impera hoje: Se alguém não ama aquele a quem está vendo, como pode amar a Deus a quem não ver? (1ª João 4.20)
Para a sociedade, temos que amar aqueles que nos amam e sentenciar à “morte” todos aqueles que atravessam em nosso caminho, para a cultura que rege nossa sociedade, o nosso próximo é aquele a quem nos faz bem, é aquele coitadinho a quem devemos ajudar nas grandes campanhas contra fome para sermos bem vistos na sociedade e aplaudido por todos, mas não se engane! Isso é apenas “assistencialismo”, pra ser amor mesmo, o próximo tem que está dentro de você como uma dor que lateja.
Quem é o seu próximo? Sinta a dor dele e conhecerás, chore com ele e ficarás sabendo, permita-se doar, ame, perdoe, dê a sua outra face e descobrirás o seu próximo e com ele terás um grande galardão aqui e lá no céu junto ao Pai que o espera no reino dEle na glória, nos céus.

Até à próxima!
André Silva

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito