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sábado, 4 de outubro de 2008


Até que o corpo os separe




Onde estão o sentimento, as juras de amor e as promessas de viverem para sempre juntos? Muito se fala do declínio da forma de amar, da frustração, conflitos e contradições da forma de pensar; os livros de auto – ajuda têm lucrado demais tentando acender o que lá dentro está apagado, os psicólogos e analistas nunca trabalharam tanto para desvendar as causas de tantos relacionamentos em ruína, o sentimento tão almejado e embalado pelos casais declinam velozmente e com ele as crises, traições e o fim, por que será?

Para se responder tais questionamentos, é necessário embarcar na alma humana e perceber que há uma diferença substancial na cultura, formação física e psicológica dos homens e mulheres, eles trazem em si concepções pré concebidas no bojo de suas experiências. É na infância que tais conceitos são definidos já pelos pais e por sua pobre concepção cultural.

Nessa direção, os preparativos para chegada do filho são tidos como aquele que vai perpetuar o nome da família e nessa linha de pensamento o pai introduz a cultura construtivista de que o quarto deve ser preparado de azul e tons fortes, o pai ao tomar o filho no braço entoa a voz grossa da cultura masculinizada de que quanto mais forte e mais grave mais homem se é, afinal sensibilidade é coisa de mulher. O filho vai crescendo dentro de um espaço limitado, ele ganha força física com a idade, já os brinquedos são escolhidos necessariamente para representar sua força: bola, espada, revólver, são brincadeiras que não permitem a reflexão apenas a força: sim os homens vão crescendo fortes, viris, mas sem entender a beleza da sensibilidade, a leveza de um toque, um aceno com as mãos, o perfume e a alegria de se estar ao lado de alguém. Infelizmente o homem foi adestrado para ser sanguíneo, para se sentir feliz com os seus músculos, com sua performance na cama em sua virilidade que nunca pode acabar ainda que de sentimento nada tenha.

Por outro lado, há homens sensíveis, porém tachados de fêmea, há homens sensíveis e tão homem quanto os fortes, há homens sensíveis, porém mal correspondidos; os sensíveis tentam chamar atenção, mas a cultura os exclue.

Já as meninas, as meigas meninas são recebidas em tons claros e sensíveis, seus brinquedos são românticos e pedagógicos: uma boneca, uma casinha, são delas a missão de educar, amar e morrer de amor, são delas a percepção das coisas escondidas, o auto – reflexo e o olhar oblíquo de quem ver além, mas toda essa diferença entre eles pode ser explicada pela cultura neles enraizada.

Jesus foi homem e o mais sensível do qual podemos perceber. Quando criança seu brinquedo certamente foram as madeiras na marcenaria de seus pais adotivo. Aos doze anos não eram a espada nem a bola seus melhores passatempos, mas a Palavra de seu Pai: as Escrituras Sagradas as quais Jesus mergulhava de cabeça em lê-las com destreza, causando espanto nos adultos e doutores, os pais adotivos de Jesus: Maria e José o esqueceram no templo e retornaram no caminho para resgatá-lo e foram surpreendidos pela resposta daquele menino: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?”. Era na sensibilidade que ele queria crescer, mas seus pais adotivos não o entendeu. (Lucas 2.48-50)

Essa sensibilidade apontada aqui, nada tem a ver com feminilidade, mas com coração envolto as percepções humanas, de alguém que enxerga e ama além do corpo, mesmo assim os homens ainda estão aquém dessas características, porque enraizado está dentro deles o corpo e é na vivência e convivência que as diferenças aparecem. Os casais embalados pelas suas juras de amor embarcam no transatlântico da vida a dois e, marinheiros de primeira viagem, se enjoam após os primeiros meses, porque somos corpos, metáfora de nós mesmos, mas o que faz os homens se abobalharem diante um corpo? Mistérios do corpo como entender, se dele nos saciamos.

O homem por sua vez vomita sua sede pelo corpo tão desejado e alimentado pela cultura que o cercou desde pequeno, o quarto e as horas vagas viram apoteose de prazer sem sensibilidade, a mulher desejosa por um olhar, um toque, uma palavra é acordada do sonho pelo barulho e o balançar das águas e entende que ambos precisam agir antes que o navio naufrague.

Não quero com isso dizer que não existam homens fortes que já perceberam o quanto precisam virar sensíveis, sim muitos estão dando meia volta, porque a cultura que os criou nada tem a ver com a tarefa de casa que o mestre Jesus deixou para fazermos: “Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.” (Efésios 5.28)

Eis a razão de tantas contradições, os homens fortes vão entendendo no caminhar a dois que amor nada tem a ver com aqueles romances e novelas os quais os descrevem sobre um cenário paradisíaco e uma noite de prazer insaciável, que corpo não é tudo. É uma pena ouvir dessa cultura pós – moderna que “bunda e peito” dão prazer, é uma pena ver mulheres gastando quilos de cosméticos pra deixar tudo no lugar, ver homens se drogando com anabolizantes e comprimidos que agregados prometem um corpo potente, mas sem o gozo de um simples olhar, de um simples toque, do simples: “você me faz tão bem, você é importante pra mim, vamos vencer juntos”.

Com toda essa avalanche de informação a mídia bombardeia o jovem cristão que infelizmente só vem entender isso muito tarde. Desejoso pelo corpo adentra o quarto da lua de mel sem ao menos orar e agradecer a Deus pela vitória alcançada, sem ao menos trocar algumas palavras com a esposa, sem ao menos olhar no olho dela, sem ao menos perceber que ali está a sua própria carne e com a mente preenchida de lixo televisivo e cultural faz dos momentos mais sublimes um ato carnal, fazendo sofrer de dor o corpo e o coração de quem com sensibilidade esperava o amor de sua vida e ela em minutos se defronta apenas com um homem armado com os instrumentos da carne militando contra o espírito. (1ª Coríntios 2.11 – 16)

Infelizmente é assim que muitos casais cristãos começam: Ele satisfeito com o seu objeto de amor e prazer e ela insatisfeita com o corpo porque queria apenas atenção. Ele satisfeito com suas estatísticas do número de vezes que adentra o quarto e mede seu relacionamento com o seu desempenho na cama e todo orgulhoso sai para o trabalho sem ao menos perguntar se sua amada deseja alguma coisa. Ao mesmo tempo, ela chora em silêncio vendo seu amado virar-lhe as costas e roncar depois de um gozo que só ele sentiu e pergunta a Deus em oração: onde está aquele a quem ama a minha alma?

Enquanto o homem não se transformar por inteiro, de Cristo não nascer, essas características carregará consigo, está no cerne do seu corpo enraizado. É verdade que muitos cristãos até lutam para vencer essa cultura introduzida desde o berço pelos pais e entronizada na escola pela educação secular. compreendam mulheres, não é por maldade, os homens em Cristo tentam vencer esse estigma, mas leva tempo, por certo muitos deixam cicatrizes em suas amadas, mas não deixem de procurar a quem ama sua alma, (1ª Coríntios 13.4,7) o seu companheiro nascerá do misturar do barro nas mãos do oleiro, é nos desertos que Deus certamente o está preparando para jogá-lo lá, pois é lá no deserto, escola de Jeová, que o homem velho vira novo e fica sensível a tudo que está ao seu redor. É no deserto onde aprendemos que carne e espírito não se misturam são antagônicos entre si, que quanto mais carnal estiver, mais longe está a visão do homem para as coisas de cima, para o amor ágape de quem prometeu diante de Deus amar até que a morte os separe.

Mulheres, por favor, entendam que feminilidade e sensibilidade são conquistadas com caráter e não com corpo, sensualidade é o perfume do leito conjugal, é o sal da cama insossa.

Homens, por favor, entendam que com sensibilidade e espírito envolto em santidade o quarto em seus anos de travessia vira o cenário paradisíaco do mais belo momento de amor. E não precisa ser feminino pra entender isso, mas é preciso ter fé – menino para saborear o néctar da alma que nossos corpos carregam, é necessário ter Deus na vida para vencer a carne mesmo que de carne se alimente. (Gálatas 5.17)

Mulheres, olhem para si mesmas, deixem a idade passar, deixem o corpo enterrar o seu corpo, mas enxerguem pelo Espírito de Deus toda sua força e beleza que nunca se enruga nem envelhece, sim deixem vir a idade e o cansaço, nada disso é condição para não viver aquele romance tão sonhado se o espírito estiver alimentado, sim quebre o protocolo, mostre seu rosto, jogue fora a maquiagem e os produtos da ilusão, afinal pela lei gravitacional todo corpo tem que cair, mas em Cristo você tem a juventude e a força de uma águia a qual renova as penas e voa mais alto quando a idade vem. (Isaias 40.30,31)

Homens, Cristo os chamou das trevas do mundo para ser forte sem braços, para ser forte sem corpo, mas forte na graça e no conhecimento daquele que nunca deixará vacilar o teu pé, porque a maior força de Sansão não foi matar mil homens com um queixada de jumento, mas clamar a Deus, ainda que no fundo do poço, pedindo misericórdia e perdão pelos seus atos e ter a alegria e o prazer de ser atendido e com a força de Deus fazer a sua vontade. (Juízes 16.27-30)

Assim, é com joelhos no chão e os ouvidos sensíveis para escutar o que Deus tem para falar que o homem se tornará sensível em todos os sentidos e desse corpo cultural livre, comendo o que Cristo mandar, negando as ofertas do inimigo, afinal nem só de pão e corpo viverá o homem, pois dele somos apenas hospedeiros e forasteiros e por pouco tempo desse corpo, livre estaremos num só corpo, na glória com nosso Deus, (1º Coríntios 15. 51,52) mas depende de cada um o tempo que você levará para entender isso, faça já a sua parte, amadureça antes que o corpo os separe.


Até à próxima!

André Silva

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o texto, mas me surgiu uma dúvida.
Se o homem ficar renovado em Cristo, o sexo não deve existir entre o casal? ou existir apenas pra procriação? A sensualidade masculina e feminina de um casal casados é errado? A mulher não é só sentimento, não sente desejo físico pelo seu marido?

Um abraço
Ana Paula - CE

Unknown disse...

A paz do Senhor, irmã Ana Paula!

Em primeiro lugar agradeço sua paraticipação nese espaço.
Não sou especialista no assunto, na pele de escritor tentei pensar como as mulheres e colocar para fora o que no geral pensam os homens. Sempre quando escrevo não tenho intenção de generalizar, apenas argumentar sobre o asunto.
quanto a sua pergunta, penso que é meio polêmico devido a cultura que somos inseridos e separar as duas coisas é meio difícil.
Por outro lado, qual a intenção de um casal que serve a Cristo?
1. Será que tal casal pensa em aumentar as estatísticas de quantas vezes por semana estão em ato? Não
2. De locar filmes pra aprender algo diferente? Não
3. De achar que o relacionamento não vai bem porque não vai bem na intimidade? Não

Um casal que serve ao Senhor, antes se amam porque se completam e não porque têm corpos bonitos, poisse assim for a velhice vai ser sianld separação.
Homem e mulehr sentem desejos sim, pois biologicamente somos humanos, mas não é esse o foco principal.

Um abraço,
Em Cristo.

Silvio Araujo disse...

Amado André, não sei também como surgiu essa pramiação com o selo "Butterfly Award: for the coolest blog I ever know", O blog mais legal que eu já vi, mas dando continuidade ao que recebi indico o seu blog.

Pela relevância na blogosfera cristã, e pela parceria estabelecida, indico esse tão abençoado blog ao selo "Butterfly Award: for the coolest blog I ever know". Por favor, visite o blog Vêde os Campos para as intruções para aceitação do selo.


http://vedeoscampos.blogspot.com/

Anônimo disse...

Querido André, a paz.

É bem verdade que no mundo atual onde estamos inseridos, vemos acontecer com frequência uma troca dos valores quando o assunto é homem ou mulher e isto tb tem afetado os relacionamentos.
O que esperar dos relacionamentos baseados na cultura distorcida apresentada hj, onde as mulheres aparecem em capas de revistas seminuas e com os seguintes dizeres "Garçom, me traz uma dessa.", ou ainda, quando avaliamos os homens como "um pedaço de mal caminho". Observamos então que o foco real das relações estão baseadas numa satisfação pessoal e totalmente individual. A relação conjugal tem que ser além de apenas algo que venha proporcinar um momento de prazer. Tem que ser além do corpo.
Para que seja bem sucedido uma união - há necessidade de três coisas. Corpo, Alma e Espírito. Com esta junção já podemos ir mais longe. Tendo unido estas partes - passamos a pensar de maneira diferente - passamos a ver com outros olhos, pq a pessoa que poderá vir preencher nossa vida não é simplesmente composta por um corpo e sim, corpo, alma e espírito. As necessidades mudam. Pq? Agora temos o objetivo de satisfazer e não de simplesmente estar satisfeito, temos o objetivo de fazer alguém feliz e não apenas estar feliz. Daí sim, passamos a ver ao nosso lado não apenas um homem ou uma mulher e sim, o(a) companheiro(a), o(a) amigo(a), o(a) amante. Descobrimos o caminho mais lindo da vida, o real significado de amar alguém e de se sentir amado. Podemos sim descobrir as delícias da vida, e sermos realmente felizes, mas, teremos mesmo que batalhar, dar esta oportunidade a nós mesmos para sermos diferentes com a graça, com o amor e com o espírito.

Marcia.

Unknown disse...

A paz do Senhor, meu Amor!

É um prazer ter minha noiva aqui.
De fato, amar além do corpo não é uma tarefa fácil, pois a cultura que nos cerca na escola, na mídia cerceia muitas vezes nossa regra de fé.
Mesmo assim, vamos lutar como comunicadores da palavra de Deus e junto aos jovens instruí-los, assim, poderemos, pela conscientização, ter jovens mais amadurecidos e sisnsíveis.

Amo você além do corpo!
Em Cristo,
André silva