Uma árvore frondosa foi o meu abrigo por meses, sua sombra resvalava o frescor de uma tarde ensolarada, a brisa que abanava meu rosto me trazia lembranças e passei a viver contigo enquanto o vento soprava. Era uma árvore robusta, seus grandes galhos pareciam alcançar longe, o verde aveludado de suas folhas se quer poderia transparecer seus principais atributos e armadilhas. Todos comentavam, ao passar na estrada, sua formosura; aguardavam ansiosos os frutos que brotariam na sua própria estação, quanto a mim apenas me detive a sua bela aparência e serviço. Por certo tempo, as folhas começaram a se adornar de flores e deixar cair resquícios de sua verdadeira identidade, afinal: podem as tantas folhas esconder a origem dos seus frutos? É verdade que árvores como essa causa espanto e admiração, mesmo assim há nelas lições maravilhosas da qual deveríamos analisar.
Há árvores e árvores, cada uma delas com suas características e frutos, produto final e essencial de cada uma delas. Assim é a vida cristã e o cristão. O cristão é a árvore, a vida cristã são os frutos que só ela, a árvore, pode produzir.ixar cair resquícios de sua verdadeira identidade, afinal: podem as tantas folhas esconder a origem dos seus frutos? É verdade que árvores como essa causa espanto e admiração, mesmo assim há nelas lições maravilhosas da qual deveríamos analisar.
“O que vês, Jeremias? Vejo uma amendoeira! Viste bem...
Os homens são dotados de visão aguçada, tanto que só enxergam o óbvio. Já parou para pensar que as pessoas pouco reparam nos bons frutos? Entre as folhas se consegue ver beleza, serviço, habilidades e dedicação. Como somos bobos, essas flores que brotam entre as folhas podem ou não ser um engano, pois pela Bíblia o que mais evidencia uma árvore são os frutos, porém são para as folhas que mais olhamos, por isso quando saem os frutos os segredos mais ocultos se revelam.
“Pela árvore conhecereis o fruto”
Ai está: muitas e muitas árvores frondosas estão plantadas e firmes, não pelo adubo da graça de Cristo, mas por muita química agrícola e escondem nas folhagens um brilho estranho e um amadurecimento rápido demais para própria estação. As flores do seu adorno são espalhafatosas e sua maquiagem já anda pesada, tudo isso na tentativa de mostrar que seus frutos estarão robustos na próxima temporada. Seus galhos alcançam longe, posto que se esticam para ser vistos pelos homens, sua sombra já não ventila a verdadeira brisa nem a calmaria das verdadeiras árvores que num olhar, num toque, no falar transmitem paz.
Se pararmos para analisar, veremos que os frutos amadurecem devagar e no tempo, fora disso é fruto de carbureto que tem coloração sem brilho e seu gosto é diferente. Observe que ao amadurecer, as frutas exalam cheiro ao nosso paladar, mesmo assim, alguns se perdem e se enganam com perfumes pré – fabricados jogados sobre as roupas. Muitos escolhem pelas folhas o que a árvore tem: pela condição econômica, pela beleza externa, pelo cargo que ocupa e pelo serviço que prestam em comunidade e se esquecem de que mais cedo ou mais tarde as tantas folhas revelarão seus frutos.
Frutos têm tamanho natural, não crescem de forma avantajada e acelerada, afinal a vida cristã não é um estouro, é um nascer de novo de uma criança que primeiro toma leite materno para depois comer pão e carne. Já observou os tomates, cenouras, goiabas e mangas enormes? Observe bem no supermercado, são grandes demais, sua beleza é artificial e seu gosto traz consigo agrotóxicos enraizados na semente do seu caráter camuflada no adorno de suas belas folhas.
Produzir frutos é um processo natural da árvore e não uma exigência da estação. Por isso, preferem muitos viver de aparência, produzem frutos sem frutificar, queimando as etapas e o fim disso é desastroso, causa náuseas comportamentais, escândalos e atitudes infrutíferas, pois sem Jesus, o máximo que alguém consegue fazer é representar um personagem para que todos se agradem de seu desempenho, ele nunca é ele mesmo, visto que em Jesus o ser humano não tem medo de suas fraquezas e temores, pois sabe que é a Graça e somente a Graça o único remédio para a doença que assola a raiz, amarela as folhas e adoece os frutos. O homem em Cristo não tem medo se a Graça vai escavacar a terra, desnudar a raiz e revelar sua verdadeira procedência ou máscara, tão pouco, sofrerá com o ardor do remédio o qual queimará suas folhas para matar a praga escondida lá dentro, mesmo com sua bela e formal aparência; praga esta que vive alojada: taras e manias guardadas, pelejas, invejas, mentiras, amarguras, mágoas, ciúmes, loucuras, idolatrias, prostituições, tudo isso escondido entre as folhas.
Até quando as folhas serão o nosso adorno? Creio que até o dia em que se decidirem a Cristo e não a religião. Então, quando a chuva de Graça cair, não serão pulos, gritos eufóricos de glórias e aleluias que soprarão em nossas bocas, mas lágrimas de arrependimento, desejo forte de bradar: não nos abandone Senhor, “para onde iremos nós, se só tu tem as palavras de vida eterna”. Quando essa chuva cair, não serão os sons potentes, as belas vozes, a perfeita oratória e versículos bem decorados para seduzir e fazer chorar os incautos, porém será o grito de liberdade em Cristo de tudo o que se era e foi, quando agora é Ele, Jesus, o que será em nós.
Agora, depois de tratado pelo agricultor Jesus, podado e moldado pelo Espírito Santo da verdade, já não vejo somente as folhas frondosas, nem tenho como abrigo a sua sombra de ninguém, mas descanso debaixo da sombra do Onipotente o qual não me faz julgar, pois ele, Jesus, já foi julgado em nosso lugar e assim, conscientes de que continuaremos a ser falhos no caminho, a felicidade o brilho real de minhas folhas será vislumbrado de longe nas estradas da vida, pois estando verdadeiramente em Cristo, nova criatura seremos e estando nele, nenhuma condenação haverá, porque não andaremos mais segundo o mundo.
Assim, com nossa terra molhada pela chuva da Graça, daremos frutos na estação própria, teremos folhas para dar sombra necessária para abrigar nossos testemunhos; nossas folhas não serão medidas nem passarão por fita métrica, afinal o leite materno e o pão cotidiano da Palavra ajustarão as medidas e tamanhos com ordem e decência; mas não será a regra básica e fundamental da nossa fé, mas sim, estar ligado a Cristo, Oliveira verdadeira, onde qualquer galho como eu e você conseguirá frutificar a qualquer tempo entre as folhas ou não.
Até à próxima!
André Silva.