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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O mundo fantasioso dos cristãos conservadores!


Eu sou conservador. Sou cristão e um conservador teologicamente falando. Eu também me identifico com o conservadorismo político da tradição anglo-saxã. Admiro filósofos conservadores como Edmund Burke e Russel Kirk, além da rica tradição ortodoxa na teologia cristã.

O pensamento conservador é muito caricaturado. E, em parte, é culpa do “conservadorismo popular”. Mas não quero neste post escrever sobre as características do conservadorismo que abraço com entusiasmo. Neste texto quero falar do mundo de fantasias que alguns conservadores cristãos vivem. É, antes de tudo, uma crítica. Vejamos:

1. “O casamento é um ideal de felicidade”

Calma lá! A Bíblia em momento algum vende a fantasia que o casamento é um mar de felicidade e que casar virgem e/ou cedo signifique sucesso no matrimônio. Onde os conservadores cristãos estão lendo essa fantasia na Bíblia? O casamento, é claro, deve ser valorizado, mas sem vender a falsa ideia que casar nos moldes conservadores seja garantia de felicidade. Viver na promiscuidade não é opção para o cristão, mas a castidade não o fará mais radiante. Castidade é como matar um leão por dia. Se a “mortificação da carne” (Rm 8) fosse algo romântico não teria esse nome.

Casamento é relacionamento e não existe relacionamento fácil. O relacionamento é renúncia e entrega; dedicação e atenção. Quem disse que tais coisas sejam são básicas? É gratificante, mas não são tão simples como as quatro operações da matemática. O casamento é lindo e maravilhoso, mas não 24 horas por dia. O ideal de felicidade no casamento é um dos erros dos cristãos tradicionais. Seria essa fantasia uma espécie de autoajuda conservadora?

2. O foco demasiado em certos problemas em detrimento de outros

Li recentemente que um partido político (dito cristão) que diz defender os “valores da família” está brigando por mais cargos no governo. É fisiologismo puro. O fisiologismo é a “conduta ou prática de certos representantes e servidores públicos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum” (Dicionário Houaiss). O que adiante dizer que defende os “valores familiares” e agir como bandidos da riqueza nacional? Jesus chamaria isso de hipocrisia.

Não me esqueço de lembrar o “Escândalo dos Sanguessugas”, também conhecido como máfia das ambulâncias, que foi um caso de corrupção noticiado em 2006 devido à descoberta de uma quadrilha que desviava dinheiro da compra de ambulâncias. Vários deputados da Frente Parlamentar Evangélica estavam envolvidos no escândalo. Quem desvia dinheiro de ambulâncias é um assassino!

3. O país está debaixo maldição, pois as crianças não oram mais nas escolas!

O pensamento acima é bem comum entre os evangélicos norte-americanos. A “educação de orações” cabe aos pais e não ao Estado. Graças a Deus vivemos em uma democracia representativa e a democracia demanda que crenças e convicções sejam livres e exercitadas pelas famílias ou indivíduos e não pelas mãos do Estado. Isso não significa que o Estado deve banir a religião e suas manifestações tradicionais, ou seja, que já fazem parte da cultura de um país. Mas é exagero achar que “a não oração” em escolas públicas seja trágico. Trágico é uma igreja que não ora e hoje, infelizmente, é maioria.

Por: Guitierres Siqueira.

www.teologiapentecostal.com

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