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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Emocionados com os orixás

Por Gutierres Siqueira.
Um Moisés pós-moderno escrevia sobre a emoção de ver a expressão autêntica de fé no Bezerro de Ouro
Por Gutierres Fernandes Siqueira

Nesses últimos dias li dois textos que expressam bem a decadência de uma teologia protestante com complexo sociológico.  Em ambos, por coincidência, os autores comentavam a emoção que sentiram ao ver a expressão religiosa em cultos afrobrasileiros. Para os autores, a tolerância nasce quando você chora diante do culto alheio.

E eu choro com tamanha bobagem e hipocrisia.

A tolerância pós-moderna não é apenas o respeito pelo direito de culto para todos, a liberdade cúltica. Não e não, mas vai além! Agora precisamos apreciar qualquer manifestação do sagrado. Bom, o sujeito que não suporta nem a tia e nem a colega de trabalho, agora é simplesmente capaz de se emocionar com o primeiro deus animista da moda. Pura hipocrisia, mas que pega bem em uma roda de conversas na Vila Madalena.

Se Moisés fosse pós-moderno ele escrevia um texto emocionado sobre a "experiência autêntica" de se adorar o Bezerro de Ouro? Risos e mais risos. E Jesus, quem sabe, poderia ter sido menos bruto com os fariseus e não chamá-los de "filhos do diabo". Será que Jesus não enxergava que todas as "expressões de fé" são validas e equiparáveis se feitas com sinceridade? Ora, e quem disse que os fariseus não eram sinceros?

E os profetas que combatiam Moloque? Será que eles pensavam em manifestações religiosas “sem autenticidade” ou todas as crenças eram válidas? E por que Paulo era tão preocupado com movimentos judaizantes? Não poderia ter sido mais tolerante com esse diálogo interreligioso entre judaísmo e cristianismo? Ou Paulo percebia o óbvio: quando duas visões diferentes e opostas começam um namoro, logo uma das visões precisará ceder ao ponto de perder a própria identidade. Ora, todo casamento não é a formação de uma “só carne”?

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