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sábado, 30 de junho de 2007

Nos Braços da Amiga Solidão

Há muito tempo venho refletindo a cerca da dor, da separação, da angústia que tanto rodeia o ser humano, venho observando o crescente mercado de livros exclusivos para abordar os danos causados em nós pelo outro, observo também o quanto há de distorção, principalmente nas soluções trazidas na auto-ajuda dos livros de autores que nunca vivenciaram nossos conflitos interiores, mas se sentem habilitados em tratá-los, por outro lado, até agora, os amores mal - resolvidos e as tragédias as quais se inserem como fuga da realidade, analisa-se e diagnostica-se com uma distorcida resposta: solidão. Então, seria a solidão ofensiva ao ser humano?
Infelizmente, se levarmos em consideração a cultura latino - americana, veremos que desde pequenos, somos ensinados com afinco o tema da vitória, somos impelidos a ganhar sempre, ser o segundo lugar é o mesmo que ser o último, os elogios é pra quem está no topo e não para quem se esforça, reflete e caminha, da mesma forma, com essa mesma cultura, fomos ensinados a conquistar a felicidade como um troféu, como uma nota escolar e no campo, na quadra ou no campo dos sentimentos fracassaremos se não tivermos a mesma trajetória dos que já venceram, existem para muitos uma fórmula mágica e isto é tão real que recorremos a quem quer que seja por uma solução aos nossos problemas. As cartomantes riem de nós, os signos do zodíaco, já fadado em sim mesmo, cansaram de repetir nos jornais as mesmas previsões, mas não enxergamos ainda, pois o caminho para se conseguir a felicidade é grande e árduo, por isso, acreditam muitos, precisarem sempre de um empurrãozinho da sorte, das cores, da lua, do sol, mas nunca paramos para refletir o que de fato está faltando.
Observando por este prisma, quando o Aurélio nos responde o que venha ser solidão, muitos não entendem, portanto é “Estado de quem se acha ou vive só”. Se você analisar melhor o contexto, o estado de solidão não é a exclusão de companhia, o Aurélio não diz isto, não é um isolamento depressivo, ao contrário, muitos casais se beijam, mas vivem solitários, dividem a mesma cama e muitas vezes a felicidade não se estabelece ali, logo o conceito dado pelo dicionário não é esse, pois excluiria a vontade soberana do criador que disse: “Não é bom que o homem esteja só...”, é bem verdade que sozinho nascemos, fomos acompanhados em nosso crescimento, mas as descobertas foram feitas a sós: a primeira queda, o primeiro levantar, o primeiro beijo, a primeira paixão e toda vez que descobrimos algo sozinhos, vibramos como se fosse mais um ponto adquirido na escola da vida, ninguém é feliz quando o outro descobre por nós, ninguém se sente bem sendo parasita, somos obstinados a conquistar todo o caminho o qual nos foi dado, por outro lado, vencer para muitos ainda é conquistar, entretanto os mais maduros já perceberam que vencer é perder às vezes.
Nessa direção, excluímos a solidão de nossa lista de amizades e não percebemos o quão amiga ela é, não só no momento de lágrimas, mas também no momento de alegria e plena felicidade, até por que poucos param para refletir no bom momento, acreditam que a felicidade se auto sustenta numa coluna de ferro para sempre e quando a chuva vem, o ferro se desgasta e corrói o que antes era sólido e sem abrigo, ficamos com medo, porque nunca fomos ensinados a conversar com ela, manter um diálogo com a solidão, porque se auto - conhecer, é buscar em si respostas que outros nunca nos darão, pois cada problema é único, ninguém sofre igual, ninguém chora igual, ninguém é feliz igual e ainda que tenhamos um tema para cada um, todos terão reações diferentes, por isso se gasta tanto dinheiro com analistas, psicólogos e remédios e os problemas continuam, cansamos a vista para saber qual a roupa que devemos usar, o perfume, o número da sorte e tudo continua igual, tudo isto por que não temos a cultura da reflexão, da tomada de posição - contra, do encontro conosco a sós, por que nossa cultura ainda alimenta a falácia de que ficar a sós e fazer análise de nós mesmos é solidão e solidão é ruim, é desastroso, é angustiante e depressivo.
Ainda que estejamos bem, devemos adotar a solidão como amiga e companheira, pois no gozo não se reflete, apenas deixa acontecer, nas maravilhas da emoção, o que vier e depois se machuca, quando já é tarde e o que vem nesse após não é solidão, é ressaca de tanto porre de emoção acostumada, que pra tratar demora, dói, causa dores existenciais e suicídios, tudo por que não adotamos a velha conversa ao espelho: “o que queres de mim? O que estás fazendo? É esse o caminho pelo qual deves percorrer? Ao contrário, buscamos sempre saber do outro que posição devemos tomar diante de nossos objetivos, quando a resposta está em nós e não no outro, porque o outro tem objetivos diferentes, embora estando debaixo do mesmo tema. Mas é necessário saber: ninguém consegue dialogar com a solidão se não é capaz de amar a si mesmo.
Ao acordar num dia tão feliz de minha vida, refleti:

__ Preciso me encontrar a sós comigo mesmo...

E ao me olhar no espelho da vida, vi meu passado e muitas dores, mágoas escondidas e ri de tudo isto e me alegrei com tanta dor acumulada e ao conversar sobre meu presente, verifiquei que estou comento erros gravíssimos, olhando pra mim disse:

__ Preciso voltar ao começo de mim e me refazer por inteiro, ainda tenho muito a acrescentar ao mundo e aos outros, tenho ainda um punhado a mais de felicidade acumulada para semear aqui e agora, portanto não posso deixar que um casmurro se instaure em mim como uma segunda pele sem a minha permissão, preciso me abraçar mais com a solidão que chega de mansinho, carinhosa, pois ela me entende, me deixa ser o que sou, me deixa sentir o que quero, me deixa amar, a solidão me deixa pensar por mim e escolher sozinho o que quero sem precisar me trancar no quarto e me esconder, pois a vida é pra ser vivida.

Ao terminar o diálogo, tudo mudou, aquele ser feliz saiu mais ávido, mais determinado a buscar, a ser, a pedir desculpas, a chorar, a rir, a abraçar, a amar e bem mais consciente de mim e, sem tomar porres de emoção, pude fazer consciente o que deveria ser feito, porque na emoção o máximo que eu conseguiria seria um momento de prazer como um algodão doce, daqueles quando o vento bate, diminui como um bolo de chocolate com cobertura de chantilly que logo enjoa e esse prazer temporário o qual almejamos no agora é rápido e só satisfaz o corpo, enquanto a alma continua aprisionada e insatisfeita, gerando com isso, angústias, frustrações, medos, traições, embora sabemos que o já é gostoso, mas quem disse que tudo que é gostoso é bom e satisfaz? Aquilo que acende os nossos olhos de espanto, beleza e nos tenta a desejar, pode ser uma armadilha, a armadilha do corpo, dos olhos, do sorriso, mas com a solidão ao lado a tentação foge, porque passamos a analisar com calma:

__ O que faço? Será que me dará pleno amadurecimento, me engrandecerá enquanto pessoa? Ou será mais um prazer em curto prazo?

Vale a pena aconchegar-se a solidão, vale a pena tê-la como companheira nas horas de alegria, pelo menos, ela não usará a mascará de amor agindo como amante, traindo os nossos sentimentos, nem mesmo irá querer tirar proveito de nossa situação, antes ela vai jogar limpo, vai ser transparente, não nos dará vinho de emoção, nem o gozo é o seu presente, porque sabe muito bem que a felicidade mora no após de nós mesmos e que sem tomada de posição contra, sem reflexão contínua de si mesmo, continuaremos a nos embriagar e nos enganar, por isso, não morra para a vida, senão não valeu a pena você estar aqui, não valeu a pena ter fé em Deus, não valeu a pena colocar um sorriso no rosto diante do espelho ou mesmo calçar aquele sapato que você tanto queria, portanto saia daí, viva, tem um mundo lá fora esperando por você, essa tristeza com cara de Amélia arrependida não é solidão, viva, ame, descubra-se, mas antes reflita, mesmo alegre, para não se machucar outra vez e se houver dificuldades, Deus é fiel e não lhe dará pedras acaso você peça pão. (Mateus 7.9)
Sendo assim, viva a felicidade consciente e a solidão que nos proporciona essas belas paradas em nós, por nós, conosco no outro, pelo outro, para podermos a qualquer momento olhar no olho, sem medo de dizer: sou feliz em mim, contigo e também a sós, por que a felicidade se faz presente da mesma forma que a solidão, por isso amo a mim e a ti, independente de ti, de outros, alegro-me na felicidade, porque não é uma mera conquista, mas um espaço garantido por mim e toda vez que a solidão me chama, a felicidade me abraça e saímos de mãos dadas os três, sem medo, por refletir sozinho o que quero, o que gosto, fazendo sem mágoas, sem rancor, sem embriaguez emocional, sem a frieza racional, mas consciente no meu ser em ser, por ser feliz comigo, no outro, feliz.

Até à próxima!

André Silva

terça-feira, 26 de junho de 2007

Aquietai-vos!

Porque sofre o homem? Ao olhar a trajetória humana é possível observar seus medos e todos os meandros que circundam o percurso de sua história. Daí então, entender nossos medos e frustrações também nos leva a responder tal pergunta, embora há diversos tipos de sofrimentos, mesmo assim a maneira como reagimos desmistifica esse processo lento e complexo de tantas lágrimas e ansiedade em busca por uma vitória diante dos dramas que enfrentamos.
Nessa direção, ainda que tenhamos tantos problemas a resolver, precisamos, pela Palavra de Deus, buscar uma alternativa para aniquilar essa dor pela raiz, esse passado que ainda se aloja com amarguras em nossos corações, as culpas de nossas falhas cometidas, os perdões que precisamos distribuir e que a tanto tempo inflaciona esse sorriso levemente cínico para aparentar nossa respeitosa reputação, precisamos reverter nossa dor e amargura em bênçãos, necessitamos já de restaurar nossa dignidade contra essa frágil reputação mascarada. mas existe um remédio para isso, então abra sua Bíblia, a Palavra de Deus e veja o quanto sua dor e preocupação é mínima diante do Deus que você tem.
Seria possível me deter em muitas passagens para explicar o quanto somos dramáticos diante dos problemas e quanto, devido a ansiedade, acumulamos rugas e murmurações sem saber as possíveis soluções debaixo dos olhos de nossa fé, portanto:

“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia; pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares; ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza; há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do altíssimo; Deus está no meio dela; não será abalada; Deus a ajudará ao romper da manhã; as nações se esbraveceram, os reinos se moveram, ele levantou a sua voz e a terra derreteu; o Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio; vinde, contemplai as obras do Senhor que desolações tem feito na terra; Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança, queima os carros no fogo; aquietai-vos e sabeis que eu sou Deus, serei exaltado sobre as nações, serei exaltado sobre a terra; o Senhor dos exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Salmos 46)

Quantas vezes, num cume de nossa ansiedade, buscamos resolver os problemas com nossas próprias mãos; quantas vezes, com a cabeça enorme, você acaba dizendo o que não deveria; quantas vezes, na pressa por uma resposta, você buscou outros refúgios e subterfúgios para acalentar o seu ego; quantas vezes, sem saída, suas lágrimas disseram que já era o fim, mas saiba de uma coisa: Deus é o nosso refúgio. É bem verdade que em primeiro plano buscamos um conselho de alguém, buscamos apelar a simpatias, a rogar a tantas pessoas, entretanto, quando descobrirmos que existe uma fortaleza, um socorro bem presente e real, sofreremos menos. A questão é Aquietai-vos!
O homem ao longo de sua história virou inimigo do tempo, o imediatismo barateou a nossa fé, e assim, a transportamos em vias marginais, em rios que não desembocam no mar, dizemos que temos fé, embora por agir dessa forma, não a colocamos em prática, portanto se torna sem efeito e causa, gritamos e ninguém nos responde, tudo isso por que tentamos buscar refúgio e fortaleza em lugares onde seguramente não há, mas agora Deus está dizendo a você, Aquietai-vos e sabeis que eu sou Deus.
Aquietar-se aqui no texto reflete a dependência a qual devemos ter dEle, afinal ainda que se abale a terra, ainda que os montes se transportem para o meio do mar, ainda que te digam que não há mais solução, que é o seu fim, mesmo assim Ele te diz: Eu sou o teu refúgio, Eu estou com você, estou vendo tudo, nada passa desapercebido diante dos meus olhos, aquietai-vos e sabeis que Eu sou Deus.
O que dizer diante dos recursos financeiros que acabaram; o que dizer diante da morte; o que dizer diante de uma enfermidade que se alojou silenciosamente e que agora explode num tumor; o que dizer ao perdermos quando queríamos ganhar; o que dizer diante da traição que nos golpeou sem um aviso prévio. Ah, são tantas coisas sem explicação, são tantas dores para justificar nossas murmurações constantes, quando o nosso refúgio e fortaleza, Jesus Cristo já visitou o túmulo de um homem em estado de putrefação com quatro dias de morte e o trouxe a vida, o verdadeiro refúgio e fortaleza, o nosso Deus visitou a Ana, uma mulher estéril, e a ela deu um filho, nosso refúgio, nada mais é que aquele o qual acalma a tempestade, cessa as guerras, corta o laço e quebra a lança do forte, não existe algo impossível a Ele, mas muitas vezes o diminuímos, pois queremos tudo agora, queremos uma solução agora; talvez você não entenda que a dor pode confinar na libertação e ai mora a cura de nossas soluções: esperar o desenrolar da história é deixar que Deus decida por nós.
O que Deus decidiria por você? E o que você decidiria por você mesmo? Ponha na balança e veja o resultado. Valeria a pena esperar na salvação do Senhor ou é melhor agir por conta própria? Eis o motivo de tanto sangue derramado, de tantas injustiças, quebramos tanto a cara pelos nossos passos ansiosos, por conta de nossa pressa e por buscarmos outros refúgios somos traídos por nossa própria fé, quando deveríamos dizer: Senhor eis-me aqui, o que fazer? Será que ao pedir pão, Jesus lhe dará pedra? Esse Deus que está mais vivo que você, esse Deus que nem dorme, nem cochila já fez os leões virarem travesseiro para um filho dEle dormir, esse Deus já passeou na fornalha de fogo com três jovens obedientes a Ele e nem mesmo os seus cabelos saíram com cheiro de fumaça, esse Deus grande já abriu o mar, fez cego enxergar, falou para tempestade: aquietai-vos e ela cessou, foi o único que venceu a morte e ressuscitou, não existe ninguém que possa dizer: foi me dado TODO O PODER, não existe ninguém que possa dizer: EU FAÇO, EU SOU, EU POSSO, esse é o único e verdadeiro refúgio e ainda você continua a dizer que não tem saída, nem esperança? Auto lá, aquietai-vos!
É preciso entender que as lágrimas de hoje serão as alegrias de amanhã, o que Jesus faz hoje só saberemos depois, é necessário entender o percurso do rio, é preciso entender o trabalhar de Deus no além de nós, é preciso entender que Ele quer escrever a nossa história, então aquietai-vos!
O que seria melhor: Você continuar escrevendo as linhas tortas de sua história ou deixar sua vida ser escrita por aquele que é o refúgio das nações, o nosso Deus, Cristo Jesus? Como seria sua vida se você se permitisse ser cuidado, observado e dirigido pelo seu Criador, mas também como continua sendo sua vida na sua própria direção? Entenda, Jesus não precisa de nós, Ele continua Deus sem nós, mas nós não somos nada sem Ele, se o mundo deixar de existir, mesmo assim, Ele continua sendo o Eu Sou Com os amigos aprendemos um pouco, nos decepcionamos às vezes, com os sub – intermediários e os supostos refúgios que cerceiam nossas crenças, continuamos os mesmos, continuamos com nossas mesmas dores, aquele que um dia foi mortal, de carne e osso jamais poderá ser uma fortaleza nos momentos de angústia, os signos do zodíaco, as cartas de tarô, os búzios, as simpatias, as tantas repetições poderão até nos enviar a algum lugar, pode até se maquiar de esperança, mas quando você buscar única e prioritariamente por Ele como refúgio, quando ele chegar na sua causa, quando Ele lhe visitar no leito de morte, quando Ele bater seu martelo e decretar, pode ter certeza, a vitória sua. Mas antes, aquietai-vos!


Não fique triste se a resposta ainda não chegou, Ele sabe de tudo, não se entristeça acaso você não veja agora o que tanto queria, Ele tem poder de transformar maldição em benção, porque o tempo é dEle, acima do tempo Ele mora; Jesus nem se apressa nem chega atrasado, ele só chega na hora certa; não se lamente se você vir todo mundo ganhando, se você vir todo mundo feliz, aquietai-vos! A felicidade sem Deus é apenas um gozo rápido e aparente; se suas forças estão acabando, aquietai-vos! Deus não lhe dará um peso que você não possa carregar, porque Ele é justo, portanto não tenha pressa pela resposta, não tenha pressa para vencer, deixe sua vida nesse momento ser guiada pela direção dEle, do jeito dEle e não mais do seu jeito, crie ansiedade para buscar a Ele, Jesus o seu refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia, da maneira descrita por Ele em sua Palavra, a Bíblia veja lá como é, deleite-se em buscar, você achará águas tranqüilas, mergulhe nesse oceano, reserve um tempo para conversar com Ele a sós, leia, a resposta está lá, ponha – se de pé, Jesus quer falar com você, deixe que Ele seja seu confidente e chore aos seus pés. Amigo(a) não precisa fazer nada, não precisa mover uma palha, não precisa fazer nenhum sacrifício, nem penitência, apenas espere Ele agir, porque Ele trabalha para aquele que nEle espera, somos a menina de seus olhos, Ele pelejará por você, creia, espere, aquietai-vos!

Até à próxima!
André Silva


sábado, 23 de junho de 2007


Antes SÓ do que BEM acompanhado

A escolha é, antes de mais nada, o combustível essencial ao veículo o qual nos conduzirá a nossa felicidade, por isso não conseguirei, nesse artigo, esgotar as possibilidades de argumentação em relação ao submundo da escolha, porque dentro dela há vários seguimentos nessa dimensão que é a vida humana, sendo assim, promover solidão não é minha proposta aqui e sim dizer ao meu leitor que suas escolhas aparentemente perfeitas poderão brotar raízes amargas no fim.
És ai o maior problema “inter” - pessoal e por que não intra, se observarmos ao nosso redor, há mais reclamações do que gozo, muitos choram, outros se trancam em quartos e dentro de si mesmos, já outros disfarçam e compensam sua falsa alegria em analgésicos, estimulantes e psicotrópicos, tudo isso por culpa da nossa escolha.
Geralmente estamos escolhendo e mal. Escolhemos uma roupa para nos sentirmos melhor, escolhemos amigos porque eles se identificam conosco, escolhemos ser livres para nos sentirmos orgulhosos, escolhemos o emprego, não pela necessidade e dom, mas para manter vivo o ego já falecido das dificuldades econômicas da vida, escolhemos um Deus que se identifique conosco e atenda a todos os nossos caprichos, escolhemos alguém para caminhar de mãos dadas conosco para satisfazer o padrão exigido pela cultura local ou mesmo, porque essa pessoa cabe dentro do curriculum vitae já traçado no nosso desejoso e egoístico sonho.
Para manter vivo o padrão estabelecido pela cultura, passamos a escolher mal através de dois fatores: o olhar e o orgulho.
Primeiro quero explicar o que é padrão e penso nem precisar, está muito óbvio. Há uma necessidade em pensar: “aquilo que foi bom para o outro pode ser bom para mim”, quando as pessoas através desse olhar não enxergam o abismo na frente, por outro lado as experiências vivenciadas por outros nem sempre me trarão combustível para fazer meu sonho andar, uma vez que ninguém pensa igual, ninguém chora, ri, sacia-se, nasce, morre, beija e ama igual, sendo assim, as experiências que outros possam acrescentar em nós, podem até me dar um alerta para as pedras soltas no caminho, mas não necessariamente nos deixará prontos para ultrapassar todas as barreiras desse caminho. (Provérbios 16.25)
Nessa direção, nosso olhar geralmente se debruça na janela do desejo, que por sua vez é traiçoeiro. Ora, o traiçoeiro não avisa quando vai dar o bote, muitas vezes aquele que menos esperamos nos entrega ao cárcere, porque o desejo é um veículo o qual transporta apenas um passageiro: a emoção e geralmente o nosso olhar é desejoso e por tabela ansioso, quando a ansiedade gera a busca e a busca gera a conquista e da conquista nasce o orgulho e de orgulho alimentamos nosso ego. É para satisfazer nosso ego que buscamos olhar no horizonte alguém com um curriculum vitae tal qual se enquadre dentro do que estabelecemos como padrão, porque o padrão já foi imposto tão sorrateiramente sem percebermos o mal injetado lá atrás nesse olhar torto e desejoso, quando antes deveria ser reflexivo, vagaroso e oblíquo.
Só é cego quem não quer enxergar, só escolhemos amar alguém se esse amor trouxer em si um curriculum compatível com nossas exigências, caso contrário não serve, não alimenta, não faz feliz nem faz meu sonho andar, muitas vezes olhamos desejosos a procura desse amor e assassinamos ele em detrimento de um padrão cultural ou um padrão já estabelecido por nós: negro, branco, alto, baixo, rico, pobre, experiente ou iniciante, novo ou mais velho, sério ou brincalhão... Nosso olhar, fomentado pelo nosso orgulho, combustível para alimentar o nosso ego é o medidor de como vai ser a qualidade desse caminho o qual iremos trafegar de mãos dadas, olhamos com fita métrica o amor tão desejado, por isso tenha certeza, se você usou fita métrica para escolher alguém para essa caminhada, antes você estivesse só do que bem acompanhado, porque teimamos em fazer o caminho oposto, o caminho de pedras parece árduo demais, construir deveria ser a ordem, apanhar as pedras do caminho e construir o castelo para sonhar dentro dele deveria ser o desejo, mas antes muitos querem pular as pedras, porque no caminho há beleza, há charme, há poesia, há beijos calorosos, há sonhos e ambições, há gozo, há soluções e tudo isso ansiamos para sempre, mas quando no fim do caminho encontramos o castelo tão desejado não conseguimos entrar nele, pois as pedras as quais pulamos no caminho se acumularam na construção do castelo de tal forma que se torna insuportável olhar para o sonho sonhado com os olhos do desejo, por isso a separação é inevitável, porque as rosas também têm espinhos e só enxergamos tarde demais. (Eclesiastes 3)
Porque temos preguiça de construir? Queremos tudo pronto, como se Deus fosse obrigado a nos entregar a casa, a mobília, a empregada, o emprego e o amor tudo num pacote e a cada dia acordarmos isentos de qualquer trabalho, quando esquecemos que amar requer esforço, braçadas de paciência e tolerância, uma dose de hora extra nas noites de rotina, uma dedicação a mais nas folgas e feriados, pois o castelo do amor não tem como salário a auto - realização, e se tiver, antes você estivesse só, porque para estar bem acompanhado mesmo, não basta só bater no peito e dizer: tenho o amor que queria e desejei, mas antes é preciso dizer ao outro: temos uma estrada cheia de pedras para caminhar, vamos colher as pedras juntos? (1ª. Coríntios 13)
Quem ainda usa fita métrica no olhar de suas escolhas, pode até pular de felicidade, pode andar de mãos dadas pelas ruas, rosto ao vento, declarando -se sortudo por ter encontrado a pessoa ideal, pode lembra-se de agradecer a Deus, achando que Ele deu esse presente a você, porém saiba, Ele não nos dá um presente, mas um esboço para transformamos em obra de arte, para lapidarmos ao gosto dEle, pois se for ao nosso gosto, ficará sem brilho esse amor declamado nas cartas e buquês no dia dos namorados, ficará ofuscado quando as pedras do castelo começarem a desabar na primeira tempestade, porque nossa preguiça diária não sente vontade de aprender a consertar o telhado desse castelo cheio de goteiras, a vontade dessa nossa preguiça é somente mudar de castelo, acreditando que ao mudar estamos resolvendo o problema, quando na verdade estamos apenas transferindo mais pedras para o novo castelo. (Mateus 19.6)
É melhor estar só do que bem acompanhado, quando parecemos com orgulhoso Golias diante do pequeno Davi se achando o vencedor, na ilusão de que relacionamento é um mar de rosas e não é, se não houver renúncias e se juntos não buscarem soluções dia a pós dia, nem mesmo aquele corpo belo, aqueles olhos azuis e beijo ardente segurará esse relacionamento. Às vezes não deixamos Deus escolher por nós, não deixamos Deus opinar, nos achamos maduros demais e quando o olhar bate: é aquilo e pronto! Igual a Sansão que tinha n possibilidades de ser feliz se não olhasse sozinho, (Juízes 14) só por que se achava forte e maduro, quando na verdade somos sempre fracos diante das inúmeras armadilhas que um corpo ou a vida podem oferecer, somos fracos e só nos tornamos fortes a cada pedra cimentada desse castelo construído no dia a dia e no além de nós, só ficamos fortes quando diante das tempestades nos abraçamos e choramos juntos os problemas, quando a solução já nasceu na união calorosa dessas lágrimas, no olhar sincero entre os dois, no abraço forte, mesmo sem forças, no beijo ardente de eternos namorados que as pedras começarão a se encaixar de volta, o telhado será revestido com uma telha mais firme, caso contrário, antes estivéssemos a sós do que bem acompanhado, pois sem isso a dor final é mais dolorosa. (Eclesiastes 11.1)
Sendo assim, se for apenas para olhar, medir com nossa fita padrão e achar que tudo estar bem, que já achamos a pessoa certa sem aprendermos juntos a apanhar as pedras do caminho, é melhor estar só do que bem acompanhado. Se for para explodir de desejo diante um corpo e perfil num curriculum exigido por você que o seu ego fomentou por muitos anos ter em mãos, é melhor estar só do que bem acompanhado, pelo menos sozinho, quando a tempestade chegar será mais fácil se proteger, a sua fita métrica não ultrapassará limites, juntos já não há fitas métricas, por que as medidas não acontecem, cada um constrói a paciente busca do outro, com fitas há padrão nessa busca, tornando imperfeito o castelo sonhado, sem fitas ambos regaçarão as mangas para medir os momentos, passando a amar as diferenças a partir da construção de nós e do outro e quando a tempestade e a rotina vierem os braços estarão fortes, um apoiando o outro, mas se houver fitas, cada um apontará as falhas do outro sem trabalhar, será um eterno resmungo de um castelo fadado à rotina e ao abandono, por isso, aprenda a escolher, a olhar e refletir as suas escolhas junto com Deus, o maior arquiteto do sentimento humano, não ame o padrão, busque construir a cada dia o outro em você ou melhor será estar só do que bem acompanhado.


Até à próxima!
André Silva

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Quando a Culpa é sempre uma Desculpa
Ao debruçar nossos olhares na janela da vida, passamos a não compreender e a se perguntar o porquê o ser humano anda tão aflito, amedrontado, atônito, nervoso e cada vez mais omisso em relação ao meio que o cerca, diversas indagações são feitas ao longo tempo sem resposta, pessoas agem inesperadamente causando espanto e espasmo, enquanto a mídia, a cada dia, aborda temas relevantes trazendo terapeutas, psicólogos, artistas e socialites, vomitando soluções para os nossos grandes conflitos interiores, sempre apontando como desculpa um “bode expiratório” sendo o causador do problema e assim seguimos nossa trajetória como agentes “omissos-ativos”, afinal o mundo está por desabar sobre nossas cabeças, por culpa do outro, do meio, da situação e nunca por culpa nossa.
Nessa janela a qual nos debruçamos todo dia, nos deparamos com situações íntimas as quais nos ensinaram que os psicólogos têm a fórmula mágica para curar nosso tédio, falta de amor, intransigência e aquela depressão que chega de leve e nos chama ao suicídio; tudo por que somos preguiçosos, não gostamos de olhar nos espelhos da vida e fazer comparações, se estamos no caminho certo ou não, somos negligentes com a nossa vida que ao invés de pararmos e traçarmos um projeto agradável, preferimos ser egoístas ao querer tudo para nós, negligentes com a sociedade que espera de nós uma semente de bom fruto, negligentes com o outro o qual deveríamos amá-lo incondicionalmente, somos negligentes com a natureza que chora pelos nossos maus tratos e tanta fumaça capitalista e lixos nas ruas, negligentes com o sentimento quando aprendemos ironicamente a brincar com ele e pior ainda: somos negligentes com Deus por nos enchermos de tanta religiosidade, de tanta prece, tantos cânticos sem refletir o Deus de amor em nossas vidas.
Mas de quem é a culpa? Nessa mesma janela a qual todo dia vemos a banda passar, indagamos: a culpa é do vizinho chato que não me dá um bom dia, a culpa é da polícia que não protege mais, a culpa é do político que rouba nosso dinheiro, a culpa é da amante que estragou meu casamento, a culpa é do gerente que não explicou os juros embutidos da poupança, a culpa é do professor quando meu filho é reprovado, a culpa é da lei que anda branda demais, a culpa é do diabo, pois, segundo a Bíblia é ele quem manipula esse sistema. E nós, com que parte da culpa ficamos?
És ai um grande problema: vivemos a todo tempo debruçados na janela da vida, somos atores ativos nessa história, mas sempre nos omitindo e mentindo pra nós mesmos, jogando a culpa, no tempo moderno, na carne que é frágil e no pecado, afinal, se somos pecadores, estamos propensos ao erro e acabamos usando isso como desculpa para encobrir nossas falhas, porque sempre somos os coitadinhos, os fracos, mas na hora da ação, na hora de magoar, na hora de odiar, na hora de cometer o delito, na hora de fazer o que Deus não se agrada não tomamos partido, se esquecendo do livre-arbítrio que temos e de Deus que jamais nos terá como inocente e coitados se fizermos a coisa errada, por que Ele sonda os corações. (Apocalipse 22.12)
Adão, por que estás nu? A culpa é da mulher que me deste. Mulher, porque fizeste isto? A culpa é da serpente que me enganou. E essas foram e são nossas desculpas diárias por esquecermos da resposta de Deus, nosso justo juiz, que não pedirá ajuda de ninguém para julgar nossas causas, nem permitirá que alguém nos defenda, “pois cada um dará conta de si mesmo a Deus, todo joelho se dobrará e toda língua confessará.” (Romanos 14.12; Isaías 45.23; Apocalipse 22.23).
A resposta de Deus para as nossas desculpas não será outra. E disse Deus à serpente: Maldita és... E disse Deus à mulher: multiplicarei grandemente a tua dor... E disse Deus ao homem: maldita é a terra por tua causa, com dor comerás todos os dias de tua vida... (Gênesis 3) Receberemos justiça como resposta, porque a justiça de Deus é do mesmo tamanho de seu amor, porque “O Senhor é tardio em irar-se, e de grande poder, e ao culpado de maneira alguma terá por inocente”. (Naum 1.3)
Todos os dias observamos isto na janela da vida, então, até quando vamos continuar a culpar o meio e o outro? Até quando vamos ser negligentes sem conseguir dizer não àquilo que prejudicará nossa comunhão com Deus? Até quando vamos transferir a culpa de tudo ao que aparece em nossa frente e não criar coragem de dizer: Deus, me perdoa, a culpa foi minha.
Por isso vivemos chorando o leite derramado, nos trancando em quartos escuros e procurando livros de auto - ajuda e terapeutas para nos curar, quando uma única atitude diante de Deus resolveria: sinceridade e obediência. Preferimos escutar os artistas prostitutos com seu modelo profano de vida, buscamos os psicólogos em consultórios frios, nos deixando dependentes deles e da química dos estimulantes, porque não exercitamos nossa fé de que Jesus, Aquele que tem todo poder, possa nos libertar de todo o mal, por isso culpamos com desculpas o presente e futuro, sem nos desculpar com culpa do passado de nossas atitudes, porque sempre temos uma desculpa-decisão para tudo, por orgulho nos desculpamos para não ficar por baixo, somos tão frios às vezes que acabamos colocando a sujeira debaixo do tapete nessa desculpa - descarada para aliviar nossa dor, nessa desculpa - alegre para disfarçar nossa hipocrisia e nesse jogo de omissão nos esquecemos que ao plantar cebola vamos colher cebola e não maçã.
Se continuarmos assim, escutaremos de nosso Deus: O que fizeste? Então, não adiantará usar desculpas, porque, mesmo fracos também temos, diante das circunstâncias, liberdade para dizer não ao erro, por isso não adiantará transferir a culpa, pois sendo Jesus exclusivamente dotado de onisciência e onipresença, sabedor de todo nosso pensamento e ações, ficaremos sem desculpas diante dEle no grande dia que já se aproxima, também não vai adiantar rogar misericórdia a ninguém por nossas culpas e desculpas, por desobedecer tanto às Palavras dEle em prol de tanta tradição sem renúncia, (Marcos 7.8-13; Colossenses 2.8) pois Jesus é soberano, ele faz o que Ele quer, manda e não é mandado, não é mais uma criança, está sentado no trono como Deus amoroso e não mais como filho, mas como justo juiz e executará uma resposta de justiça as nossas omissões, as nossas cegas verdades, a nossa falta de amor, a nossa fria e sistemática religiosidade sem obras e renúncia. (Lucas 9.23) Pense bem: meça suas atitudes, comece agora dando meia volta, concilie-se com Deus, diga não diante das desculpas e omissões, mesmo sabendo que somos falhos, assuma uma postura de quem pode decidir a não fazer o que não convém, para que no futuro não fiquemos a nos esconder como Adão, mas de peito aberto diante de Deus a dizer: posso ser fraco, mas com tua graça na minha vida posso vencer a carne, o mundo vil, as tentações sem culpa e desculpas.


Até à próxima!
André Silva.