Fé – menino
Está faltando homem no mundo, dizem as mulheres em busca de um amor, embora essa afirmação recaia sobre a alegação de que parte dessa classe tenha aderido à homossexualidade, já outros acreditam que homens existem muitos, mas homens de verdade são raros. A questão é simples, o discurso machista e mal interpretado das Escrituras Sagradas deu vez a uma série de desentendimentos, separações e retrações sobre o desejo de amar. A submissão da mulher ainda mal compreendida por muitos a fez esconder dezenas de abusos e maus tratos por parte dos seus maridos a quem prometeram na alegria ou na dor estar lado a lado, quando a alegria reprimiu-se na esperança de que o seu homem vivesse tal papel, não de forma masculinizada e sim fé – menino.
“Essa será para mim carne da minha carne, ossos dos meus ossos” disse Adão, portanto nenhuma representação masculina caberia nesse discurso e sim uma mistura macho e fêmea que se integrariam e se completariam ambos conscientes de seus papeis. Embora, a superposição masculina retraiu no homem ao longo dos anos sua capacidade de amar ou de compreender o que é o amor e isto decorre do contexto de aculturação social. Ensinaram o homem mandar, mas não lhe ensinaram a didática do diálogo, logo “Eu sou o cabeça, eu mando”. Por outro lado, aprisionadas pelo pensamento de baixar a cabeça sem o direito de opinar, a mulher aceita tal submissão como forma de prêmio, afinal onde ela encontraria um marido que a suprisse materialmente, socialmente e fisicamente?
Nos séculos XVII e XVIII as mulheres não podiam opinar, só sabiam contar até cinco e a ela foi lhe dada a atribuição de cuidar apenas dos filhos e da casa. Em contrapartida, no século XIX a mulher encontra-se com a leitura de folhetim que a liberta de seu cativeiro, então passa a sonhar com príncipes encantados e com o homem a quem ansiava seu coração, trazendo outros desdobramentos sobre o que seria submissão, se valeria apena apanhar, ser vítima de maridos frios, grosseiros e adúlteros para sustentar socialmente o título de casal perfeito.
O homem por sua vez, compromissado em ser o supridor do lar, se esqueceu em ser o supridor da mulher. “Essa é para mim carne da minha carne” Todos os anseios que o homem sentisse em carne estariam também embutidos nela, são da mesma natureza. Antes preferiu ele deixá-la com um papel menor e passivo e ao deitar ela seria apenas um depósito para aliviar suas tensões, quando sendo da mesma carne ela também mereceria ganhar em troca ou em dobro a mesma disponibilidade e submissão que ela se dispôs em estar ao lado dele, porém ganhou frieza, grosseria e incompreensão a ponto de muitos maridos nem mais respeitarem as regras de sua mulher deixando claro que amar na forma mais masculinizada possível seria um simples deitar como se o amor em sua forma plena mantivesse uma posição horizontal, quando a falta de sensibilidade em perceber que existem trocas de carinho mais profundas e agradáveis que um simples deitar, acabou por trincar a relação a dois e angustiar a mulher a quem prometeu diante de Deus amar até que a morte os separe, quando separado dentro do mesmo teto já se está desde o dia que se perdeu a sensibilidade e a compreensão do seu real papel “carne da minha carne” e se intitulou superior a própria carne sua sem se emparelhar, sem combinar, sem dialogar, sem perceber, sem ter fé – menino.
Nessa direção, por volta da década de oitenta a mulher vai tomando espaço na sociedade e no mercado de trabalho, atividades destinadas a homens agora são dirigidas por mulheres e hoje não se imagina que elas fiquem de fora, algumas decidem só engravidar muitos anos depois e se dopam com medicamentos sem perceber das deformações ocasionadas no futuro com sua saúde uterina, abdicou a educação dos filhos pela sua independência financeira, sua carreira de sucesso vem pesando nos ombros, pois enquanto se milita por uma posição ao sol, os filhos estão entregues à programação banalizada da TV, as babás sem formação cultural e aos amigos na escola. Por outro lado, muitas solteiras que tentam a independência a todo custo precisam saber que tal posição não pode ser maior que o seu amor e submissão, “carne da minha carne”, por isso muitas vezes não é só o homem culpado pela relação ruir, a mulher independente ou melhor com ego inflado pode não ser capaz de trocar de marido, mas é capaz de deixá-lo para ficar com emprego acreditando na garantia de sua estabilidade como sustentáculo de vida, quando a vida sem amor e companheirismo é mais fria que o cemitério. Então querida mulher, vale apena mesmo ser independente?
André Silva
Um comentário:
Muito bom o blog!! Parabéns!!
Postar um comentário