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quinta-feira, 25 de setembro de 2008


Ide: e os paradoxos do pregai




















(Fonte:http://chargesprotestantes.blogspot.com)

No estrugir da trombeta, os últimos dias têm sido um alavancar de números de uma profecia que não mente jamais: “as portas do inferno não prevalecerão”, (Mt 16.18b) justificativa honrosa para tal crescimento, porém a dimensão dessa ascensão trouxe em si muitas implicações, contradições e conflitos, mesmo que na boa intenção de comunicar, estejamos indo sem ensinar, reunindo sem ir e sendo na contramão do ser sem ser, então o que está acontecendo com o ide?

Num dos maiores momentos de ascensão da igreja, nunca se teve um cenário tão propício para se divulgar o nome de Cristo e o seu Evangelho. O número de templos, o seu tamanho e arquitetura desenhada quase que exclusivamente para uma platéia cada vez mais exigente ou mesmo pela justificativa de que nunca se viu tanta gente se render aos pés de Cristo, motivo maior para aumentar as instalações. Por outro lado, além do número crescente de igrejas, as músicas executadas de acordo com o grupo e, claro, a pregação da Palavra cheia da unção de Deus ou das malícias dos cursos de oratória prontas para emocionar os ouvintes sem causar nenhuma transformação para dentro do ser.

Após a descida do Espírito Santo, nosso consolador, tudo mudou, os mesmos homens os quais seguiam Jesus, até mesmo os apóstolos mais chegados tiveram suas vidas interiores modificadas, pois antes eles iam ao ide, porém cheios de intenções, dúvidas, receios e disputas por cargos. Em contrapartida, um dos amigos íntimos do mestre foi sincero ou intencionado ao dizer: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos; que ganharemos?” (Mt 19.27) provando que entre esse Pedro ao lado de Jesus o tempo todo, mas preocupado ainda com as coisas daqui, agora depois de provar do Espírito Santo o mesmo profere: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. (Atos 3.6) Há dois ides aqui, todos dois seguindo seu trajeto natural de ir, porém as intenções são diferentes, as preocupações e objetivos olham para lados opostos, motivos pelos quais explicam o inchaço, o sal insípido, a luz debaixo da mesa, portanto dependendo do ide, o pregai pode sair pela culatra.

Qual será o nosso ide, sim qual será? Permita-me uma pergunta e só responda para Deus: qual é o seu ide?

Quando observamos a transformação em todas as pessoas as quais se preencheram do verdadeiro mover do espírito, o solo seguro da graça passou a ser a única estrada para levar esse ide, não mais as estradas que levavam ao topo do conhecimento de Deus (teologia), num Nicodemos sábio por fora, seguidor de todas as leis e regras comportamentais as quais o deixavam quite diante do grupo religioso, mas sem saber e provar o mais simples: o novo nascimento; não mais as estradas do ibope, nem mesmo as estradas da manipulação de um ide aberto em cada esquina com suas contradições e meninices teológicas, nem os ide – vindo que cansados de ir ficaram dentro das quatro paredes no apoteótico desfile de top – ovelhas, destilando novos modismos, egoísmo e as mesmas preocupações do velho – homem – Pedro: o que ganharemos?

Por outro lado essa mesma estrada, proporcionada pelo Espírito Santo a qual fez Pedro utilizar o discurso mais simples que uma platéia pode experimentar e quase três mil almas se agregaram e receberam a Palavra de bom grado, simplesmente por eles estarem preenchidos do Espírito Santo e juntos creram e tinham tudo em comum, (Atos 2.42-47) razão pela qual a igreja caiu na graça de todo o povo. Com isso percebemos algo indiscutível: O ide com o Espírito Santo retira nossas velhas intenções e nos dá uma só intenção, vai, como disse o senhor a Jeremias: “Eis que na tua boca ponho as minhas palavras, pois eu velo sobre elas para cumprir”; ainda que pelejem contra ti, ainda que leis sejam forjadas para fechar os teus templos e calar a tua voz é e somente é através da ação do Espírito Santo de Deus que esse ide terá efeito, pois a mão do senhor não está encolhida para que não se possa salvar, por esse motivo Pedro e muitos até hoje têm sido modificados lá dentro por Deus para alcançar tal mérito.

Nessa mesma estrada sem a atuação do Espírito Santo dentro do homem, o ide alcança vidas, toca as pessoas na pele, emociona sem alcançar a divisão do espírito, faz crescer a igreja em números, porém mantém um povo caminhando obeso, sem a marca e os frutos que o identifica como discípulo do mestre, porém com sua própria grife e identidade. Sim, é nessa mesma estrada que o ide se faz ou nós fazemos o ide, é na estrada da vida o diferencial, mas a vida se ainda cheia do velho homem vociferando lá dentro, mas todo santo por fora danifica esse verbo e o transforma em obrigação, quando cheio e revestido do Espírito Santo, com a cara e o sotaque do mestre Jesus, faz ele ser não uma ordem, mas um prazer.













Quando vejo mais de um milhão de pessoas em Pernambuco saudando o galo da madrugada, a multidão nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro ou mesmo a grande multidão acompanhando a padroeira do Brasil na cidade da fé em São Paulo, sem contar os países não alcançados, povoados, índios e tantos bêbados, drogados e os “sem oportunidades” que perambulam por nossas calçadas, posso afirmar que o nosso ide ainda parece estar cercado de outras intenções, com os garranchos do mundo, com alguma coisa do velho homem.

Com isso, não quero aqui ser generalista ou radical, mas também não podemos dizer que a mão do Senhor encolheu para salvar, na verdade o defeito está em nós, então eu e você precisamos refletir e pedir ajuda a Cristo para nos modificar e nos usar como arma, porque pregadores já somos, a palavra já foi empenhada por Deus de que o inferno não prevaleceria contra nós, mas o que está faltando? Por que falamos e não vemos os sinais? Por que estendemos a mão e o enfermo não sai curado, o coxo não anda, o cego não vê, o morto não se levanta, o demônio não sai? Afinal, os sinais não acompanham aos que crêem? Dizemos que cremos, mas cadê os sinais? A questão é: os sinais são raros, pois em seu lugar ficaram as palavras, a frieza, a boa oratória, o formalismo, a disputa pelo cargo e o não viver o que se prega.

É bem verdade que ao compasso do crescimento houve a necessidade de doutrinar, por puro zelo, as cartas de Paulo provam que mesmo reunidos os cristãos deixaram entrar pela porta da frente não alma sedentas, mas modismos, havia outras igrejas que recebiam de Paulo um parabéns, vocês estão cheios do ide de Deus, enquanto outras recebiam cajado, porque o ide estava cheio dos homens, mas como o objetivo era sempre o de buscar o que se havia perdido, salvo alguns frutos que faziam estragar os demais, o ide foi manejado a cajado, mas cheio do óleo da graça, afinal somos barros que se racham ou se quebram nas calçadas do engano, porém se reconstroem e se enchem do poder de Deus depois de amassado pelas mãos do oleiro.















Ide e ensinai a todas as nações, (Mt 28.19) ide e pregai por todo mundo, em outros momentos, o ide foi o verbo mais urgente: “ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel”; (Mt 10.6) “Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas” (Mt 22.9) “Ide à cidade a um certo homem e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo” (Mt 26.18) “Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos”, (Lc 10.3) mas também “Ide, apresentai-vos no templo e dizei ao povo todas as palavras desta vida”, (At. 5.20) porém a compreensão desse ide está em Lucas 24. 32,45 – 49, pois só havia efeito quando do alto fossem todos revestidos do poder de Deus, porque antes era apenas a grande indagação e paradoxo desse ide: “E eles espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito”, e se nem o seu mestre conheceram, nem mesmo tendo ardido as palavras em seus corações, havia uma grande estrada de ilusões, egoísmo, pretensões e muita fragilidade (Lucas 24.37) pois sabiam que sem o mestre Jesus para curar, expulsar demônios, ressuscitar mortos e transformar adúltera em missionária era algo impossível, por isso os corações estavam perturbados, seus anseios limitados pela busca capitalista de Judas, seus pensamentos recheados das incertezas do manhã, quando não deveriam estar preocupados com o que comer e vestir, mas buscando só o reino, assim parecemos quase estar, como eles, cheios de incertezas e temor.

Ide, sem nenhuma utopia, porque não há utopia em Deus, mas desejo de que toda alma seja salva, que os mortos vivos entre nós se levantem pra cumprir o ide, que a geração de Jezabel, mesmo sem dar ouvidos e distorcendo a Palavra venha reconhecer o amor do Salvador.

Que eu reconheça, Senhor minhas falhas e incertezas, me jogue em suas mãos e receba do teu Espírito Santo poder do alto para assim pronunciar de forma simples e corajosa o teu ide. Que possamos, caros leitores e irmãos, nos desfazer do velho homem que ainda ruge lá dentro, mesmo que, por fora, estejamos transvertidos de santo, desfaçamos das nossas indiferenças com o outro para sermos unânimes, perseverarmos e mostrar ao mundo a diferença entre o justo e o injusto. Sintamos então a dor de quem, já no inferno está, por nossa omissão diária e, sentindo, possamos na igreja e fora dela deixar a religiosidade farisaica de lado para sermos cobertos pelo sangue de Jesus afim de, pela atuação do Espírito Santo em nós, com as suas ferramentas a nós emprestadas, vencer o mal e libertar o povo desse cativeiro cultural e mundano o qual se encontra. Clamemos a Deus por almas como fizeram Jônatas Edwards, João Wesley, Jorge Whitefild, Christmas Evans, Carlos Finney, Carlos Spurgeon e tantos outros anônimos entre nós nos vagões do metrô, nos ônibus lotados, nas ruas em sol ou chuva das pequenas campanhas de evangelização ainda hoje, anônimos nas diversas repartições públicas, faculdades, local de trabalho, Peça a Deus agora, levante – se, tire o fardo que o deixa cego e ide.

O que ganharemos? Se com nossas intenções, apenas galardão aqui mesmo e certamente: “Apartai-vos de mim, vós que praticai a iniqüidade”, mas se transformados pelo Espírito Santo, sendo imitadores de Cristo nessa estrada cheia de pedras no caminho, ganharemos cem vezes tanto e herdaremos a vida eterna. (Mt 19.29)

Até à próxima!

André Silva

5 comentários:

Unknown disse...

Irmã Graça, Paz do Senhor!

Gostaria que a irmã pedisse oração por mim na igreja poruma questão especial que está em andamento na minha vida.Deus sabe de tudo.

Em Cristo,
André silva

Anônimo disse...

A paz do Senhor.
Grande refexão irmão. Nós precisamos urgentemente nos levantar e obedecer ao ide de Jesus. Que pena que os cultos missionários estejam cheios de frases de efeito, e sem efeito pronunciamos as mesmas frases. Misericórdia Senhor!
Sem mais estaremos sim eu, meu esposo e filhos orando em seu favor. E o irmão sabe que quem pôe a mão no arado ñ pode olhar para trás. É em meio as lutas que Deus nos mostra seu poder, e embora sejamos fracos somos fortalecidos no Deus Forte. Estamos esperando a próxima postagem, que muito nos ajuda espiritualmemte. Em Cristo, Graça Souza

Pod papo - Pod música disse...

Os cultos chamados de "culto ao ar livre" hoje perderam espaço para as grandes marchas para Jesus. Quando eu utilizo o termo "culto domestico" que era bastante conhecido pelos evangelicos antigamente, hoje parece uma expressaõ bizarra para os "novos crentes". Precisamos obedecer a Deus, temos que pregar o evangelho da maneira que Deus quer e não da maneira que mundo quer o que o mundo gosta!

Beijinhos!

Unknown disse...

Paz do Senhor, irmã Juliana Pires

De fato, os cultos ao ar livre foram deixados de lado devido a correria e agitação da cidade grande, assim como as acomodações de alguns crentes, embora aqui no nordeste, exclusivamente em Pernambuco temos ainda tais cultos realizados pela campanha evangelizadora.
Mas, oremos a Deus para que a consciência dos irmãos ardam por almas.
Obrigado pelo privilégio do seu primeiro comentário aqui.
Em Cristo,
André Silva

Silvio Araujo disse...

Amado André,
Paz do Senhor


Parabéns pelo excelente comentário.

Indiquei seu blog para merecidíssimos três prêmios da blogosfera e espero que os aceite.

Passe em meu blog e veja como proceder.

Deus o abençoe!